Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 15 de março de 2012

Na real, Jammil renova seu repertório sem sair do nível ralo do axé populista

Resenha de CD e DVD
Título: Jammil na real
Artista: Jammil e Uma Noites
Gravadora: Som Livre
Cotaçao: * *

♪ Jammil na real representa ponto de renovação na discografia do Jammil e Uma Noites, grupo baiano que segue a trilha do axé baladeiro, de olho no público jovem que curte o gênero. A renovação vem primeiramente do fato de a banda agora incorporar um segundo nome na linha de frente. A partir de Jammil na real, o cantor e compositor Levi Lima passa a ficar sob os holofotes - e na capa do CD e DVD postos nas lojas pela gravadora Som Livre com produção de Yacoce Simões - ao lado do baixista Manno Góes, mentor do Jammil. Tal renovação na imagem do grupo é complementada pela salutar opção de apresentar em Jammil na real doze inéditas gravadas em estúdio - fato já bissexto no calendário da axé music. Contudo, apesar de o repertório inédito incluir ao menos uma ótima música - Colorir papel (Levi Lima), dona de melodia tão simples quanto cativante - esse novo cancioneiro no todo se mostra insuficiente para tirar o Jammil do nível rasteiro do axé de cepa mais populista. Vale destacar também a agalopada Mil poemas (Manno Góes) e Tapa pandeiro (Levi Lima e Rubem Tavares), ensolarada e ufanista ode à efervescência rítmica nacional, valorizada pela participação de Daniela Mercury. A propósito, outra estrela do axé - Ivete Sangalo - põe seu brilho a favor do Jammil, mas a música, O povo inteiro (Levi Lima e Manno Góes), soa mais trivial, embora perfeitamente ajustada ao perfil baladeiro da banda. A rigor, músicas como Dom de se dar (Manno Góes) e  Banho de amor (Levi Lima e Rubem Tavares) - temas jogados na praia do pop reggae - reiteram a tendência trivial do som do grupo. Que recebe César Menotti & Fabiano em Terra da paz (Manno Góes, César Menotti e Nilson Franco), faixa que relaciona clichês sobre Minas Gerais e Bahia - terras da dupla sertaneja e da banda, respectivamente - em mix pop de axé com sertanejo. No fim, a balada Na real (Manno Góes e Levi Lima) destila romantismo banal em sintonia com a maior parte do repertório, alvo de clipes toscos para gerar DVD, subproduto dispensável deste, apesar de tudo, renovador CD de inéditas do Jammil. Na real, o projeto vale apenas por Colorir papel, bela música com cacife para permanecer por muitos anos e gerações nos roteiros de shows do gênero rotulado como axé music.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Jammil na Real representa ponto de renovação na discografia do Jammil e Uma Noites, grupo baiano que segue a trilha do axé baladeiro, de olho no público jovem que curte o gênero. A renovação vem primeiramente do fato de a banda agora incorporar um segundo nome na linha de frente. A partir de Jammil na Real, o cantor e compositor Levi Lima passa a ficar sob os holofotes - e na capa do CD e DVD postos nas lojas pela gravadora Som Livre com produção de Yacoce Simões - ao lado do baixista Manno Góes, mentor do Jammil. Tal renovação na imagem do grupo é complementada pela salutar opção de apresentar em Jammil na Real doze inéditas gravadas em estúdio - fato já bissexto no calendário da axé music. Contudo, apesar de o repertório inédito incluir ao menos uma ótima música - Colorir Papel (Levi Lima), de melodia tão simples quanto cativante - esse novo cancioneiro no todo se mostra insuficiente para tirar o Jammil do nível rasteiro do axé de cepa mais populista. Vale destacar também a agalopada Mil Poemas (Manno Góes) e Tapa Pandeiro (Levi Lima e Rubem Tavares), ensolarada e ufanista ode à efervescência rítmica nacional, valorizada pela participação de Daniela Mercury. A propósito, outra estrela do axé - Ivete Sangalo - põe seu brilho a favor do Jammil, mas a música, O Povo Inteiro (Levi Lima e Manno Góes), soa mais trivial, embora perfeitamente ajustada ao perfil baladeiro da banda. A rigor, músicas como Dom de se Dar (Manno Góes) e Banho de Amor (Levi Lima e Rubem Tavares) - temas jogados na praia do pop reggae - reiteram a tendência trivial do som do grupo. Que recebe César Menotti & Fabiano em Terra da Paz (Manno Góes, César Menotti e Nilson Franco), faixa que relaciona clichês sobre Minas Gerais e Bahia - terras da dupla sertaneja e da banda, respectivamente - em mix pop de axé com sertanejo. No fim, a balada Na Real (Manno Góes e Levi Lima) destila romantismo banal em sintonia com a maior parte do repertório, alvo de clipes toscos para gerar DVD, subproduto dispensável deste, apesar de tudo, renovador CD de inéditas do Jammil. Na real, o projeto vale apenas por Colorir Papel, bela música com cacife para ficar anos nos roteiros de shows de axé.