Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Gray preserva identidade ao ir de Eurythmics a Arcade Fire em 'Covered'

Resenha de CD
Título: Covered
Artista: Macy Gray
Gravadora: 429 Records / Lab 344
Cotação: * * * *

Sexto álbum de estúdio de Macy Gray, Covered é a prova de que um disco de covers não precisa necessariamente ser banal, às vezes até constrangedor (caso de As Dez Mais, ponto mais baixo da discografia dos Titãs). Cantora associada ao r & b e ao soul, Gray preserva sua identidade de intérprete em Covered, indo de Eurythmics (Here Comes The Rain Again, 1983) a Arcade Fire (Wake Up, 2004) sem cair na vala comum do exotismo. A propósito, a música do Eurythmics que abre o disco, Here Comes The Rain Again, vira bela balada de tonalidade sombria que chega a superar a gravação original do duo inglês formado por Annie Lennox e Dave Stewart. Mesmo quando sequer iguala a excelência da gravação original, como em Creep (Radiohead, 1992) e em Nothing Else Matters (Metallica, 1991), a cantora faz bonito e esbanja personalidade. Eclética, Gray se joga na praia do reggae em Smoke Two Joints (The Toyes, 1983 / Sublime, 1992) e ao juntar Lovelockdown (Kanye West, 2008) com Buck (Nina Simone, 1967). Embora sejam a rigor dispensáveis, as marotas e autorais faixas-vinhetas que costuram as regravações reforçam o toque de originalidade de Covered. Sim, contra todos os (pessimistas) prognósticos iniciais, o disco é interessante. Sail (Awoination, 2010), Maps (Yeah Yeah Yeahs, 2003) e, em menor grau, Bubbly (Colbie Caillet, 2007) - canção pop entoada por Gray em dueto com Idris Elba - reiteram o êxito do álbum produzido por Hal Willner e Zoux com Macy Gray. Covered chega em hora bem providencial, pois o progressivo esgotamento da obra autoral de Gray - detectado após sucessivas tentativas vãs de lançar álbum tão vigoroso quanto On How Life Is (1999) - vinha minando as expectativas sobre um novo disco da artista.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Sexto álbum de estúdio de Macy Gray, Covered é a prova de que um disco de covers não precisa necessariamente ser banal, às vezes até constrangedor (caso de As Dez Mais, ponto mais baixo da discografia dos Titãs). Cantora associada ao r & b e ao soul, Gray preserva sua identidade de intérprete em Covered, indo de Eurythmics (Here Comes The Rain Again, 1983) a Arcade Fire (Wake Up, 2004) sem cair na vala comum do exotismo. A propósito, a música do Eurythmics que abre o disco, Here Comes The Rain Again, vira bela balada de tonalidade sombria que chega a superar a gravação original do duo inglês formado por Annie Lennox e Dave Stewart. Mesmo quando sequer iguala a excelência da gravação original, como em Creep (Radiohead, 1992) e em Nothing Else Matters (Metallica, 1991), a cantora faz bonito e esbanja personalidade. Eclética, Gray se joga na praia do reggae em Smoke Two Joints (The Toyes, 1983 / Sublime, 1992) e ao juntar Lovelockdown (Kanye West, 2008) com Buck (Nina Simone, 1967). Embora sejam a rigor dispensáveis, as marotas e autorais faixas-vinhetas que costuram as regravações reforçam o toque de originalidade de Covered. Sim, contra todos os (pessimistas) prognósticos iniciais, o disco é interessante. Sail (Awoination, 2010), Maps (Yeah Yeah Yeahs, 2003) e, em menor grau, Bubbly (Colbie Caillet, 2007) - canção pop entoada por Gray em dueto com Idris Elba - reiteram o êxito do álbum produzido por Hal Willner e Zoux com Macy Gray. Covered chega em hora bem providencial, pois o progressivo esgotamento da obra autoral de Gray - detectado após sucessivas tentativas vãs de lançar álbum tão vigoroso quanto On How Life Is (1999) - vinha minando as expectativas sobre um novo disco da artista.