Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 2 de abril de 2013

Ângela Maria documenta em DVD fase luminosa como estrela da canção

Resenha de DVD
Título: Estrela da canção popular
Artista: Ângela Maria
Gravadora: Lua Music / Canal Brasil
Cotação: * * * 1/2

"Não gosto do meu nome verdadeiro. Eu gosto de Ângela Maria", admite Abelim Maria da Cunha diante das câmeras que captam a cantora em sua casa, em São Paulo (SP), durante entrevista que serve de fio condutor para o documentário exibido no DVD Estrela da canção popular,  nas lojas neste mês de abril de 2013 em edição da gravadora Lua Music. A caminho dos 84 anos, a serem completados em 13 de maio, Ângela Maria - o único nome para o Brasil dessa cantora fluminense projetada nos anos 50 - recorda momentos marcantes de sua trajetória no seu primeiro DVD (ou o segundo se levada em conta a edição à sua revelia, em 2010, do especial gravado pela cantora em 1980 para a TV Globo). O caráter documental de Estrela da canção popular impede que o DVD resulte trivial e se limite à exibição do show captado em 27 de maio de 2012 no Teatro Fecap, em São Paulo (SP), com produção de Thiago Marques Luiz. Ao intercalar valiosas imagens de arquivo de várias épocas com números do show em que a Sapoti dá voz, em tons apropriadamente menores, a músicas como Esse cara (Caetano Veloso, 1972) e Pra você (Silvio César, 1968), o DVD permite ao ouvinte acompanhar as transformações da singular voz de mezzo-soprano  treinada no coral da igreja batista freqüentada pela família de Ângela, mas diplomada no ofício de crooner dos profanos dancings da Copacabana dos anos 40. Estrela da canção popular rebobina, por exemplo, o clipe de Babalu (1939) - sucesso cubano da compositora Margarita Lecuona (1910 - 1981) que a cantora popularizou no Brasil em gravação de 1958 - filmado em 1975 para exibição no programa Fantástico, com todos os agudos a que a cantora tinha direito na época. Já Mamãe (Herivelto Martins e David Nasser) - música que Ângela lançou em disco de 1957 em dueto com o cantor paulista João Dias (1927 - 1996) - é ouvida em take de programa exibido pela TV Cultura em 1973. E por falar em mãe, Ângela se emociona ao recordar o dia em que foi apresentada à mãe, Julieta Maria da Cunha, no Rio de Janeiro (RJ), pois questões econômicas haviam separado temporariamente mãe e filha. Mais tarde, a filha teria o orgulho de comprar uma casa para a mãe, como relata em outro momento da entrevista. Mimo possível depois que, nos anos 50, Ângela Maria se tornou uma das mais reluzentes estrelas da canção popular do Brasil, dando sua voz de expressiva extensão a boleros e sambas-canções de tom folhetinesco e / ou melodramático. E, como era praxe na época, estrelas da canção viravam também estrelas de cinema. O DVD surpreende o espectador ao mostrar cenas raramente vistas de Ângela Maria nos filmes Carnaval em Marte (1955), Fuzileiro do amor (1956) - no qual a artista canta Adeus, querido (Floriano Faissal e Eduardo Patané, 1955) - e Rio fantasia (1957). Fora da parte documental, o DVD Estrela da canção popular exibe números musicais do show de 2012 como Escuta (Ivon Curi, 1955), Gente humilde (Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque, 1970) - momento em que a voz da Sapoti se junta somente ao violão de Ronaldo Rayol - e Vida de bailarina (Américo Seixas e Chocolate, 1953). Músicas para sempre associadas ao canto de Ângela Maria. Assim como a voz do amigo Cauby Peixoto, com quem a cantora se reencontra no show para set de vozes & violão que inclui Abandono (Nazareno de Brito e Presyla de Barros, 1955), Brigas (Jair Amorim e Evaldo Gouveia) - música que Ângela gravou em 1979 com Agnaldo Timóteo - e Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro, 1937). Contudo, talvez o número mais emblemático do show seja Falhaste coração (Cuco Sanchez  em versão de Luis Carlos Gouveia), música que a cantora gravou pela primeira vez em 1965. A empatia entre o público e a artista nesta canção popular gera faísca, fagulhas da luz de uma estrela que resiste bem em cena. O Brasil talvez ignore quem seja Abelim Maria da Cunha, mas gosta de Ângela Maria.

