Mauro Ferreira no G1

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domingo, 24 de julho de 2011

Caixa com álbuns do Zimbo Trio expõe o fino do samba-jazz dos anos 60

Resenha de caixa de CDs
Título: Zimbo Trio
Artista: Zimbo Trio
Gravadora: Discobertas
Cotação: * * * *

Gênero desenvolvido a partir da Bossa Nova e definitivamente associado aos anos 60, o samba-jazz foi cultuado por série de conjuntos que elevaram o status da música instrumental brasileira no mercado fonográfico com  som de padrão internacional. O Zimbo Trio foi um deles, tendo tocado regularmente  em shows e programas de TV com cantoras do porte de Elis Regina (1945 - 1982). Formado em 1964 e ainda em atividade, com formação distinta, o Zimbo projetou na década do samba-jazz os nomes e a musicalidade de Hamilton Godoy (piano), Luiz Chaves (baixo) e Rubens Barsotti (bateria), o Rubinho. Daí a importância da edição da caixa Zimbo Trio, produzida pelo pesquisador musical Marcelo Fróes para seu selo Discobertas. A caixa embala os seis primeiros álbuns do conjunto, lançados pela extinta gravadora RGE entre 1964 e 1969. Remasterizados a partir dos áudios estereofônicos, Zimbo Trio (1964), Zimbo Trio Vol. 2 (1965), Zimbo Trio Volume 3 (1966), É Tempo de Samba - Zimbo Trio + Cordas (1967), Zimbo Trio + Cordas Volume 2 (1968) e Decisão - Zimbo Trio + Metais (1969) são discos que resistem muito bem ao tempo - ainda que paradoxalmente seu som seja, de certa forma, datado (mas jamais velho porque o frescor do samba-jazz parece impedir o envelhecimento do gênero). Em geral no mesmo alto nível do som do Zimbo, os repertórios destes seis títulos dão a pista  do que acontecia na música brasileira da época. Se o Zimbo Trio de 1964 mistura pérolas bossa-novistas de Tom Jobim (1927 - 1994) com afro-sambas de Baden Powell (1937 - 2000) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980), o Zimbo Trio Vol. 2 de 1965 já põe o toque do Zimbo em música defendida em festival, Arrastão (Edu Lobo e Vinicius de Moraes) - tendência que iria dominar o repertório de Decisão, o álbum de 1969 que foi pautado pelos metais da mesma forma que seus dois antecessores - os álbuns de 1967 e 1968 - tiveram como mote a adição de cordas ao som geralmente leve do Zimbo, sendo que o segundo, Zimbo Trio + Cordas Volume 2 apresentou repertório dominado por músicas de Chico Buarque, então o compositor-sensação da ala mais tradicionalista da MPB dos anos 60. Com ou sem cordas e metais, o trio sempre se garantiu sozinho. Em essência, eles filtraram a Bossa Nova e a então nascente MPB pela ótica do jazz. Escorado na leveza do toque da bateria de Barsotti e na base harmônica sustentada pelo baixo de Chaves, Godoy improvisava com seu piano cheio de ginga. Com três dos seis discos turbinados com faixas-bônus, a oportuna caixa do selo Discobertas expõe o fino do Zimbo Trio e merece atenção dos colecionadores de discos.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Gênero desenvolvido a partir da Bossa Nova e definitivamente associado aos anos 60, o samba-jazz foi cultuado por série de conjuntos que elevaram o status da música instrumental brasileira no mercado fonográfico com som de padrão internacional. O Zimbo Trio foi um deles, tendo tocado regularmente em shows e programas de TV com cantoras do porte de Elis Regina (1945 - 1982). Formado em 1964 e ainda em atividade, com formação distinta, o Zimbo projetou na década do samba-jazz os nomes e a musicalidade de Hamilton Godoy (piano), Luiz Chaves (baixo) e Rubens Barsotti (bateria), o Rubinho. Daí a importância da edição da caixa Zimbo Trio, produzida pelo pesquisador musical Marcelo Fróes para seu selo Discobertas. A caixa embala os seis primeiros álbuns do conjunto, lançados pela extinta gravadora RGE entre 1964 e 1969. Remasterizados a partir dos áudios estereofônicos, Zimbo Trio (1964), Zimbo Trio Vol. 2 (1965), Zimbo Trio Volume 3 (1966), É Tempo de Samba - Zimbo Trio + Cordas (1967), Zimbo Trio + Cordas Volume 2 (1968) e Decisão - Zimbo Trio + Metais (1969) são discos que resistem muito bem ao tempo - ainda que paradoxalmente seu som seja, de certa forma, datado (mas jamais velho porque o frescor do samba-jazz parece impedir o envelhecimento do gênero). Em geral no mesmo alto nível do som do Zimbo, os repertórios destes seis títulos dão a pista do que acontecia na música brasileira da época. Se o Zimbo Trio de 1964 mistura pérolas bossa-novistas de Tom Jobim (1927 - 1994) com afro-sambas de Baden Powell (1937 - 2000) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980), o Zimbo Trio Vol. 2 de 1965 já põe o toque do Zimbo em música defendida em festival, Arrastão (Edu Lobo e Vinicius de Moraes) - tendência que iria dominar o repertório de Decisão, o álbum de 1969 que foi pautado pelos metais da mesma forma que seus dois antecessores - os álbuns de 1967 e 1968 - tiveram como mote a adição de cordas ao som geralmente leve do Zimbo, sendo que o segundo, Zimbo Trio + Cordas Volume 2 apresentou repertório dominado por músicas de Chico Buarque, então o compositor-sensação da ala mais tradicionalista da MPB dos anos 60. Com ou sem cordas e metais, o trio sempre se garantiu sozinho. Em essência, eles filtraram a Bossa Nova e a então nascente MPB pela ótica do jazz. Escorado na leveza do toque da bateria de Barsotti e na base harmônica sustentada pelo baixo de Chaves, Godoy improvisava com seu piano cheio de ginga. Com três dos seis discos turbinados com faixas-bônus, a oportuna caixa do selo Discobertas expõe o fino do Zimbo Trio e merece atenção dos colecionadores de discos.

Tiago disse...

Golaço do Marcelo Fróes e seu Discobertas!!!

falsobrilhante disse...

No que se refere a atuação do ZIMBO com estrelas da MPB, é fundamental que se diga também: com cantoras do porte de ELIZETH CARDOSO.

KL disse...

Ao lado da canção engajada nacionalista, o samba-jazz integrou uma das vertentes da bossa nova e talvez a mais importante. Por essas e outras, Zimbo na RGE vale cada centavo.

Luca disse...

Lembrou bem, Falsobrilhante, o Zimbo tá mais pra Elizeth que pra Elis