Mauro Ferreira no G1

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domingo, 15 de junho de 2014

'Corazón' de Santana bate descompassado em duetos com astros latinos

Resenha de CD
Título: Corazón
Artista: Santana
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2

Corazón - o álbum que junta Carlos Santana a artistas latinos, em sua maioria ídolos do mercado de música hispânica - é, em essência, mais um desdobramento da fórmula bem-sucedida, mas já exaurida, de Supernatural, o multi-platinado álbum de 1999 que injetou fôlego na carreira fonográfica do compositor e guitarrista mexicano. Ainda proeminente, a guitarra de Santana salta aos ouvidos ao longo das 14 faixas do disco, em sua maioria produzidas por Lester Mendez (há fonogramas formatados por outros produtores como The Cataracs e o próprio Santana), mas o sabor latino do coquetel é bem ralo. Corazón bate descompassado, bombeando sons de cepas distintas. Alocada já abertura do disco, a azeitada versão em português de Saideira (Samuel Rosa e Rodrigo Leão) com Samuel Rosa - a versão em espanhol figura como faixa-bônus - é uma das poucas gravações que legitimam o projeto. Outro registro que resultou vigoroso é o de Mar bicho (Flavio Oscar Cianclarullo), feito com o grupo argentino de ska Los Fabulosos Cadillacs. Em contrapartida, Amor correspondido (Rafael Esparza-Ruiz e Yael Henriquez) rebobina romantismo trivial enquanto Beijo de longe (Teofilo Chantre e Gerard Mendes) mostra a cubana Gloria Estefan tentando soar como a cabo-verdiana Cesaria Évora (1941 - 2011). No todo, Corazón até bate bem no início, mas vai perdendo pulso a partir da quarta faixa. Música que deu título em 1996 ao primeiro álbum de Jarabe de Palo, grupo espanhol de rock latino, La flaca (Paul Donés) ganha a força do colombiano Juanes e figura no lado bom de Corazón. Mas é inegável que se trata de um dos álbuns mais irregulares de Santana. Até cantoras habitual expressivas - como a mexicana Lila Downs, convidada de Una noche em Nápoles - rendem bem menos do que de costume em Corazón. Já Oye (Tito Puente, Niles Hollowell-Dhar e Armando Christian Perez) parece ser mero veículo para outra exposição do rap de Pitbull. Embora o toque de sua guitarra valorize o projeto, Corazón deixa a certeza de que Santana precisa ter coragem de abandonar fórmula fonográfica que já deu o que tinha que dar e que serve mais aos interesses de sua gravadora.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Corazón - o álbum que junta Carlos Santana a artistas latinos, em sua maioria ídolos do mercado de música hispânica - é, em essência, mais um desdobramento da fórmula bem-sucedida, mas já exaurida, de Supernatural, o multi-platinado álbum de 1999 que injetou fôlego na carreira fonográfica do compositor e guitarrista mexicano. Ainda proeminente, a guitarra de Santana salta aos ouvidos ao longo das 14 faixas do disco, em sua maioria produzidas por Lester Mendez (há fonogramas formatados por outros produtores como The Cataracs e o próprio Santana), mas o sabor latino do coquetel é bem ralo. Corazón bate descompassado, bombeando sons de cepas distintas. Alocada já abertura do disco, a azeitada versão em português de Saideira (Samuel Rosa e Rodrigo Leão) com Samuel Rosa - a versão em espanhol figura como faixa-bônus - é uma das poucas gravações que legitimam o projeto. Outro registro que resultou vigoroso é o de Mar bicho (Flavio Oscar Cianclarullo), feito com o grupo argentino de ska Los Fabulosos Cadillacs. Em contrapartida, Amor correspondido (Rafael Esparza-Ruiz e Yael Henriquez) rebobina romantismo trivial enquanto Beijo de longe (Teofilo Chantre e Gerard Mendes) mostra a cubana Gloria Estefan tentando soar como a cabo-verdiana Cesaria Évora (1941 - 2011). No todo, Corazón até bate bem no início, mas vai perdendo pulso a partir da quarta faixa. Música que deu título em 1996 ao primeiro álbum de Jarabe de Palo, grupo espanhol de rock latino, La flaca (Paul Donés) ganha a força do colombiano Juanes e figura no lado bom de Corazón. Mas é inegável que se trata de um dos álbuns mais irregulares de Santana. Até cantoras habitual expressivas - como a mexicana Lila Downs, convidada de Una noche em Nápoles - rendem bem menos do que de costume em Corazón. Já Oye (Tito Puente, Niles Hollowell-Dhar e Armando Christian Perez) parece ser mero veículo para outra exposição do rap de Pitbull. Embora o toque de sua guitarra valorize o projeto, Corazón deixa a certeza de que Santana precisa ter coragem de abandonar fórmula fonográfica que já deu o que tinha que dar e que serve mais aos interesses de sua gravadora.