Mauro Ferreira no G1

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sábado, 28 de janeiro de 2012

Baile 'vintage' do Paraphernalia chega azeitado ao disco, sem explosões

Resenha de CD
Título: Ritmo Explosivo
Artista: Paraphernalia
Gravadora: Pimba / Tratore
Cotação: * * * 1/2

Produzida em estilo vintage, a capa do primeiro CD do Paraphernalia - coletivo carioca criado em 2001 quando o guitarrista Bernardo Bosisio e o contrabaixista Alberto Continentino se juntaram com a ideia de fazer música dançante e instrumental - está em fina sintonia com o que se ouve nas 11 faixas de Ritmo Explosivo. Mesmo que soe contemporâneo, o som instrumental do grupo reverbera as tradições dos bailes capitaneados desde os anos 50 por nomes como João Donato, Ed Lincoln e - mais tarde - Lincoln Olivetti. Na formação perpetuada no disco editado neste mês de janeiro de 2012 pelo selo Pimba (criado por Leonel Pereda e Ronaldo Bastos como um desdobramento da gravadora Dubas), o Paraphernalia agrega alguns dos músicos mais hypados da cena indie carioca - entre eles, o tecladista Donatinho, o flautista Felipe Pinaud e o trombonista Marlon Sette, além dos seminais Bosisio e Continentino. O ritmo não é explosivo como afirma o título do CD produzido por Kassin com Ricardo Garcia (um dos maiores especialistas do Brasil na arte de remasterizar discos). Suingante, o baile transcorre sem grandes efervescências, mas soa azeitado e até certo ponto ousado porque, em vez de cair na tentação de filtrar sucessos populares por essa sonoridade retrô, o Paraphernalia registra repertório autoral e inédito,  apostando na safra dos compositores que integram o coletivo. Sozinho ou em parceria com os colegas do grupo, Alberto Continentino assina oito dos 11 temas de Ritmo Explosivo. As exceções são Com Curry Por Favor (Bernardo Bosisio) - faixa de tempero indiano - e Nu Flava (Donatinho) e Rei Salomão (Marlon Sette), dois temas incrementados com vocais (a rigor, dispensáveis no disco). Da safra farta de Continentino, 22 de Setembro é de longe o tema mais inspirado, seguido de perto por A Fúria do Dragão II, parceria do baixista com Bosisio e Donatinho que reprocessa a levada do funk da década de 70 que veio a desaguar na disco music evocada pelo Paraphernalia em Champagne, tema da lavra solitária de Continentino. No fim menos animado, o baile termina cheio de climas com Salvem as Baleias (Alberto Continentino, Bernardo Bosisio, Donatinho e Juliano Zanoni). No todo, Ed Lincoln aprovaria o som dançante do Paraphernalia...

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Produzida em estilo vintage, a capa do primeiro CD do Paraphernalia - coletivo carioca criado em 2001 quando o guitarrista Bernardo Bosisio e o contrabaixista Alberto Continentino se juntaram com a ideia de fazer música dançante e instrumental - está em fina sintonia com o que se ouve nas 11 faixas de Ritmo Explosivo. Mesmo que soe contemporâneo, o som instrumental do grupo reverbera as tradições dos bailes capitaneados desde os anos 50 por nomes como João Donato, Ed Lincoln e - mais tarde - Lincoln Olivetti. Na formação perpetuada no disco editado neste mês de janeiro de 2012 pelo selo Pimba (criado por Leonel Pereda e Ronaldo Bastos como um desdobramento da gravadora Dubas), o Paraphernalia agrega alguns dos músicos mais hypados da cena indie carioca - entre eles, o tecladista Donatinho, o flautista Felipe Pinaud e o trombonista Marlon Sette, além dos seminais Bosisio e Continentino. O ritmo não é explosivo como afirma o título do CD produzido por Kassin com Ricardo Garcia (um dos maiores especialistas do Brasil na arte de remasterizar discos). Suingante, o baile transcorre sem grandes efervescências, mas soa azeitado e até certo ponto ousado porque, em vez de cair na tentação de filtrar sucessos populares por essa sonoridade retrô, o Paraphernalia registra repertório autoral e inédito, apostando na safra dos compositores que integram o coletivo. Sozinho ou em parceria com os colegas do grupo, Alberto Continentino assina oito dos 11 temas de Ritmo Explosivo. As exceções são Com Curry Por Favor (Bernardo Bosisio) - faixa de tempero indiano - e Nu Flava (Donatinho) e Rei Salomão (Marlon Sette), dois temas incrementados com vocais (a rigor, dispensáveis no disco). Da safra farta de Continentino, 22 de Setembro é de longe o tema mais inspirado, seguido de perto por A Fúria do Dragão II, parceria do baixista com Bosisio e Donatinho que reprocessa a levada do funk da década de 70 que veio a desaguar na disco music evocada pelo Paraphernalia em Champagne, tema da lavra solitária de Continentino. No fim menos animado, o baile termina cheio de climas com Salvem as Baleias (Alberto Continentino, Bernardo Bosisio, Donatinho e Juliano Zanoni). No todo, Ed Lincoln aprovaria o som dançante do Paraphernalia...

KL disse...

e, por falar no gênio e hoje cult Ed Lincoln, essa capa aí é uma citação gráfica do álbum gravado em 1967, aquele que tem "Cochise". No exterior, sobretudo na década de 1990, houve uma explosão de grupos internacionais que exploraram muito bem o som vintage dos 50-60-70: Combustible Edison, Mike Flowers Pop, Lounge Lizards, entre tantos, mas no Brasil, até agora, não apareceu uma proposta consistente nesse sentido. Quem sabe esse.

Anônimo disse...

Que boa notícia!
Ouvi um Epzinho desses caras e achei bom demais!
Lembra o Soul/Funk instrumental do Curtis Mayfield, Black Rio, Azymuth, Donato/Deodato...
Ou seja, beberam água da fonte.
Cristalina.

PS: Não gostei da capa. Achei fake.