Mauro Ferreira no G1

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sábado, 21 de abril de 2012

Baleiro concilia luau e 'pancadão' no dinâmico show 'Calma Aí, Coração'

Resenha de show
Título: Calma Aí, Coração
Artista: Zeca Baleiro (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 21 de abril de 2012
Cotação: * * * *

Inspirado no recém-lançado 11º álbum de Zeca Baleiro (O Disco do Ano, Som Livre), o show Calma Aí, Coração é elétrico, nervoso, distante da serenidade das canções líricas do artista. Sem recorrer a sucessos (Babylon e Telegrama são a parte mais substancial da magra porção de hits oferecidos no bis), o cantor e compositor maranhense apresenta um show azeitado, coeso, de certa forma mais sedutor do que o álbum de inéditas no qual está baseado. O roteiro entrelaça nove das 12 músicas do CD - ou dez, se levada em conta a exibição do clipe de Mamãe no Face (Zeca Baleiro) após o bis - com lados B de sua obra autoral (Comigo e Mundo dos Negócios, músicas lançadas em discos de 2000 e 2002, respectivamente) e com sucessos alheios, dos quais Baleiro se apropria sempre com personalidade. Entrosada, a banda - Tuco Marcondes (violão, guitarra, gaita, ukelele e banjo), Fernando Nunes (baixo e violão), Kuki Stolarski (bateria e percussão), Pedro Cunha (teclados, samplers, sintetizadores e acordeon) e Adriano Magoo (teclados, samplers, sintetizadores e acordeom) - põe pressão nas músicas do disco atual, pautado pela diversidade de produtores (16, ao todo, contando com Baleiro). As composições atuais, de modo geral, passam bem na prova do palco, mas o rap O Desejo (Zeca Baleiro) - gravado por Baleiro com Chorão no disco - perde força por estar alocado logo na abertura do show. Pela densidade do discurso, o tema ganharia mais peso se estivesse no meio do roteiro, quando artista e plateia já estivessem naturalmente aquecidos pelo calor da apresentação e pela empatia quase imediata entre Baleiro e seu público. Habilidoso intérprete de músicas alheias, Baleiro redivide Disritmia (Martinho da Vila, 1974) e surpreende ao armar roda em clima de lual logo após se jogar na praia do reggae O Amor Viajou (Zeca Baleiro e Kana). Nesse set praieiro, cabe tanto uma música de Paulo Machado e Antonio Cícero que Adriana Calcanhotto tomou para si (Maresia, 1981) quanto uma irresistível delícia pop do repertório da cantora e compositora britânica Jessie J, Price Tag (2011), um dos pontos mais altos da estreia carioca do show Calma Aí, Coração - cuja turnê nacional chegou ao Rio de Janeiro (RJ) já aos primeiros minutos deste sábado, 21 de abril de 2012, após ter iniciado sua rota por Brasília (DF) em 12 de abril. Nesse clima de luau, meio havaiano meio country, o coro forte e espontâneo do público desde os primeiros versos da balada Quase Nada (Zeca Baleiro e Alice Ruiz, 2000) - exemplo da face mais lírica e romântica do (às vezes) mordaz do compositor -  reitera a sintonia entre Baleiro e seu público. Tribo de gosto diverso que aplaude tanto lúcida canção do compositor capixaba Sérgio Sampaio (1947 - 1994) - Que Loucura (1976), adicionada por Baleiro ao roteiro somente na estreia carioca - quanto o inédito Funk da Lama (Zeca Baleiro), tirada de sarro nos cantores que fazem fama e fortuna com hits populistas em que as coreografias são tão ou mais importantes do que as músicas em si. No bis, após tocar Raul (Seixas), lembrado com A Maçã (Raul Seixas, Paulo Coelho e Marcelo Motta, 1975), música que exemplifica a desenvoltura de Baleiro para embaralhar os conceitos de brega e chique, o cantor leva Babylon (Zeca Baleiro, 2000) em manemolente cavaquinho e passa Telegrama (Zeca Baleiro, 2002) com citações de As Dores do Mundo (Hyldon, 1975), Malandragem (Cazuza e Frejat, 1993) e Estrada do Sol (Dolores Duran e Tom Jobim, 1958). Ora na pressão, ora caindo no suingue, ora mais lírico, ora mordaz, Zeca Baleiro fez de Calma Aí, Coração um show dinâmico, de capricho percpetível tanto nas projeções e nos figurinos quanto na música em si tocada em cena. Do luau ao pancadão, o baile do Baleiro é muito bom.