Mauro Ferreira no G1

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domingo, 15 de abril de 2012

Caixa '...Cauby!' embala bons discos do renascimento artístico do cantor

Resenha de caixa de CDs
Título: ...Cauby! Vol. 2
Artista: Cauby Peixoto
Gravadora: Discobertas

Cotação: * * * *

Se os discos reeditados pelo selo Discobertas na caixa Cauby!... Vol. 1 têm valor mais documental do que artístico por flagrarem Cauby Peixoto perdido, em busca de um caminho na MPB dos anos 60 e 70, os cinco álbuns embalados na caixa ...Cauby Vol. 2 resistem ao tempo com mais viço. Valorizada pelos textos específicos  escritos por Rodrigo Faour (biógrafo de Cauby) para o encarte de cada álbum, a caixa destaca em especial os três discos gravados na Som Livre entre 1979 e 1982. Foram os álbuns que promoveram o renascimento artístico do cantor. O primeiro - Cauby (1979), produzido por Marcio Antonnucci sob a supervisão de Guto Graça Mello - permanecia até então inédito em formato digital. É um disco em que Cauby banca o crooner, cantando sucessos brasileiros da década de 70 e incursionando por temas internacionais revitalizados na era das discotecas, casos de Just The Way You Are (Billy Joel) e  MacArthur Park (Jimmy Webb). Se a regravação de Just The Way You Are é prejudicada por pavoroso coral feminino, a de MacArthur Park evoca o arranjo da releitura em ritmo de disco music popularizada em 1977 por Donna Summer. Ousadias à parte, é no segundo álbum da caixa - Cauby! Cauby! (1980), produzido por Max Pierre - que Cauby Peixoto reencontra enfim o sucesso que buscava desde meados dos anos 60. O reconhecimento - iniciado a rigor com o convite de Elis Regina (1945 - 1982) para Cauby cantar com ela o Bolero de Satã (Guinga e Paulo César Pinheiro) no álbum Essa Mulher (1979) - atinge seu ápice com a gravação emblemática  de Bastidores (Chico Buarque) nesse disco de 1980 que alinhou músicas compostas por grandes compositores brasileiros para o cantor - caso de Tom Jobim (1927 - 1994), que forneceu a realista Oficina. Chico não fez Bastidores para Cauby. Mas foi como se tivesse feito, tamanha a importância que a música logo adquiriu na discografia do intérprete - ainda que, curiosamente, o sucesso radiofônico de Cauby! Cauby! tenha sido o hoje esquecido bolero Loucura (Joanna e Sarah Benchimol), propagado na trilha sonora da novela Baila Comigo (TV Globo, 1981). O álbum seguinte - Estrelas Solitárias (1982), produzido por Max Pierre e Aramis Barros - bisou a fórmula requintada do antecessor. Embora seu repertório seja no todo menos inspirado, o disco resolve sem erros a equação arranjos-interpretações que vinha tentando ser solucionada por Cauby há anos. Esse equilíbrio é roçado por Cauby! (1986), álbum produzido por José Milton para a Top Tape, sem repercussão. Até então inédito em CD, este título é o mais obscuro dentre reeditados por Marcelo Fróes na caixa ...Cauby! Vol. 2. Completando a seleção de álbuns encaixotados pelo selo Discobertas, há Cauby Canta Sinatra (1995), luxuoso projeto produzido por José Maurício Machline com versões em português de músicas do repertório de Frank Sinatra (1915 - 1998), gravadas por Cauby em duetos com estrelas da MPB. Trata-se de disco hoje rejeitado pelo cantor, por conta das versões, mas que mostra a versatilidade de intérprete que, entre altos e baixos, conseguiu atravessar gerações e permanecer como uma das boas referências de canto masculino no Brasil.

