Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Álbum oficial da Copa de 2014 representa mais os gringos do que o Brasil

Resenha de CD
Título: One love, one rhythm - The 2014 Fifa World Cup official album
Artista: Vários
Gravadora: Sony Music
Cotação: * *

A bola vai rolar a  partir de hoje nos gramados do Brasil. E, se a seleção de Luiz Felipe Scolari começar sua escalada de vitórias, vai rolar também a festa. Só que a trilha sonora dessa festa certamente vai ignorar o álbum oficial da Copa do Mundo de 2014. Assim como aconteceu com a música da África no disco da Copa de  2010, os sons do Brasil estão mal representados na seleção musical de One love, one rhythm - The 2014 Fifa World Cup official album. O disco joga para a galera gringa, impondo visão estrangeira do suingue brasileiro. A canção oficial da Copa do Mundo deste ano de 2014 - We are one (Ole ola), defendida pelo rapper norte-americano Pitbull com a adesão das cantoras Claudia Leitte e Jennifer Lopez - prega no título o congraçamento universal entre torcedores e jogadores, misturando rap, samba e latinidades. Só que o álbum trai essa ideologia ao filtrar o suingue nativo pela estética estrangeira, como todos nós fossemos um - Os Estados Unidos. Não é à toa que o elenco nacional concentra artistas de visibilidade no exterior - casos de Alexandre Pires (que dá voz aos versos encorajadores de Dar um jeito, coadjuvando em faixa protagonizada pelo guitarrista mexicano Carlos Santana com o rapper norte-americano Wyclef Jean), de Bebel Gilberto - presente no álbum com abordagem americanizada do choro Tico-tico no fubá (Zequinha de Abreu, 1931), sucesso da cantora Carmen Miranda (1909 - 1955) que Bebel, cantora nascida nos EUA mas criada no Brasil, revive no toque do piano do chinês Lang Lan - e de Sergio Mendes. Sem falar em Carlinhos Brown, o Carlito Marrón do mercado musical de língua hispânica. Especialista na tradução do suingue da música brasileira para o idioma pop norte-americano, Mendes propaga One nation, tema encorpado com o baticum de Brown que reforça a sensação de que o álbum cai mal no suingue brasileiro entre estereótipos e estrangeirismos. Com fome de bola, Brown também se junta a Shakira em La la la (Brasil 2014), tema de vibração industrializada. Entre versos-clichês como os cantados por Preta Gil em Go, gol,  faixa que simula animação em tom artificial, o balanço carioca do samba Tatu bom de bola  - ouvido no álbum no registro original de Arlindo Cruz e em remix assinado por DJ Memê - acaba sendo o que de mais brasileiro e verdadeiro há em One love, one rhythm - The 2014 Fifa World Cup official album, cujo repertório inclui até o último grande hit da música baiana, Lepo lepo, entre gravação de Ricky Martin (Vida, na versão em espanhol). Falta coesão à escalação da seleção musical oficial da Copa de 2014. Se rolar a festa, não vai ser com músicas deste CD que representa mal o Brasil.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

A bola vai rolar a partir de hoje nos gramados do Brasil. E, se a seleção de Luiz Felipe Scolari começar sua escalada de vitórias, vai rolar também a festa. Só que a trilha sonora dessa festa certamente vai ignorar o álbum oficial da Copa do Mundo de 2014. Assim como aconteceu com a música da África no disco da Copa de 2010, os sons do Brasil estão mal representados na seleção musical de One love, one rhythm - The 2014 Fifa World Cup official album. O disco joga para a galera gringa, impondo visão estrangeira do suingue brasileiro. A canção oficial da Copa do Mundo deste ano de 2014 - We are one (Ole ola), defendida pelo rapper norte-americano Pitbull com a adesão das cantoras Claudia Leitte e Jennifer Lopez - prega no título o congraçamento universal entre torcedores e jogadores. Só que o álbum trai essa ideologia ao filtrar o suingue nativo pela estética estrangeira, como todos nós fossemos um - Os Estados Unidos. Não é à toa que o elenco nacional concentra artistas de visibilidade no exterior - casos de Alexandre Pires (que dá voz aos versos encorajadores de Dar um jeito, coadjuvando em faixa protagonizada pelo guitarrista mexicano Carlos Santana com o rapper norte-americano Wyclef Jean), de Bebel Gilberto - presente no álbum com abordagem americanizada do choro Tico-tico no fubá (Zequinha de Abreu, 1931), sucesso da cantora Carmen Miranda (1909 - 1955) que Bebel, cantora nascida nos EUA mas criada no Brasil, revive no toque do piano do chinês Lang Lan - e de Sergio Mendes. Sem falar em Carlinhos Brown, o Carlito Marrón do mercado musical de língua hispânica. Especialista na tradução do suingue da música brasileira para o idioma pop norte-americano, Mendes propaga One nation, tema encorpado com o baticum de Brown. Com fome de bola, Brown também se junta a Shakira em La la la (Brasil 2014), tema de vibração industrializada. Entre versos-clichês como os cantados por Preta Gil em Go, gol, faixa que simula animação, o balanço carioca do samba Tatu bom de bola - ouvido no álbum no registro original de Arlindo Cruz e em remix assinado por DJ Memê - acaba sendo o que de mais brasileiro e verdadeiro há em One love, one rhythm - The 2014 Fifa World Cup official album, cujo repertório inclui até o último grande hit da música baiana, Lepo lepo, entre gravação de Ricky Martin. Falta coesão à escalação da seleção musical oficial da Copa de 2014. Se rolar a festa, não será com músicas deste CD que representa mal o Brasil.

paulo sergio disse...

CA cara do Brasil.
Copa no Brasil sem jogadores Brasileiros e músicas Brasileiras.
Quem paga pra gente ficar assim?
FIFA, com certeza, é o nume de um sócio

Eduardo Cáffaro disse...

Horrivel esse CD ....lixo ! o brasil tem artistas e compositores que poderiam dar um banho e ser um CD maravilhoso. E fizeram esse lixo as pressas ....não tem nada a ver !

O blog disse...

Cadê Seu Jorge? Fernanda Abreu? Vanessa da Mata? Caetano? Gil? Daniela? Poderiam ter convidado artistas de várias regiões do Brasil e mesclar com outros artistas do mundo. Na França com a Zaz, na Itália com Jovanotti, na Argentina com Diego Torres, na Colômbia Juanes, México Julieta Venegas.... enfim, esse gol foi na trave.