Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Ana referencia Madonna no erotizado clipe de 'Libido', feito com requinte

Resenha de clipe
Música: Libido (Ana Carolina e Edu Krieger, 2013)
Artista: Ana Carolina
Direção e edição: Ana Carolina
Produção: Santa Therezinha Filmes
Cotação: * * * 1/2

Ana Carolina pode não ter comido (ainda) a Madonna, mas deglutiu influências da cantora e compositora norte-americana no clipe da música Libido (Ana Carolina e Edu Krieger), posto esta semana em rotação na internet. Ana referencia Lady Madonna - hábil na manipulação de códigos eróticos por entender que sexo está ligado à música desde que o pop é pop - neste vídeo de clima erotizado, filmado com apuro. Música de #AC (Armazém / Sony Music, 2013), álbum pautado por groove que diminuiu a dose de baladas no cancioneiro popular da artista mineira, Libido já tem entranhada nos versos uma alta dose de erotismo que se harmonizou com as imagens elegantes do clipe. Sob chuva de purpurina, a cantora e sete atores se beijam e se acariciam em várias partes do corpo enquanto o refrão martela a sentença da letra: "a libido está em toda parte". Sim, está - inclusive na obra pregressa de Ana, que já havia tocado em pontos g com a exibição no show Dois quartos (2007) de cenas de amor lésbico extraídas de filme feito pela modelo norte-americana Bettie Page (1923 - 2008). Embalada em imagens de beleza plástica, a liberação do desejo e das convenções sociais é a mensagem subliminar ouvida ao longo dos três minutos e 20 segundos do clipe de Libido. Sem ultrapassar a barreira da vulgaridade pornográfica, o clipe atiça questões ainda em voga em sociedade marcada por conservadorismo encoberto por capa de liberalidade. Nada que Madonna e que outros artistas já não tenham feito desde os anos 1980, década da MTV em que som e imagem passaram a ser indissociáveis, só que o clipe de Libido trata o assunto (sempre pertinente) com bom gosto.

22 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Ana Carolina pode não ter comido (ainda) a Madonna, mas deglutiu influências da cantora e compositora norte-americana no clipe da música Libido (Ana Carolina e Edu Krieger), posto esta semana em rotação na internet. Madonna - hábil na manipulação de códigos eróticos por entender que sexo está ligado à música desde que o pop é pop - referencia Ana neste vídeo de clima erotizado, filmado com requinte. Música de #AC (Armazém / Sony Music, 2013), álbum pautado por groove que diminuiu a dose de baladas no cancioneiro popular da compositora mineira, Libido já tem entranhada nos versos uma alta dose de erotismo que se harmonizou com as imagens elegantes do clipe. Sob chuva de purpurina, a cantora e sete atores se beijam e se acariciam em várias partes do corpo enquanto o refrão martela a sentença da letra: "a libido está em toda parte". A liberação do desejo e das convenções sociais é a mensagem subliminar ouvida ao longo dos três minutos e 20 segundos do clipe. Sem ultrapassar a barreira da vulgaridade pornográfica, o clipe atiça questões ainda em voga em sociedade marcada por conservadorismo encoberto por capa de liberalidade. Nada que Madonna e que outros artistas já não tenham feito desde os anos 1980, década da MTV em que som e imagem passaram a ser indissociáveis, só que o clipe de Libido trata o assunto (sempre pertinente) com bom gosto.

Felipe dos Santos disse...

Como se ela já não fizesse isso (discutir libido, repressão dos desejos sexuais) desde a polêmica dos vídeos sadomasoquistas e lésbicos de Betty Page, na estreia do show da turnê "2 Quartos".

Felipe dos Santos Souza

Mauro Ferreira disse...

Bem lembrado, Felipe. Vou incluir no texto. Abs, MauroF

Fabio disse...

Gosto muito de Ana Carolina, mas achei risível esse clip. Ela tenta entrar nessa onda mas fica meio trash. Ela não possui sex appeal, anda e se veste como a Dilma....fora que a música não é das melhores.

Leonardo Ribeiro - Personal Dancer - BH disse...

"A libido está em toda parte..."
Freud já dizia mais ou menos isso, ao ver o falo em tudo quanto há.
Como fã da Ana, posso dizer que a canção é muito diferente de todo o cancioneiro dela. Essa levada meio hip hop ficou interessante, apesar de não ser a canção que mais ouço no disco #AC. Quanto ao clipe, acho sempre bom trazer esse assunto à tona! E realmente trouxe uma fotografia muito interessante e elegante.
No dia 31 próximo estreia a nova turnê da cantora. Tudo indica que será quente e dançante. Vamos aguardar e ver quanta libido estará no palco com ela e na plateia com suas/seus fãs tão eufóric@s e apaixonad@s.

Muris disse...

Falar que a Ana não tem sex appeal é uma afirmação bastante pessoal, querido Fábio. Nem todos pensam como você. ;)

Muris disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Muito disso foi dito Mauro, mas na MPB, Ana é uma das únicas a tratar do assunto (sempre com muito bom gosto). Como já dizia Zé Ramalho, sexo é assunto popular, portanto sempre haverá muito o que se falar dele. Mas que o cd não é dos mais inspirados, isso não é. :)

Isabella disse...

Realmente foi filmado com requinte, as imagens estão maravilhosas e a idéia da chuva de purpurina no final deixou mais interessante ainda.

Tudo bem que os gringos faziam desde 1980, mas aqui no Brasil qual outra cantora de MPB dessas bem conhecidas faria na lata um vídeos desses com a cara e "coragem"? Só ela mesmo! Thank God for Ana Carolina. rs
Porque apesar das coisas estarem mudando aos poucos, existem ainda muitas pessoas que se chocam, se setem incomodadas e até se revoltam com uma coisa tão natural que é a sexualidade.

