Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Obra de Edu tem grandeza reiterada no toque exuberante da Metropole

Resenha de CD
Título: Edu Lobo & Metropole Orkest
Artista: Edu Lobo e Metropole Orkest
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Lançado no Brasil pela gravadora Biscoito Fino neste mês de abril de 2013, o CD que registra o show feito por Edu Lobo com a Metropole Orkest - apresentado em 28 de maio de 2011 no Teatro Beurs Van Berlage, em Amsterdam, na Holanda - é mais um título retrospectivo da discografia do compositor carioca. Contudo, Edu Lobo & Metropole Orkest faz com que o cancioneiro de Edu soe renovado no toque exuberante da Metropole, orquestra holandesa já habituada a abordar obras de autores de música popular como Ivan Lins (com quem, aliás, também já gravou disco ao vivo). Mérito da orquestra em si - regida pelo maestro Jules Buckley - e mérito do pianista Gilson Peranzzetta, criador das orquestrações que se ajustam com maestria aos tons das músicas de Edu. Somente o arranjo de Vento bravo (Edu Lobo e Paulo César Pinheiro, 1973) - em que a interação das cordas e metais cria tensões e provoca redemoinho que expandem pelo som o sentido dos versos de Pinheiro - já valeria o disco. Majestosa, a Metropole Orkest segue a pisada do baião de Dança do corrupião (Edu Lobo e Paulo César Pinheiro 2010) e abrasa seus metais no ponto incandescente de Frevo diabo (Edu Lobo e Chico Buarque, 1988). Já o samba Ave rara (Edu Lobo e Aldir Blanc, 1993) alça voo com passagens jazzísticas delineadas pelo toque do piano de Gilson Peranzzetta. Tema instrumental, Casa forte (Edu Lobo, 1969) tem - a propósito - sua arquitetura redesenhada com a liberdade do jazz. A mesma que pauta outra faixa instrumental, Zanzibar (Edu Lobo, 1970). Mesmo que o cantor fosse falso, o lirismo de Canção do amanhecer (Edu Lobo e Vinicius de Moraes, 1965) e de Canto triste (Edu Lobo e Vinicius de Moraes, 1967) - músicas em que sobressaem os saxes de Mauro Senise, convidado de quase todas as 14 faixas do disco - se faz ouvir em meio a suntuosidade orquestral dos arranjos de Edu Lobo & Metropole Orkest. Mas o cantor - mesmo sem ter a voz - sabe traduzir a verdade contida em obras-primas como Choro bandido (Edu Lobo e Chico Buarque, 1985) e, como as orquestrações exuberantes de Gilson Peranzzetta se adequam bem a temas como A história de Lily Braun (Edu Lobo e Chico Buarque, 1983), Edu Lobo & Metropole Orkest acaba se impondo como um dos melhores discos da carreira de Edu Lobo, resultando em best of indicado para admiradores antigos de seu cancioneiro refinado (pelo frescor dos arranjos) e também para quem quer se iniciar na obra deste compositor situado na linha de frente da música do Brasil. Grande disco!!!

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Lançado no Brasil pela gravadora Biscoito Fino neste mês de abril de 2013, o CD que registra o show feito por Edu Lobo com a Metropole Orkest - apresentado em 28 de maio de 2011 no Teatro Beurs Van Berlage, em Amsterdam, na Holanda - é mais um título retrospectivo da discografia do compositor carioca. Contudo, Edu Lobo & Metropole Orkest faz com que o cancioneiro de Edu soe renovado no toque exuberante da Metropole, orquestra holandesa já habituada a abordar obras de autores de música popular como Ivan Lins (com quem, aliás, também já gravou disco ao vivo). Mérito da orquestra em si - regida pelo maestro Jules Buckley - e mérito do pianista Gilson Peranzzetta, criador das orquestrações que se ajustam com maestria aos tons das músicas de Edu. Somente o arranjo de Vento bravo (Edu Lobo e Paulo César Pinheiro, 1973) - em que a interação das cordas e metais cria tensões e provoca redemoinho que expandem pelo som o sentido dos versos de Pinheiro - já valeria o disco. Majestosa, a Metropole Orkest segue a pisada do baião de Dança do corrupião (Edu Lobo e Paulo César Pinheiro 2010) e abrasa seus metais no ponto incandescente de Frevo diabo (Edu Lobo e Chico Buarque, 1988). Já o samba Ave rara (Edu Lobo e Aldir Blanc, 1993) alça voo com passagens jazzísticas delineadas pelo toque do piano de Gilson Peranzzetta. Tema instrumental, Casa forte (Edu Lobo, 1969) tem - a propósito - sua arquitetura redesenhada com a liberdade do jazz. A mesma que pauta outra faixa instrumental, Zanzibar (Edu Lobo, 1970). Mesmo que o cantor fosse falso, o lirismo de Canção do amanhecer (Edu Lobo e Vinicius de Moraes, 1965) e de Canto triste (Edu Lobo e Vinicius de Moraes, 1967) - músicas em que sobressaem os saxes de Mauro Senise, convidado de quase todas as 14 faixas do disco - se faz ouvir em meio a suntuosidade orquestral dos arranjos de Edu Lobo & Metropole Orkest. Mas o cantor - mesmo sem ter a voz - sabe traduzir a verdade contida em obras-primas como Choro bandido (Edu Lobo e Chico Buarque, 1993) e, como as orquestrações exuberantes de Gilson Peranzzetta se adequam bem a temas como A história de Lily Braun (Edu Lobo e Chico Buarque, 1993), Edu Lobo & Metropole Orkest acaba se impondo como um dos melhores discos da carreira de Edu Lobo, resultando em best of indicado para admiradores antigos de seu cancioneiro refinado (pelo frescor dos arranjos) e também para quem quer se iniciar na obra deste compositor situado na linha de frente da música do Brasil. Grande disco!!!

Felipe Candido disse...

Oi Mauro!
Acredito que tenha ocorrido algumas confusões de data no seu texto. "Choro Bandido" foi lançada originalmente no álbum "O Corsário do Rei" em 1985 e "A História de Lily Braun" lançada em 1983, no disco "O Grande Circo Místico". Para as duas canções você mencionou o ano de 1993.
Abraço!

Mauro Ferreira disse...

Felipe, grato pelo toque. Em ambas pensei 1983 e digitei 1993, ano da reedição do disco em CD. Abs, mauroF

Anônimo disse...

Deve ter ficado bonito mesmo.
Aliás, o Edu merecia um maior destaque de sua obra - anda muito esquecido.
Esses artistas de MPB mais tradicional, com a derrocada da música brasileira na grande mídia, tanto foram escanteados como se escantearam.
Aí Caetano(principalmente) e Gil deitam e rolam.
Como se diz no futebol:
"Quem se desloca tem preferência"

Toninho Lima disse...

Deve mesmo ser primoroso! Aliás, tudo o que Edu faz é de extremo refinamento.

Já passou da hora do Mestre ter a sua discografia reeditada em CD. Alguns nunca saíram no formato digital, como o "Tempo Presente" (1980), lançado em CD só no Japão.