Mauro Ferreira no G1

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sábado, 9 de julho de 2011

CD autoral, 'Pop, Jerry & Rock' dissocia por ora Adriani da Jovem Guarda

Resenha de CD
Título: Pop, Jerry & Rock
Artista: Jerry Adriani
Gravadora: Jerry Art Records
Cotação: * * *

Com capa inspirada na Pop Art de Andy Warhol (1928 - 1987), Pop, Jerry & Rock é o primeiro disco gravado por Jerry Adriani com repertório autoral. Produzido pelo pianista Reinaldo Arias, responsável também pelos arranjos, o CD inaugura o selo do artista paulista, Jerry Art Records, e dissocia Adriani momentaneamente da Jovem Guarda, o movimento pop dos anos 60 no qual o cantor foi projetado com cancioneiro açucarado. Aos 64 anos, com imagem ainda jovial, Adriani apresenta álbum que - como diz seu título - transita entre o pop e o rock, distante do tom requentado dos trabalhos de tom retrospectivo recorrentes na discografia de artistas ainda associados às jovens tardes dominicais comandadas por Roberto Carlos. Com título que alude a Rock Around the Clock, incendiário sucesso de Bill Halley and his Comets, Rock Around the Time (Jerry Adriani) presta tributo ao seminal rock'n'roll dos anos 50 em letra que cita de Detonautas a The Doors. Já 2012 (Jerry Adriani) cita com muita propriedade Raul Seixas (1945 - 1989), pois este rock sobre profecias evoca o universo místico (e mesmo melódico) do Maluco Beleza. Da pegada explicitamente  pop, Terapia (Jerry Adriani e Reinaldo Arias) parece um tema adolescente da fase inicial do Kid Abelha - e isso é um elogio. Mais sentimental, Neverland (Jerry Adriani) discorre sobre o destino de Michael Jackson (1958 - 2009) com romantismo e clichês. Destaque dentre as inéditas autorais de Pop, Jerry & Rock, a faixa destaca o vocal potente de Maurizete Catarina, feito à moda das cantoras norte-americanas de r & b. Solidão também é o tema da boa balada Highway Virtual (Jerry Adriani, Paulinho Mendonça e Reinaldo Arias). Por sua vez, a menos inspirada Quanto Tempo (Jerry Adriani, Reinaldo Arias e Zé Arnaldo Guima) remete ao início de carreira do cantor por ser faixa cantada em italiano. É fato que o disco perde pique com músicas alocadas em sua segunda metade, casos de Conflito (Jerry Adriani e Reinaldo Arias) - pueril libelo em favor da paz afetiva - e de O Mar Levou (Jerry Adriani e Reinaldo Arias). Mas é fato também que Jerry Adriani acertou ao tirar o mofo de sua discografia com este álbum de inéditas que, mesmo apresentando repertório composto com referências ao passado, aponta para o futuro sem recorrer às burocráticas regravações de sucessos próprios e alheios. Jerry abriu a guarda...

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Com capa inspirada na Pop Art de Andy Warhol (1928 - 1987), Pop, Jerry & Rock é o primeiro disco gravado por Jerry Adriani com repertório autoral. Produzido pelo pianista Reinaldo Arias, responsável também pelos arranjos, o CD inaugura o selo do artista paulista, Jerry Art Records, e dissocia Adriani momentaneamente da Jovem Guarda, o movimento pop dos anos 60 no qual o cantor foi projetado com cancioneiro açucarado. Aos 64 anos, com imagem ainda jovial, Adriani apresenta álbum que - como diz seu título - transita entre o pop e o rock, distante do tom requentado dos trabalhos de tom retrospectivo recorrentes na discografia de artistas ainda associados às jovens tardes dominicais comandadas por Roberto Carlos. Com título que alude a Rock Around the Clock, incendiário sucesso de Bill Halley and his Comets, Rock Around the Time (Jerry Adriani) presta tributo ao seminal rock'n'roll dos anos 50 em letra que cita de Detonautas a The Doors. Já 2012 (Jerry Adriani) cita com muita propriedade Raul Seixas (1945 - 1989), pois este rock sobre profecias evoca o universo místico (e mesmo melódico) do Maluco Beleza. Da pegada explicitamente pop, Terapia (Jerry Adriani e Reinaldo Arias) parece um tema adolescente da fase inicial do Kid Abelha - e isso é um elogio. Mais sentimental, Neverland (Jerry Adriani) discorre sobre o destino de Michael Jackson (1958 - 2009) com romantismo e clichês. Destaque dentre as inéditas autorais de Pop, Jerry & Rock, a faixa destaca o vocal potente de Maurizete Catarina, feito à moda das cantoras norte-americanas de r & b. Solidão também é o tema da boa balada Highway Virtual (Jerry Adriani, Paulinho Mendonça e Reinaldo Arias). Por sua vez, a menos inspirada Quanto Tempo (Jerry Adriani, Reinaldo Arias e Zé Arnaldo Guima) remete ao início de carreira do cantor por ser faixa cantada em italiano. É fato que o disco perde pique com músicas alocadas em sua segunda metade, casos de Conflito (Jerry Adriani e Reinaldo Arias) - pueril libelo em favor da paz afetiva - e de O Mar Levou (Jerry Adriani e Reinaldo Arias). Mas é fato também que Jerry Adriani acertou ao tirar o mofo de sua discografia com este álbum de inéditas que, mesmo apresentando repertório composto com referências ao passado, aponta para o futuro sem recorrer às burocráticas regravações de sucessos próprios e alheios. Jerry abriu a guarda...

Delta9 disse...

Nas palavras de Eduardo Araújo, Jerry sempre foi rock'n'roll. Para mim o que incomoda um pouco é aquele complexo de elvis, pô. Tem um vocal ótimo, timbre característico. O Raul Seixas rasgava-lhe elogios. Claro, foi Jerry que o tirou da Bahia para o sul e para o sucesso (que veio mais tarde). Só lamento uma coisa: por quê esse gente boa não regrava (com o Skank) a música O Homem Triste. Aliás, na gravação original a voz do Jerry faz lembrar MUITO a voz do Samuel Rosa (que tem cara de membro dos Incríveis. Hahaha, que viagem)! Cara, aquilo é um legítimo proto-reggae brasileiro.
Jerry e Erasmo. Se juntar o Eduardo, vai sair coisa... Aí, sim, Mauro, vão arregaçar a guarda.

Delta9 disse...

Que merda, Mauro! Já ia esquecendo: brigadão pela postagem. Muito bom texto (e parcimonioso...).
Vai cum fé, qui a fé numcustuma faiá.