Mauro Ferreira no G1

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sábado, 28 de julho de 2012

BNegão dá manual de sobrevivência na selva da cidade com suingue 'black'

Resenha de CD
Título: Sintoniza Lá
Artista: BNegão & Seletores de Frequência
Gravadora: Coqueiro Verde Records
Cotação: * * * * 1/2

♪ BNegão sabe que a chapa tá quente e que "o barraco tá zoado demais", como diz em verso de Reação (Panela II) (BNegão e Pedro Selector), faixa embebida em reggae e dub de Sintoniza lá, segundo CD do artista carioca com o grupo Seletores de Frequência, posto efetivamente nas lojas neste mês de julho de 2012 pela gravadora Coqueiro Verde. Mas Negão dá no disco seu manual de sobrevivência na selva da cidade - no caso dele, a do Rio de Janeiro (RJ), terra dos bailes da pesada que propagam o soul e o funk, ritmos presentes no coquetel suingante deste segundo álbum do rapper egresso do Planet Hemp com seu antenado grupo. Pelo manual para festas, bailes e afins da turma, quem deve ficar quente não é a cabeça de neguinho, mas os metais em brasa que pontuam o disco, sucessor do já longínquo Enxugando gelo (2003), CD encartado em número da revista OutraCoisa, editada com heroísmo por Lobão nos anos 2000. Mesmo captando em essência o mesmo som do primeiro disco, Sintoniza lá se impõe pelo suingue e pela coesão do repertório. De certa forma, trata-se de disco conceitual, pois quase todas as músicas versam sobre a necessidade de resistir à luta cotidiana sem explodir. "O monstro é grande, sim / Mas não é invencível", prega Negão em versos de O mundo (Panela de pressão) (B Negão e Fabiano Moreno). De sabor explosivo, o coquetel rítmico do disco amalgama ritmos como samba, funk, soul, rap e reggae com alta dose de suingue. Crente de que a música gerada por gerar alteração positiva, como propaga em Alteração (ÉA!) (BNegão, Pedro Selector e Robson Riva), BNegão e os Seletores de Frequência sintonizam toques de jazz em Vamo! (BNegão, Fabiano Moreno, Fabio Kalunga, Robson Riva e Pedro Selector) e a pegada do rock pesado no deslocado hardcore instrumental Subconsciente (Fabio Kalunga, Nobru Pederneiras e Pedro Garcia). No todo, um bom groove funkeado dá o tom do disco produzido pelo próprio BNegão. Temas como Essa é para tocar no baile (BNegão e Pedro Selector) e Chega pra somar no groove (BNegão, Robson Riva, Fabio Kalunga, Pedro Selector e Fabiano Moreno) já se explicam pelos títulos, sendo que em Chega pra somar no groove Negão chega a listar os ritmos que compõem sua música preta brasileira que sintoniza os sons do mundo. Enfim, um grande e quente disco que dá seu recado positivista em um tom encorajador sem deixar de cair no suingue black. A boa música minimiza a zoação do barraco.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

BNegão sabe que a chapa tá quente e que "o barraco tá zoado demais", como diz em verso de Reação (Panela II) (BNegão e Pedro Selector), faixa embebida em reggae e dub de Sintoniza Lá, segundo CD do artista carioca com o grupo Seletores de Frequência, posto efetivamente nas lojas neste mês de julho de 2012 pela gravadora Coqueiro Verde. Mas Negão dá no disco seu manual de sobrevivência na selva da cidade - no caso dele, a do Rio de Janeiro (RJ), terra dos bailes da pesada que propagam o soul e o funk, ritmos presentes no coquetel suingante deste segundo álbum do rapper egresso do Planet Hemp com seu antenado grupo. Pelo manual para festas, bailes e afins da turma, quem deve ficar quente não é a cabeça de neguinho, mas os metais em brasa que pontuam o disco, sucessor do já longínquo Enxugando o Gelo (2003), CD encartado em número da revista OutraCoisa, editada com heroísmo por Lobão nos anos 2000. Mesmo captando em essência o mesmo som do primeiro disco, Sintoniza Lá se impõe pelo suingue e pela coesão do repertório. De certa forma, trata-se de disco conceitual, pois quase todas as músicas versam sobre a necessidade de resistir à luta cotidiana sem explodir. "O monstro é grande, sim / Mas não é invencível", prega Negão em versos de O Mundo (Panela de Pressão) (B Negão e Fabiano Moreno). De sabor explosivo, o coquetel rítmico do disco amalgama ritmos como samba, funk, soul, rap e reggae com alta dose de suingue. Crente de que a música gerada por gerar alteração positiva, como propaga em Alteração (ÉA!) (BNegão, Pedro Selector e Robson Riva), BNegão e os Seletores de Frequência sintonizam toques de jazz em Vamo! (BNegão, Fabiano Moreno, Fabio Kalunga, Robson Riva e Pedro Selector) e a pegada do rock pesado no deslocado hardcore instrumental Subconsciente (Fabio Kalunga, Nobru Pederneiras e Pedro Garcia). No todo, um bom groove funkeado dá o tom do disco produzido pelo próprio BNegão. Temas como Essa É Para Tocar no Baile (BNegão e Pedro Selector) e Chega Pra Somar no Groove (BNegão, Robson Riva, Fabio Kalunga, Pedro Selector e Fabiano Moreno) já se explicam pelos títulos, sendo que em Chega Pra Somar no Groove Negão chega a listar os ritmos que compõem sua música preta brasileira que sintoniza os sons do mundo. Enfim, um disco quente que dá seu recado positivista em tom de autoajuda sem deixar de cair no suingue black. Boa música minimiza a zoação do barraco.

Luca disse...

e o disco do D2, Mauro, novidade?

Anônimo disse...

Autoajuda soa babaca, Mauro.
Lembra o Paulo Coelho escritor e não o compositor.
Condiz mais com a atitude do disco e do artista dizer que são letras de caráter filosófico.
Mesmo que a filosofia - em alguns pontos meio Budista - no caso seja tão profunda que, como diria Nelson Rodrigues: Uma formiguinha atravesssando daria com a água nas canelas.
O que não é demérito em um disco pop de funk/rock.
Gostei muito do disco, mas o primeiro ainda é melhor.
O grande Planet Hemp acabou, mas seus galhos geraram belos frutos.
Tá faltando sair o segundo do Black Alien - o primeiro é sensacional.

Anônimo disse...

Encorajador fica bemmmmm melhor.
Afinal, a forma como se diz é tão importante quanto o texto.