Acho que por ela se arriscar, fazer o que tem vontade e principalmente fazer tudo com verdade, é que cada vez mais ela atrai aqueles fãs que se interessam em conhecer melhor o trabalho dela, ouvir a discografia desde 1999 até hoje.

Salve Ana! Vida longa a ela e sua vontade de cantar, emocionar, atingir as pessoas de alguma maneira.

Vladimir disse...

Oi Mauro

Se entendi bem, não seria "Ana referencia Madonna no erotizado clipe de 'Libido', feito com requinte ?

Abraço

Mauro Ferreira disse...

Oi, Vladimir, tem toda razão. Eu ia usar 'inspira', mudei para 'referencia', mas esqueci de inverter os nomes das cantoras, reproduzindo o erro no título! Gratíssimo pelo toque! Abs, MauroF

Daniel disse...

Acho a faixa nao muito atraente, mas gostei do clip, achei bem ousado. Está dando o que falar sem apelar pra vulgaridade.

PS Sdds resenha oficial do #AC no blog haha

Estalactites hemorrágicas disse...

Oi?
A Libido está em toda parte, menos nessa música.

Ricardo Sérgio.

Unknown disse...

ANA arrazouu como sempre! perfeitaaa,e q moram os invejosos! kkkk DIVAAAAA

Unknown disse...

ANA arrazouu,ficou perfeitoooo,DIVAA

Rhenan Soares disse...

Se Caetano cantasse "Libido" ela seria cult, né? Mas porque é a Ana, uma artista popular, mulher e homossexual, aí é vulgar.

A imensa bolha do preconceito nacional. Preguiça eterna!!!

Quando a Ana lançou o "Dois Quartos", despretensiosa ao colocar um vídeo da DÉCADA DE CINQUENTA para compor o cenário durante o número da música "Eu Comi a Madona", por pura estética, o público e a crítica pueril de Minas Gerais trataram de alardear um atentado contra os bons costumes, já no lançamento do show. Se não me engano, Mauro, você chegou a cogitar, inclusive, que os vídeos sairiam de cena quando da ida para a estreia no Rio (Canecão, 2007), tamanho o faniquito de parte do "público".

Não saiu. Assim como, três anos antes, a machista "Eu gosto é de mulher" que, na voz da Ana foi imediatamente transformada em eco à liberdade afetiva e sexual - não saiu do roteiro de "Estampado" e foi endossada, ainda naqueles anos de turnê do show, por "Homens e Mulheres" ("Dois Quartos", 2006), então inédita em disco. Bem como os vídeos sensuais e eróticos de sexo lésbico explícito não saíram dos números de "8 estórias" e "Odeio" nos shows da efêmera turnê "N9ve" (2009'10), em resposta nada sutil às críticas do show anterior.

No início de 2011 o videoclipe de "Problemas" também trouxe a temática homossexual, num roteiro para lá de erótico e muitíssimo romântico, em versões "light" (YouTube e TV) e "hard" (bônus do DVD "Ensaio de Cores"). Mais gente teve que se mexer na cadeira e desviar o olhar.

Pois bem, começamos mais um ano e Ana continua não se preocupando. "Libido" fere todos os acordos tácitos de postura das cantoras-divas da MPB e o pobre entendimento semântico de "moral". Como que com o praxe de que tira algumas harmonias de violões, Ana se permite filmar o praxe que é a libido. Com homens, mulheres, um por um e todos juntos, ao mesmo tempo.

Portanto é, sim, ~ por demais forte simbolicamente ~ a composição desse clipe, além da ótima estética, por si só, e a competente produção e execução. Eu duvido muito que, quase aos 40 anos de vida e 15 de carreira, Ana Carolina tenha disposição para se aquietar diante da habilidade em contar e retratar o normal (sim, Dona Maria e Seu José, o normal) das possibilidades afetivas e sexuais, quando e como bem entender.

(Trechos de "Libido" comporão o cenário de "#AC - O show").

Fabio disse...

Que bom que críticos tem por vezes um distanciamento para avaliar uma obra que fãs não têm! Pelo que eu saiba Ana se define como bissexual, mas todos nós sabemos que isso é 50% da verdade.

Marcelo disse...

Desnecessário!!

Unknown disse...

Realmente, o vídeo lembra muito os trabalhos da Madonna da fase do álbum "Erotica" e livro "Sex", início dos anos noventa. Mas não supera.

Luca disse...

Ana continua apelando, tentando elogio de crítico mas só o Mauro cai nessa

André disse...

Mais do mesmo... Entediante até!

Wagner Hardman Lima disse...

Ai, brincadeira que estão achando essa fase 'pseudo erótica' de Ana uma inovação na MPB. Brincadeira, ne? Vão procurar a obra de Rita Lee, Marina Lima, Fátima Guedes que vão compreender o que é sensualidade e erotismo e não sempre isso precisa estar arreganhado numa imagem com uma letra que já diz tudo. Não, não precisa. Madonna fez, faz e fará porque ela pode. Ela é desbravadora por essência. É a essência e o melhor marketing dela. Mas, essa sensualidade forçada faz a mulherada pirar. Vi um show que Ana colocava o microfone na altura do ziper da calça e tentava rebolar (Cássia fez isso na turnê Acústico MTV), tirou uma calcinha da cintura e jogou (Wando, my brother) e depois distribui rosas enquanto cantava Rosas (Roberto Carlos).

Ana Carolina está perdida faz tempo. Uma hora quer compor e gravar parceira com um Paulo César Pinheiro, outra hora quer ser ícone erótico lésbico. Deixa ela. Eu já deixei. Baixou, ouço e deleto. Depois do 9Nove, o último suspiro.