Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Exaustão do eletrotango dilui a renovação do Bajofondo no CD 'Presente'

Resenha de CD
Título: Presente
Artista: Bajofondo
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2

Em 1999, um grupo formado em Paris, Gotan Project, iniciou bem-sucedido processo de renovação do tango com o uso de recursos eletrônicos. Em 2001, no rastro do sucesso já mundial do Gotan Project, foi formado o Bajofondo Tango Club, coletivo hype da Argentina que reúne músicos, DJs e cantores argentinos e uruguaios - aglutinados sob a liderança de Gustavo Santaolalla. Decorridos 12 anos, o coletivo - já com o nome simplificado para Bajofondo - apresenta seu terceiro álbum, Presente, o primeiro de inéditas desde Mar dulce (2007). Talvez ciente de que o eletrotango já não é a bola da vez no universo pop, o Bajofondo procura se renovar neste seu primeiro álbum inteiramente autoral. Pode ser que um ou outro tema, como Código de barra e o sedutor La trufa y el sifón, soem como mais do mesmo. Contudo, é nítida a tentativa de o coletivo mudar o disco. Pena en mi corazón tem pegada de rock que remete à obra do cantor e compositor argentino Fito Paez. Pena que seja cantado (mal) por Gustavo Santaolalla, melhor músico do que vocalista. Já a Intro que abre o longo disco - que totaliza 21 faixas e beira os 80 minutos - soa climática e esboça certa densidade. As passagens de Nocturno calcadas no piano também tentam mexer no vitorioso time. Mas o fato é que os sinais de exaustão do eletrotango diluem as tentativas de renovação esboçadas pelo Bajofondo em Presente. Conciliando temas cantados (caso de Lluvia) com faixas instrumentais (como Sabelo), o CD - produzido por Santaoalalla com Juan Campodónico - resulta por vezes enfadonho, excessivo. Uma faixa como Noviembre, que mais parece  vinheta de clima soturno, parece estar deslocada no disco. Em contrapartida, há boa investida no universo da milonga, gênero repaginado em Milongón. No todo, entre altos e baixos, Presente sinaliza que o futuro do Bajofondo pode ser mais curto do que este terceiro álbum do coletivo.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em 1999, um grupo formado em Paris, Gotan Project, iniciou bem-sucedido processo de renovação do tango com o uso de recursos eletrônicos. Em 2001, no rastro do sucesso já mundial do Gotan Project, foi formado o Bajofondo Tango Club, coletivo hype da Argentina que reúne músicos, DJs e cantores argentinos e uruguaios - aglutinados sob a liderança de Gustavo Santaolalla. Decorridos 12 anos, o coletivo - já com o nome simplificado para Bajofondo - apresenta seu terceiro álbum, Presente, o primeiro de inéditas desde Mar dulce (2007). Talvez ciente de que o eletrotango já não é a bola da vez no universo pop, o Bajofondo procura se renovar neste seu primeiro álbum inteiramente autoral. Pode ser que um ou outro tema, como Código de barra e o sedutor La trufa y el sifón, soem como mais do mesmo. Contudo, é nítida a tentativa de o coletivo mudar o disco. Pena en mi corazón tem pegada de rock que remete à obra do cantor e compositor argentino Fito Paez. Pena que seja cantado (mal) por Gustavo Santaolalla, melhor músico do que vocalista. Já a Intro que abre o longo disco - que totaliza 21 faixas e beira os 80 minutos - soa climática e esboça certa densidade. As passagens de Nocturno calcadas no piano também tentam mexer no vitorioso time. Mas o fato é que os sinais de exaustão do eletrotango diluem as tentativas de renovação esboçadas pelo Bajofondo em Presente. Conciliando temas cantados (caso de Lluvia) com faixas instrumentais (como Sabelo), o CD - produzido por Santaoalalla com Juan Campodónico - resulta por vezes enfadonho, excessivo. Uma faixa como Noviembre, que mais parece vinheta de clima soturno, parece estar deslocada no disco. Em contrapartida, há boa investida no universo da milonga, gênero repaginado em Milongón. No todo, entre altos e baixos, Presente sinaliza que o futuro do Bajofondo pode ser mais curto do que este terceiro álbum do coletivo.

O blog disse...

Achei o disco muito excessivo e cansativo. Já na primeira faixa, temos que pular para a segunda. E hoje com essa vida corrida que levamos, não temos tempos de ouvir um disco tão grande como esse. Talvez no próximo disco eles acertam.