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Inspirado no recém-lançado 11º álbum de Zeca Baleiro (O Disco do Ano, Som Livre), o show Calma Aí, Coração é elétrico, nervoso, distante da serenidade das canções líricas do artista. Sem recorrer a sucessos (Babylon e Telegrama são a parte mais substancial da magra porção de hits oferecidos no bis), o cantor e compositor maranhense apresenta um show azeitado, coeso, de certa forma mais sedutor do que o álbum de inéditas no qual está baseado. O roteiro entrelaça nove das 12 músicas do CD - ou dez, se levada em conta a exibição do clipe de Mamãe no Face (Zeca Baleiro) após o bis - com lados B de sua obra autoral (Comigo e Mundo dos Negócios, músicas lançadas em discos de 2000 e 2002, respectivamente) e com sucessos alheios, dos quais Baleiro se apropria sempre com personalidade. Entrosada, a banda - Tuco Marcondes (violão, guitarra, gaita, ukelele e banjo), Fernando Nunes (baixo e violão), Kuki Stolarski (bateria e percussão), Pedro Cunha (teclados, samplers, sintetizadores e acordeon) e Adriano Magoo (teclados, samplers, sintetizadores e acordeom) - põe pressão nas músicas do disco atual, pautado pela diversidade de produtores (16, ao todo, contando com Baleiro). As composições atuais, de modo geral, passam bem na prova do palco, mas o rap O Desejo (Zeca Baleiro) - gravado por Baleiro com Chorão no disco - perde força por estar alocado logo na abertura do show. Pela densidade do discurso, o tema ganharia mais peso se estivesse no meio do roteiro, quando artista e plateia já estivessem naturalmente aquecidos pelo calor da apresentação e pela empatia quase imediata entre Baleiro e seu público. Habilidoso intérprete de músicas alheias, Baleiro redivide Disritmia (Martinho da Vila, 1974) e surpreende ao armar roda em clima de lual logo após se jogar na praia do reggae O Amor Viajou (Zeca Baleiro e Kana). Nesse set praieiro, cabe tanto uma música de Marina Lima e Antonio Cícero que Adriana Calcanhotto tomou para si (Maresia, 1981) quanto uma irresistível delícia pop do repertório da cantora e compositora britânica Jessie J, Price Tag (2011), um dos pontos mais altos da estreia carioca do show Calma Aí, Coração - cuja turnê nacional chegou ao Rio de Janeiro (RJ) já aos primeiros minutos deste sábado, 21 de abril de 2012, após ter iniciado sua rota por Brasília (DF) em 12 de abril. Nesse clima de luau, meio havaiano meio country, o coro forte e espontâneo do público desde os primeiros versos da balada Quase Nada (Zeca Baleiro e Alice Ruiz, 2000) - exemplo da face mais lírica do compositor às vezes mordaz do compositor - reitera a sintonia entre Baleiro e seu público. Tribo de gosto diverso que aplaude tanto lúcida canção do compositor capixaba Sérgio Sampaio (1947 - 1994) - Que Loucura (1976), adicionada por Baleiro ao roteiro somente na estreia carioca - quanto o inédito Funk da Lama (Zeca Baleiro), tirada de sarro nos cantores que fazem fama e fortuna com hits populistas em que as coreografias são tão ou mais importantes do que as músicas em si. No bis, após tocar Raul (Seixas), lembrado com A Maçã (Raul Seixas, Paulo Coelho e Marcelo Motta, 1975), música que exemplifica a desenvoltura de Baleiro para embaralhar os conceitos de brega e chique, o cantor leva Babylon (Zeca Baleiro, 2000) em manemolente cavaquinho e passa Telegrama (Zeca Baleiro, 2002) com citações de As Dores do Mundo (Hyldon, 1975), Malandragem (Cazuza e Frejat, 1993) e Estrada do Sol (Dolores Duran e Tom Jobim, 1958). Ora na pressão, ora caindo no suingue, ora mais lírico, ora mordaz, Zeca Baleiro fez de Calma Aí, Coração um show dinâmico, de capricho percpetível tanto nas projeções e nos figurinos quanto na música em si tocada em cena. Do luau ao pancadão,o baile do Baleiro é muito bom.

maroca disse...

Mauro, a música "Maresia" é de Paulo Machado e Antonio Cícero. E não de Márina Lima e Antonio Cícero.

Abs.

Augusto Flávio (Juazeiro-Ba)

Luca disse...

pelo menos teve coragem de cantar músicas novas ou então desconhecidas, chega de óbvio!