10 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Se os discos reeditados pelo selo Discobertas na caixa Cauby!... Vol. 1 têm valor mais documental do que artístico por flagrarem Cauby Peixoto perdido, em busca de um caminho na MPB dos anos 60 e 70, os cinco álbuns embalados na caixa ...Cauby Vol. 2 resistem ao tempo com mais viço. Valorizada pelos textos específicos escritos por Rodrigo Faour (biógrafo de Cauby) para o encarte de cada álbum, a caixa destaca em especial os três discos gravados na Som Livre entre 1979 e 1982. Foram os álbuns que promoveram o renascimento artístico do cantor. O primeiro - Cauby (1979), produzido por Marcio Antonnucci sob a supervisão de Guto Graça Mello - permanecia até então inédito em formato digital. É um disco em que Cauby banca o crooner, cantando sucessos brasileiros da década de 70 e incursionando por temas internacionais revitalizados na era das discotecas, casos de Just The Way You Are (Billy Joel) e MacArthur Park (Jimmy Webb). Se a regravação de Just The Way You Are é prejudicada por pavoroso coral feminino, a de MacArthur Park evoca o arranjo da releitura em ritmo de disco music popularizada em 1977 por Donna Summer. Ousadias à parte, é no segundo álbum da caixa - Cauby! Cauby! (1980), produzido por Max Pierre - que Cauby Peixoto reencontra enfim o sucesso que buscava desde meados dos anos 60. O reconhecimento - iniciado a rigor com o convite de Elis Regina (1945 - 1982) para Cauby cantar com ela o Bolero de Satã (Guinga e Paulo César Pinheiro) no álbum Essa Mulher (1979) - atinge seu ápice com a gravação emblemática de Bastidores (Chico Buarque) nesse disco de 1980 que alinhou músicas compostas por grandes compositores brasileiros para o cantor - caso de Tom Jobim (1927 - 1994), que forneceu a realista Oficina. Chico não fez Bastidores para Cauby. Mas foi como se tivesse feito, tamanha a importância que a música logo adquiriu na discografia do intérprete - ainda que, curiosamente, o sucesso radiofônico de Cauby! Cauby! tenha sido o hoje esquecido bolero Loucura (Joanna e Sarah Benchimol), propagado na trilha sonora da novela Baila Comigo (TV Globo, 1981). O álbum seguinte - Estrelas Solitárias (1982), produzido por Max Pierre e Aramis Barros - bisou a fórmula requintada do antecessor. Embora seu repertório seja no todo menos inspirado, o disco resolve sem erros a equação arranjos-interpretações que vinha tentando ser solucionada por Cauby há anos. Esse equilíbrio é roçado por Cauby! (1986), álbum produzido por José Milton para a Top Tape, sem repercussão. Até então inédito em CD, este título é o mais obscuro dentre reeditados por Marcelo Fróes na caixa ...Cauby! Vol. 2. Completando a seleção de álbuns encaixotados pelo selo Discobertas, há Cauby Canta Sinatra (1995), luxuoso projeto produzido por José Maurício Machline com versões em português de músicas do repertório de Frank Sinatra (1915 - 1998), gravadas por Cauby em duetos com estrelas da MPB. Trata-se de disco hoje rejeitado pelo cantor, por conta das versões, mas que mostra a versatilidade de intérprete que, entre altos e baixos, conseguiu atravessar gerações e permanecer como uma das boas referências de canto masculino no Brasil.

Cláudio disse...

A indústria fonográfica brasileira vive reclamando que não reedições porque as pessoas não compram. Não é pra menos, pois vivem fazendo sacanagem com o consumidor. Vejam só estas 2 caixas de Cauby: o volume 1 tem 2 dos 6 discos já editados em CD. Já o volume 2 tem 4 dos 6 CDs já editados anteriormente neste formato. Por que não colocaram os 6 já editados num box e os outros 6 no outro? Por que não colocaram 6 novos discos no lugas dos que já saíram antes? Dá pra entender porque as pessoas em certos momentos não consomem os produtos. :(

Geraldo disse...

No disco Cauby de 1986 tem um dueto com Fagner, na música Fracasso. Este dueto rendeu um clipe, exibido no Fantástico. Fracasso, uma das raras canções em que Fagner fez letra e música, foi lançada no disco Ave Noturna, de 1975. Por este dueto e pela interpretação de Cauby em O Ébrio, de Vicente Celestino, o disco acaba sendo bem interessante.

Luca disse...

Nunca gostei de verdade de um disco de Cauby, ouvi alguns só, só acho que Cauby é cantor de palco, não é cantor de disco

Rafael disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rafael disse...

Cauby nunca foi cantor de palco... É imbecilidade achar que Cauby é restrito a apenas um tipo de público. Mas bem, vamos as reais críticas sobre essas caixas: a maioria dos discos já foram lançados em CD, por que não lançaram nestas 2 caixas discos que ainda são inéditos de Cauby no formato digital ou ao menos discos que foramn lançados em CD's, mas que há muito já estão fora de catálogo, como "Graças A Deus", "Cauby É Show", "Grandes Emoções" e "Meu Coração É Um Pandeiro", entre outros? Sempre tem que ser relançados em CD's só os discos que já estamos cansados de ver no formato digital... A Discobertas nunca inova nesse quesito, tem que ser sempre repetitiva... Isso enche... O pior é saber que lançaram o disco do Cauby com a Leny com o som baixo. Quando o som dessas caixas da Discobertas não sai com o áudio abafado, sai com o som baixo... Ninguém merece... Sem contar o desleixo que é feito com os encartes de disco. Isso é uma falta de respeito total para quem compra os discos dessa gravadora. Essa atitude errônea precisa começar a ser mudada pelo dono da gravadora. E o quanto antes!!!

Tiago disse...

Rafael, desculpe, mas discordo de tudo que você disse.

Como assim Cauby não é cantor de palco?? Você já viu o Cauby alguma vez ao vivo pra ter coragem de falar um negócio desse? Está completamente equivocado. O que ele não fez em disco (a maioria deles irregular) fez (e faz) muitíssimo bem no palco.

