Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


sábado, 21 de junho de 2014

Fatboy Slim põe Ben, Elis, Gil e Joyce em sua pista no duplo 'Bem Brasil'

O DJ e músico britânico Norman Cook - conhecido no universo pop pelo nome artístico de Fatboy Slim - está de olho no lance. No CD Fatboy Slim presents Bem Brasil, lançado pela Universal Music neste mês de junho de 2014 para pegar carona na mídia sobre a Copa do Mundo disputada no Brasil, o DJ põe na sua pista gravações de André Abujamra, Bebeto, Elis Regina (1945 - 1982), Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Joyce Moreno e MPB-4. Contudo, Fatboy Slim não assina o set sozinho. Para fazer os 20 remixes que compõem Bem Brasil, Slim arregimentou colegas DJs e produtores como Felguk, DJ Fresh, DJ Marky, Doorly, Joey Negro, NERVO, Psychemagik e Yousef. O disco é duplo e conceitual. No CD 1, Para noite, o foco são os sons das raves, das festas noturnas em praias e das boates das metrópoles. É nesse clima noturno que se ambientam os remixes de Taj Mahal (Jorge Ben Jor, 1972) - assinado por Felguk, duo de origem carioca formado pelos DJs e produtores Felipe Lozinsky e Gustavo Rozenthal - e de O cavaleiro e os moinhos (João Bosco e Aldir Blanc, 1976). Nessa música de força política lançada no roteiro do show Falso brilhante (1975) e ora trazida para a pista pelo DJ britânico Yousef, Elis se valia dos versos metafóricos de Aldir Blanc para bradar que iria ter fim a opressão da ditadura que abafava os ares do Brasil desde 1964. No CD 2, Para dia, a intenção do DJ foi fazer um som em sintonia com o clima mais ensolarado e relaxante dos barzinhos e das praias. É nessa clima que o paulistano DJ Marky remixa a gravação de Agiborê (Tom e Dito, 1972) feita pelo grupo MPB-4 para seu álbum Cicatrizes (Philips, 1972). E que o duo britânico Psychemagik - representante da nova cena dance - reprocessa o suingue de Aldeia de Ogum, música de Joyce Moreno, lançada pela cantora e compositora carioca em seu álbum Feminina (EMI-Odeon, 1980). Nome recorrente nas pistas europeias desde os anos 1990, Joyce - a propósito - é erroneamente creditada em Bem Brasil como uma das autoras de Princesa negra de Angola, música de Bebeto e Dhema, lançada pelo paulistano Bebeto em seu álbum Esperanças mil (Copacabana, 1977) e remixada pelo DJ Doorly. Duas gravações de Gilberto Gil, Maracatu atômico (Jorge Mautner e Nelson Jacobina, 1973) e Toda menina baiana (Gilberto Gil, 1979), também figuram no CD Para dia em remixes assinados por Greg Wilson com Derek Kaye e pelo DJ britânico Ashley Beedle, respectivamente. Com repertório completado por músicas inéditas de autoria dos DJs  e produtores (Carl Cox, por exemplo, contribui com Keepee uppee), Bem Brasil tem o mérito de pôr em campo um som eletrônico produzido a partir do suingue brasileiro, valorizando mais o país do que o álbum oficial da Copa.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

♪ O DJ e músico britânico Norman Cook - conhecido no universo pop pelo nome artístico de Fatboy Slim - está de olho no lance. No CD Fatboy Slim presents Bem Brasil, lançado pela Universal Music neste mês de junho de 2014 para pegar carona na mídia sobre a Copa do Mundo disputada no Brasil, o DJ põe na sua pista gravações de André Abujamra, Bebeto, Elis Regina (1945 - 1982), Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Joyce Moreno e MPB-4. Contudo, Fatboy Slim não assina o set sozinho. Para fazer os 20 remixes que compõem Bem Brasil, Slim arregimentou colegas DJs e produtores como Felguk, DJ Fresh, DJ Marky, Doorly, Joey Negro, NERVO, Psychemagik e Yousef. O disco é duplo e conceitual. No CD 1, Para noite, o foco são os sons das raves, das festas noturnas em praias e das boates das metrópoles. É nesse clima noturno que se ambientam os remixes de Taj Mahal (Jorge Ben Jor, 1972) - assinado por Felguk, duo de origem carioca formado pelos DJs e produtores Felipe Lozinsky e Gustavo Rozenthal - e de O cavaleiro e os moinhos (João Bosco e Aldir Blanc, 1976). Nessa música de força política lançada no roteiro do show Falso brilhante (1975) e ora trazida para a pista pelo DJ britânico Yousef, Elis se valia dos versos metafóricos de Aldir Blanc para bradar que iria ter fim a opressão da ditadura que abafava os ares do Brasil desde 1964. No CD 2, Para dia, a intenção do DJ foi fazer um som em sintonia com o clima mais ensolarado e relaxante dos barzinhos e das praias. É nessa clima que o paulistano DJ Marky remixa a gravação de Agiborê (Tom e Dito, 1972) feita pelo grupo MPB-4 para seu álbum Cicatrizes (Philips, 1972). E que o duo britânico Psychemagik - representante da nova cena dance - reprocessa o suingue de Aldeia de Ogum, música de Joyce Moreno, lançada pela cantora e compositora carioca em seu álbum Feminina (EMI-Odeon, 1980). Nome recorrente nas pistas europeias desde os anos 1990, Joyce - a propósito - é erroneamente creditada em Bem Brasil como uma das autoras de Princesa negra de Angola, música de Bebeto e Dhema, lançada pelo paulistano Bebeto em seu álbum Esperanças mil (Copacabana, 1977) e remixada pelo DJ Doorly. Duas gravações de Gilberto Gil, Maracatu atômico (Jorge Mautner e Nelson Jacobina, 1973) e Toda menina baiana (Gilberto Gil, 1979), também figuram no CD Para dia em remixes assinados por Greg Wilson com Derek Kaye e pelo DJ britânico Ashley Beedle, respectivamente. Com repertório completado por músicas inéditas de autoria dos DJs e produtores (Carl Cox, por exemplo, contribui com Keepee uppee), Bem Brasil tem o mérito de pôr em campo um som eletrônico produzido a partir do suingue brasileiro, valorizando mais o país do que o álbum oficial da Copa.