Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sinfonia sertaneja é ápice do festejo dos 40 anos de Chitãozinho & Xororó

Resenha de CD e DVD
Título: Chitãozinho & Xororó 40 Anos - Sinfônico
Artista: Chitãozinho & Xororó
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * 1/2

Em 2010, ao completar 40 anos de carreira, a dupla Chitãozinho & Xororó - uma das pioneiras ao cruzar a música sertaneja com referências e sons do universo pop - começou a gravar série de projetos comemorativos da década. Após apresentarem dois registros ao vivo audiovisuais, DVDs Chitãozinho & Xororó 40 Anos - Nova Geração e Chitãozinho & Xororó 40 Anos - Entre Amigos, os irmãos parananeses fecham a trilogia com a edição de Chitãozinho & Xororó 40 Anos - Sinfônico, projeto recém-lançado pela gravadora Som Livre em CD, em DVD (que inclui documentário sobre a trajetória da dupla) e em edição dupla que junta CD e DVD. Com convidados, a dupla rebobina sucessos com as cordas da Orquestra Filarmônica Bachiana Sesi-SP, sob a regência do maestro João Carlos Martins. Captada em show realizado na Sala São Paulo, um dos palcos mais eruditos de São Paulo (SP), a sinfonia sertaneja é o ápice dos festejos pelos 40 anos do tio e do pai de Sandy & Junior. Aliás, a já desfeita dupla participa de Se Deus me Ouvisse (Almir Rogério), bela música cantada por Sandy com a dupla e adornada pelo violão de Junior Lima. Apesar da inclusão no roteiro de uma ou outra música dispensável, caso de Separação (canção de José Augusto e Paulo Sérgio Valle mais associada a Simone do que a dupla), a escolha de repertório e convidados resulta acertada no mais das vezes. Djavan dá nobreza a Sorri - a versão de Braguinha (1907 - 2006) para Smile (Charles Chaplin, Geofrey Parson e John Turner), já gravada por Djavan nos anos 90 - enquanto Maria Gadú se harmoniza com a dupla em belo registro de No Rancho Fundo (Ary Barroso e Lamartine Babo), música que em 1989 abriu para Chitãozinho & Xororó as portas da TV Globo e das rádios do Rio de Janeiro (RJ), estas até então fechadas para a música sertaneja. Já Fábio Jr. reitera em Fogão de Lenha (Carlos Duboc, Maurício Colla e Xororó) que fica à vontade no estilizado universo sertanejo. Em contrapartida, Alexandre Pires parece menos à vontade em Vez em Quando Vem me Ver (Carlos Randall e Danimar). Os arranjos sinfônicos - justiça seja feita - preservam a arquitetura original de músicas como Fio de Cabelo (Marciano Rossi e Darci Rossi - com direito à citação no fim de Jesus Alegria dos Homens), Evidências (José Augusto e Paulo Sérgio Valle, 1990) - número de grande adesão popular - e Nuvem de Lágrimas (Paulo Debétio e Paulinho Rezende), guarânia que a dupla revive com Fafá de Belém, reeditando o trio da gravação original de 1989, registro que também ajudou a quebrar barreiras nas FMs cariocas para a música sertaneja. Em sintonia com o espírito sinfônico do projeto, Chitãozinho & Xororó - este com a voz ainda em forma - revisitam músicas que transitam na tênue fronteira entre a música clássica e a popular. Os irmãos põem seu canto anasalado na Serenata (Franz Schubert, em versão diluída de Edgard Poças), na sublime Ave Maria (Bach e Gounod) e - com a adesão de Caetano Veloso - em Céu de Santo Amaro, versão de Flávio Venturini para Largo Concerto Nº 5 em Fá Menor (Bach). Enfim, diante da industrializada produção atual de música sertaneja, quase sempre rala e populista, a sinfonia de Chitãozinho & Xororó honra o gênero.