Sobre a maioria dos discos terem sido relançados em CD. Você por acaso tem algum deles? Eu tenho UM. Principalmente porque além de terem saído em 1994 (e NUNCA MAIS relançados) - os três da Som Livre são vendidos por pequenas fortunas no Mercado Livre - isso quando aparecem. Então não acho mesmo esse argumento válido. E caso você tenha pode se desfazer deles agora porque esses tem os encartes - e os antigos não. O disco "O Explosivo" saiu em CD dentro de uma coletânea, o que também não conta.

Se você quer criticar, faça isso com fundamento. "Sempre tem que ser relançados em CD's só os discos que já estamos cansados de ver no formato digital". Tá louco? Acabou de sair Celly Campelo, Xangô da Mangueira, Candeia, Ademilde, Zimbo Trio e vários outros que NUNCA tiveram UM disco de carreira na praça. Chega a ser ofensivo o que você disse.
"Sem contar o desleixo que é feito com os encartes de disco." - Isso também não é verdade. O Fróes tem se esforçado e colocado todas as informações e encartes disponíveis em seus discos. Não tem essa não!
A única coisa que ainda pega na Discobertas são os discos que, quando extraídos de vinil, pecam um pouco na qualidade. Mas, seja como for, acho louvável a atitude quase "quixotesca" do Fróes em jogar luz sobre artistas e obras injustamente relegadas ao limbo.

Rafael disse...

Thiago,

Respondendo as suas perguntas:

1) Tenho sim em disco alguns discos da Discobertas;

2) Na verdade não me expressei corretamente em meu comentário. Na verdade não quis dizer que Cauby é só cantor restrito aos palcos... O cara é muito bom e sempre se sobressai em seus trabalhos, seja em qual área for... Ele tem vários excelentes discos... Não o vi pessoalmente em um palco, pois na capital onde eu moro ele não costuma se apresentar com muita frequência. E o preço de shows de artistas consagrados sempre estão abusivos, daí um dos motivos de quase nunca eu ir a shows dos mesmos... Não importa se é um Cauby ou um Caetano Veloso.

3) Certos discos que já existem em CD estão sendo relançados sim, novamente... Pouco me importa se os meus argumentos são válidos ou não para você. Você que está sendo muito bonzinho, fazendo algumas críticas até demais favoráveis a gravadora... Na verdade apenas citei alguns discos de Cauby... Se fosse citar os discos mais antigos, como o primeiro deles, o "Blue Gardênia", que não saiu ainda em formato digital, levaria horas... Pois vários de seus discos, inclusive os primeiros, mereciam estar nessa caixa...

4) No meu seguinte comentário, "Sempre tem que ser relançados em CD's só os discos DE CAUBY que NÃO estamos já cansados de ver no formato digital". Também me expressei errado aí e esqueci de incluir um "De Cauby" e um "não" no meio disso. Na ânsia e na pressa de querer comentar a minha reação ao saber dos contéudo dos discos, esqueci de incluir essas 2 importantes palavras, que acabaram dando um sentido completamente diferente a minha opinião... Um exemplo do desleixo da gravadora seria na capa do box vol. 1 de Moreira a Silva, que ficou como "Moreira da Siva". E desleixos desse tipo a gente sabe que sempre acontece, na Discobertas e em qualquer outra gravadora. E alguns dos discos lançados pela gravadora, como os da Maria Creuza, estão com o áudio horrível... Agora me vgem essa informação de que esse do Cauby com a Leny está com o som baixo. A fita original desse disco, pode até ter se perdido, não sei se esse foi o caso para que o som no formato em CD saísse baixo, mas mesmo assim é muito chato uma pessoa mais desavisada comprar um disco e ter uma surpresa desagradável dessas. Não deixa de ser louvável a atitude dele em relançar discos que nenhuma gravadora mais se interessa em querer lançá-lo, porém que o Marcelo se atente um pouco mais nessas questões pequenas, para que não se acabe desmerecendo um longo trabalho feito até aqui.

KL disse...

a capa do "Estrelas Solitárias" é linda. Lembro-me de uma crítica (exageradamente ácida) que escreveram sobre esse álbum, comparando-o ao anterior, que (palavras do jornalista) "tinha Caetano, Chico etc)" e que, no outro, já 'trazia Ivan Lins, Gonzaguinha...', ou seja, inferiorizando (injustamente) esses em relação àqueles. Por isso, é uma boa oportunidade de ouvir tudo isso e tirar nossas próprias conclusões. E viva, Cauby, o maior cantor brasileiro da atualidade. Empata apenas com Ney Matogrosso.

Sandro CS disse...

Essa caixa é simplesmente imperdível!!! Cauby é como um fênix: sempre renascendo!
PS: Não sabia que o Cauby tinha gravado MacArthur Park a la Donna Summer. Preciso ouvir isso!