6 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"Não gosto do meu nome verdadeiro. Eu gosto de Ângela Maria", admite Abelim Maria da Cunha diante das câmeras que captam a cantora em sua casa, em São Paulo (SP), durante entrevista que serve de fio condutor para o documentário exibido no DVD Estrela da canção popular, nas lojas neste mês de abril de 2013 em edição da gravadora Lua Music. A caminho dos 84 anos, a serem completados em 13 de maio, Ângela Maria - o único nome para o Brasil dessa cantora fluminense projetada nos anos 50 - recorda momentos marcantes de sua trajetória no seu primeiro DVD (ou o segundo se levada em conta a edição à sua revelia, em 2010, do especial gravado pela cantora em 1980 para a TV Globo). O caráter documental de Estrela da canção popular impede que o DVD resulte trivial e se limite à exibição do show captado em 27 de maio de 2012 no Teatro Fecap, em São Paulo (SP), com produção de Thiago Marques Luiz. Ao intercalar valiosas imagens de arquivo de várias épocas com números do show em que a Sapoti dá voz, em tons apropriadamente menores, a músicas como Esse cara (Caetano Veloso, 1972) e Pra você (Silvio César, 1968), o DVD permite ao ouvinte acompanhar as transformações da singular voz de mezzo-soprano treinada no coral da igreja batista freqüentada pela família de Ângela, mas diplomada no ofício de crooner dos profanos dancings da Copacabana dos anos 40. Estrela da canção popular rebobina, por exemplo, o clipe de Babalu (1939) - sucesso cubano da compositora Margarita Lecuona (1910 - 1981) que a cantora popularizou no Brasil em gravação de 1958 - filmado em 1975 para exibição no programa Fantástico, com todos os agudos a que a cantora tinha direito na época. Já Mamãe (Herivelto Martins e David Nasser) - música que Ângela lançou em disco de 1957 em dueto com o cantor paulista João Dias (1927 - 1996) - é ouvida em take de programa exibido pela TV Cultura em 1973. E por falar em mãe, Ângela se emociona ao recordar o dia em que foi apresentada à mãe, Julieta Maria da Cunha, no Rio de Janeiro (RJ), pois questões econômicas haviam separado temporariamente mãe e filha. Mais tarde, a filha teria o orgulho de comprar uma casa para a mãe, como relata em outro momento da entrevista. Mimo possível depois que, nos anos 50, Ângela Maria se tornou uma das mais reluzentes estrelas da canção popular do Brasil, dando sua voz de expressiva extensão a boleros e sambas-canções de tom folhetinesco e / ou melodramático. E, como era praxe na época, estrelas da canção viravam também estrelas de cinema. O DVD surpreende o espectador ao mostrar cenas raramente vistas de Ângela Maria nos filmes Carnaval em Marte (1955), Fuzileiro do amor (1956) - no qual a artista canta Adeus, querido (Floriano Faissal e Eduardo Patané, 1955) - e Rio fantasia (1957). Fora da parte documental, o DVD Estrela da canção popular exibe números musicais do show de 2012 como Escuta (Ivon Curi, 1955), Gente humilde (Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque, 1970) - momento em que a voz da Sapoti se junta somente ao violão de Ronaldo Rayol - e Vida de bailarina (Américo Seixas e Chocolate, 1953). Músicas para sempre associadas ao canto de Ângela Maria. Assim como a voz do amigo Cauby Peixoto, com quem a cantora se reencontra no show para set de vozes & violão que inclui Abandono (Nazareno de Brito e Presyla de Barros, 1955), Brigas (Jair Amorim e Evaldo Gouveia) - música que Ângela gravou em 1979 com Agnaldo Timóteo - e Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro, 1937). Contudo, talvez o número mais emblemático do show seja Falhaste coração (Cuco Sanchez em versão de Luis Carlos Gouveia), música que a cantora gravou pela primeira vez em 1965. A empatia entre o público e a artista nesta canção popular gera faísca, fagulhas da luz de uma estrela que resiste bem em cena. O Brasil talvez ignore quem seja Abelim Maria da Cunha, mas gosta de Ângela Maria.

Unknown disse...

Graças ao Thiago Marques, tive o prazer de acompanhar a gravação desse maravilhoso documentário.

Anônimo disse...

Ângela Maria é sem dúvida, um patrimônio Cultural. Um dos maiores. Antiguidade é posto e temos que respeitar, independente de não estar mais em sua plena emissão vocal, nossa Sapoti ainda emociona seu público e o respeita com sua admirável Arte. Bom e digno esse registro, embora tardio. Há tempos, ela já merecia essa homenagem.

Marcelo disse...

Uma grande artista que merece todo nosso reconhecimento!

EDELWEISS1948 disse...

ANGELA MARIA FAZ PARTE DA SANTISSIMA TRINDADE. DALVA DE OLIVEIRA / ANGELA E ELIS REGINA. POR ORDEM DE CHEGADA NO MUNDO MUSICAL.

Dido Borges disse...

Meteram photoshop exageradamente na foto da capa.
Angela não merecia isso.
Ela tá parecendo um transformista.