Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 10 de abril de 2012

Estrelas do country dão brilho desigual à obra grandiosa de Lionel Richie

Resenha de CD
Título: Tuskegee
Artista: Lionel Richie
Gravadora: Mercury / Universal Music
Cotação: * * 1/2

Tuskegee é disco que faz mais sentido nos Estados Unidos do que no Brasil. A começar pelo título, Tuskegee, nome da cidade do Alabama (EUA) em que nasceu Lionel Richie. Berço dos primeiros contatos do cantor e compositor norte-americano com a música country de seu país, Tuskegee batiza este CD em que Richie rebobina 14 sucessos de sua carreira solo e algumas músicas gravadas originalmente pelo artista como líder do grupo The Commodores, na década - os anos 70 - em que seu trabalho era mais voltado para o r & b e para o soul. Décimo álbum solo do hitmaker, um dos compositores mais assíduos nas paradas da primeira metade dos anos 80, na fase mais pop de sua carreira, Tuskegee é CD irregular que se sustenta na força inegável desse cancioneiro. Mas nem todas as estrelas do country conseguem dar brilho novo à música de Richie. A canção My Love (1982) ficou menos melosa no dueto de Richie com Kenny Chesney. Música cantada com o grupo de country Little Big Town, Deep River Woman (1985) se destaca por já fazer parte naturalmente do universo abordado pelo disco. Já Say You, Say Me (1985) - balada revivida pelo anfitrião com Rasmus Seebach - ganhou pressão roqueira em algumas passagens. Pressão similar é posta por Rascal Flatts em Dancing on the Ceiling (1985). Em contrapartida, o suingue irresistível de You Are (1982) se dilui na gravação feita com Blake Shelton enquanto Stuck on You (1983) - música rebobinada com Darius Rucker - não resiste à comparação com o registro original. Já sem o viço dos tempos áureos, a voz de Richie faz o dueto com Jenniffer Nettles na já açucarada Hello soar como xerox apagada da gravação original. Com alto teor de glicose e a voz de Shania Twain, Endless Love (1981) também jamais roça o brilho do dueto original de Richie com Diana Ross. Sail on (1979) - sucesso da ótima fase com o grupo The Commodores, regravado por Richie com Jill Johnson - também perde a maior parte de seu poder de sedução. Título menor da (grandiosa) obra do compositor, Just For You (2004) - faixa dividida com Billy Currington - é outro ponto baixo de disco que volta a crescer com a entrada em cena de Kenny Rogers em Lady (1980), balada lançada na voz do próprio Rogers. Willie Nelson também mantém o nível em Easy (1977), hit dos Commodores. E assim, entre altos e baixos, caminham as 14 faixas de Tuskegee, disco em que Lionel Richie se volta para seu passado de glória sem reeditar o brilho de tempos idos.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Tuskegee é disco que faz mais sentido nos Estados Unidos do que no Brasil. A começar pelo título, Tuskegee, nome da cidade do Alabama (EUA) em que nasceu Lionel Richie. Berço dos primeiros contatos do cantor e compositor norte-americano com a música country de seu país, Tuskegee batiza este CD em que Richie rebobina 14 sucessos de sua carreira solo e algumas músicas gravadas originalmente pelo artista como líder do grupo The Commodores, na década - os anos 70 - em que seu trabalho era mais voltado para o r & b e para o soul. Décimo álbum solo do hitmaker, um dos compositores mais assíduos nas paradas da primeira metade dos anos 80, na fase mais pop de sua carreira, Tuskegee é CD irregular que se sustenta na força inegável desse cancioneiro. Mas nem todas as estrelas do country conseguem dar brilho novo à música de Richie. A canção My Love (1982) ficou menos melosa no dueto de Richie com Kenny Chesney. Música cantada com o grupo de country Little Big Town, Deep River Woman (1985) se destaca por já fazer parte naturalmente do universo abordado pelo disco. Já Say You, Say Me (1985) - balada revivida pelo anfitrião com Rasmus Seebach - ganhou pressão roqueira em algumas passagens. Pressão similar é posta por Rascal Flatts em Dancing on the Ceiling (1985). Em contrapartida, o suingue irresistível de You Are (1982) se dilui na gravação feita com Blake Shelton enquanto Stuck on You (1983) - música rebobinada com Darius Rucker - não resiste à comparação com o registro original. Já sem o viço dos tempos áureos, a voz de Richie faz o dueto com Jenniffer Nettles na já açucarada Hello soar como xerox apagada da gravação original. Com alto teor de glicose e a voz de Shania Twain, Endless Love (1981) também jamais roça o brilho do dueto original de Richie com Diana Ross. Sail on (1979) - sucesso da ótima fase com o grupo The Commodores, regravado por Richie com Jill Johnson - também perde a maior parte de seu poder de sedução. Título menor da (grandiosa) obra do compositor, Just For You (2004) - faixa dividida com Billy Currington - é outro ponto baixo de disco que volta a crescer com a entrada em cena de Kenny Rogers em Lady (1980), balada lançada na voz do próprio Rogers. Willie Nelson também mantém o nível em Easy (1977), hit dos Commodores. E assim, entre altos e baixos, caminham as 14 faixas de Tuskegee, disco em que Lionel Richie se volta para seu passado de glória sem reeditar o brilho de tempos idos.

Eduardo disse...

Mauro adora usar o verbo "roçar". Roçar o sucesso, roçar o brilho do dueto original... Acho a palavra feia, de sentido meio lascivo.