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em 2010, ao completar 40 anos de carreira, a dupla Chitãozinho & Xororó - uma das pioneiras ao cruzar a música sertaneja com referências e sons do universo pop - começou a gravar série de projetos comemorativos da década. Após apresentarem dois registros ao vivo audiovisuais, DVDs Chitãozinho & Xororó 40 Anos - Nova Geração e Chitãozinho & Xororó 40 Anos - Entre Amigos, os irmãos parananeses fecham a trilogia com a edição de Chitãozinho & Xororó 40 Anos - Sinfônico, projeto recém-lançado pela gravadora Som Livre em CD, em DVD (que inclui documentário sobre a trajetória da dupla) e em edição dupla que junta CD e DVD. Com convidados, a dupla rebobina sucessos com as cordas da Orquestra Filarmônica Bachiana Sesi-SP, sob a regência do maestro João Carlos Martins. Captada em show realizado na Sala São Paulo, um dos palcos mais eruditos de São Paulo (SP), a sinfonia sertaneja é o ápice dos festejos pelos 40 anos do tio e do pai de Sandy & Junior. Aliás, a já desfeita dupla participa de Se Deus me Ouvisse (Almir Rogério), bela música cantada por Sandy com a dupla e adornada pelo violão de Junior Lima. Apesar da inclusão no roteiro de uma ou outra música dispensável, caso de Separação (canção de José Augusto e Paulo Sérgio Valle mais associada a Simone do que a dupla), a escolha de repertório e convidados resulta acertada no mais das vezes. Djavan dá nobreza a Sorri - a versão de Braguinha (1907 - 2006) para Smile (Charles Chaplin, Geofrey Parson e John Turner), já gravada por Djavan nos anos 90 - enquanto Maria Gadú se harmoniza com a dupla em belo registro de No Rancho Fundo (Ary Barroso e Lamartine Babo), música que em 1989 abriu para Chitãozinho & Xororó as portas da TV Globo e das rádios do Rio de Janeiro (RJ), estas até então fechadas para a música sertaneja. Já Fábio Jr. reitera em Fogão de Lenha (Carlos Duboc, Maurício Colla e Xororó) que fica à vontade no estilizado universo sertanejo. Em contrapartida, Alexandre Pires parece menos à vontade em Vez em Quando Vem me Ver (Carlos Randall e Danimar). Os arranjos sinfônicos - justiça seja feita - preservam a arquitetura original de músicas como Fio de Cabelo (Marciano Rossi e Darci Rossi - com direito à citação no fim de Jesus Alegria dos Homens), Evidências (José Augusto e Paulo Sérgio Valle) - número de grande adesão popular - e Nuvem de Lágrimas (Paulo Debétio e Paulinho Rezende), guarânia que a dupla revive com Fafá de Belém, reeditando o trio da gravação original de 1989, registro que também ajudou a quebrar barreiras nas FMs cariocas para a música sertaneja. Em sintonia com o espírito sinfônico do projeto, Chitãozinho & Xororó - este com a voz ainda em forma - revisitam músicas que transitam na tênue fronteira entre a música clássica e a popular. Os irmãos põem seu canto anasalado na Serenata (Franz Schubert, em versão diluída de Edgard Poças), na sublime Ave Maria (Bach e Gounod) e - com a adesão de Caetano Veloso - em Céu de Santo Amaro, versão de Flávio Venturini para Largo Concerto Nº 5 em Fá Menor (Bach). Enfim, diante da industrializada produção atual de música sertaneja, quase sempre rala e populista, a sinfonia de Chitãozinho & Xororó honra o gênero.

O blog disse...

Comprei o DVD e adorei. E costumo brincar que no meio de tanto lixo musical atual, Chitãozinho e Xororó virou música clássica. Acho que eles deveriam enveredar pelo caminho da música sertaneja de raiz, como no trabalho anterior. Acho que eles se podem dar ao luxo de gravar só coisa boa e o que quiserem.

Daniel disse...

Rancho fundo ficou linda realmente. Ainda bem que se a Gadu se perdeu um pouco como compositora, o talento como intérprete continua inabalado (já fui ao show dela e os vocais dela são impecáveis, é de ficar absorto com a naturalidade e delicadeza com que ela rasga as notas em extrema afinaçao, com a divisao melodica dos versos que ela faz tão peculiarmente).