Mauro Ferreira no G1

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sábado, 4 de agosto de 2012

Autor de 'Olhos Coloridos', Macau põe alma black em CD feito por Sandra

Resenha de CD
Título: Do Jeito que Sua Alma Entende
Artista: Macau
Gravadora: Independente
Cotação: * * *

Em 1981, Macau compôs Olhos Coloridos, funk cheio de orgulho negro que consolidou a carreira de Sandra de Sá ao ser gravado pela cantora para álbum lançado em 1982 pela extinta gravadora RGE. Trinta anos depois, em 2011, Sandra produziu o primeiro álbum solo do carioca Oswaldo Rui da Costa, Do Jeito que Sua Alma Entende, lançado em novembro de 2011 em formato digital. O disco ganha edição física em CD neste ano de 2012 em que Macau festeja seis décadas de vida - completadas em 18 de fevereiro - e três do sucesso de Olhos Coloridos, música obviamente incluída entre as 14 faixas do álbum. Impregnado da alma black de Macau, artista que deu seus primeiros passos na música nos anos 70 como integrante da banda Paulo Bagunça e a Tropa Maldita, Do Jeito que Sua Alma Entende apresenta temas somente de Macau - como Desliga Geral e Da Cor do Café (exaltação à beleza negra) - e três parcerias do engajado compositor com Sandra de Sá, coautora da suingante Free-Lance, da boa balada bluesy Só Pra Dizer que te Amo e da menos sedutora Afasta-se. Além das parcerias e de ter pilotado a produção do disco, Sandra pôs sua voz emblemática no universo black em Chutando Pedra (Macau). O compositor enfatiza no disco sua produção autoral, mas faz também (boas) abordagens do reggae Cara-Cara - parceria de Luiz Melodia e Renato Piau, lançada por Melodia no álbum Pintando o Sete (1991) - e do samba Mora na Filosofia (Monsueto e Arnaldo Passos),  recriado em cadência mais lenta e mais doída, em grande momento do disco. Luiz Melodia, a propósito, põe sua voz (mais rústica, menos aveludada) no sincopado e festivo funk Dois Tipos (Macau, Durval Ferreira e Ronaldo Fialho). Já BNegão é o convidado de Vítimas do Mundo, pondo rap no tema que compôs com Macau e Soca Fagundes. A letra aborda com certa poesia os que sucumbem face à violência das drogas, "Vítimas do prazer profundo / O néctar do submundo", como dizem versos da música. Faixa de forte conotação social, Nos Porões da Vida (Macau) faz a conexão do samba com o rap e o funk, ritmos dominantes nas favelas. Mesmo que o repertório autoral do álbum soe irregular, Do Jeito que Sua Alma Entende é álbum que prima por um suingue black que Macau domina bem.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em 1981, Macau compôs Olhos Coloridos, funk cheio de orgulho negro que consolidou a carreira de Sandra de Sá ao ser gravado pela cantora para álbum lançado em 1982 pela extinta gravadora RGE. Trinta anos depois, em 2011, Sandra produziu o primeiro álbum solo do carioca Oswaldo Rui da Costa, Do Jeito que Sua Alma Entende, lançado em novembro de 2011 em formato digital. O disco ganha edição física em CD neste ano de 2012 em que Macau festeja seis décadas de vida - completadas em 18 de fevereiro - e três do sucesso de Olhos Coloridos, música obviamente incluída entre as 14 faixas do álbum. Impregnado da alma black de Macau, artista que deu seus primeiros passos na música nos anos 70 como integrante da banda Paulo Bagunça e a Tropa Maldita, Do Jeito que Sua Alma Entende apresenta temas somente de Macau - como Desliga Geral e Da Cor do Café (exaltação à beleza negra) - e três parcerias do engajado compositor com Sandra de Sá, coautora da suingante Free-Lance, da boa balada bluesy Só Pra Dizer que te Amo e da menos sedutora Afasta-se. Além das parcerias e de ter pilotado a produção do disco, Sandra pôs sua voz emblemática no universo black em Chutando Pedra (Macau). O compositor enfatiza no disco sua produção autoral, mas faz também (boas) abordagens do reggae Cara-Cara - parceria de Luiz Melodia e Renato Piau, lançada por Melodia no álbum Pintando o Sete (1991) - e do samba Mora na Filosofia (Monsueto e Arnaldo Passos), recriado em cadência mais lenta e mais doída, em grande momento do disco. Luiz Melodia, a propósito, põe sua voz (mais rústica, menos aveludada) no sincopado e festivo funk Dois Tipos (Macau, Durval Ferreira e Ronaldo Fialho). Já BNegão é o convidado de Vítimas do Mundo, pondo rap no tema que compôs com Macau e Soca Fagundes. A letra aborda com certa poesia os que sucumbem face à violência das drogas, "Vítimas do prazer profundo / O néctar do submundo", como dizem versos da música. Faixa de forte conotação social, Nos Porões da Vida (Macau) faz a conexão do samba com o rap e o funk, ritmos dominantes nas favelas. Mesmo que o repertório autoral do álbum soe irregular, Do Jeito que Sua Alma Entende é álbum que prima por um suingue black que Macau domina bem.

Luca disse...

fiquei curioso, não é minha praia esse tipo de som, mas com Bnegão e Melodia já me interesso

Rafael disse...

Achei a capa estranhíssima! Não gostei dela.

Rafael disse...

Bem que eles poderiam aproveitar a oportunidade e lançar o raro e primeiro disco de Sandra de Sá com o áudio remasterizado no mercado. O excelente álbum "Dêmonio Colorido" é inédito no formato digital!!! Um absurdo isso!

Anônimo disse...

A capa é linda.
Tá parecendo Miles Davis.