Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Com Trio Preto e BandaCê, Caetano acerta passo do frevo, samba e rock

Recife (PE) - De início, quando Caetano Veloso corajosamente entrou no palco e, a sós com seu violão, entoou sua canção Luz do sol (1982) para a multidão que o aguardava no Marco Zero, pareceu que o cantor e compositor baiano faria show trivial no Carnaval do Recife (PE), sem a pulsação da folia. Pista falsa. Ainda que afrouxando a costura do roteiro, Caetano conquistou o público ao alternar números de voz & violão - em que rebobinou sucessos como Leãozinho (1977), Sampa (1978) e Força estranha (1978), aplaudidos e/ou cantados de imediato pelo público - com a pressão e a alegria esperadas de um show programado no encerramento do Carnaval da Capital de Pernambuco. Feito na madrugada desta quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013, o show de Caetano Veloso no Marco Zero foi especial. A grande novidade foi a junção da BandaCê com o Trio Preto + 1, apresentado em cena por Caetano como o "suprassumo do espírito do samba". De fato, o molho dos números coletivos foi a percussão do Trio Preto + 1, liderado por Pretinho da Serrinha. Queixa (1982) foi refeita no toque do afoxé e se tornou um dos grandes momentos do show. Outra música que se impôs arrasadora no show - levado por Caetano com leveza e visível felicidade por estar se apresentando no Recife - foi Eu sou neguinha? (1987), número em que o artista botou seu bloco na rua, entre o trans-samba e o trans-rock. Novamente, a pegada quente do Trio Preto + 1 fez a diferença. Caetano também acertou o passo do frevo quando cantou Frevo nº 2 do Recife (Antônio Maria) - número em que sobressaíram os metais e o suingue da guitarra de Pedro Sá - e quando recorreu ao irresistível e inevitável Chuva, suor e cerveja (1971), frevo da lavra carnavalesca do compositor, da qual Caetano pinçou também sua infalível marcha A filha da Chiquita Bacana (1975). Antes, o artista cantou duas músicas de seu recém-lançado álbum Abraçaço (2012). Com peso e distorções, a faixa-título sinalizou que a turnê nacional do disco - programada para estrear em 21 de março, no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ) - pode vir a ter pegada roqueira mais forte do que a levada do CD, inspirado pelo violão. Música de Abraçaço, O império da lei (2012) teve acentuado no show o balanço nortista do refrão. Em outro polo, três sambas da lavra fina de Ivone Lara - Alguém me avisou (1980), Sonho meu (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1978) e Acreditar (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1976), encadeados em medley feito pelo cantor somente com o Trio Preto + 1 - também animaram o Carnaval multifacetado (e surpreendente) de Caetano Veloso no Recife no fim da folia de 2013.
Foto: Rodrigo Amaral
O blog Notas Musicais cobre o Carnaval do Recife (PE) a convite da Prefeitura do Recife.

13 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Recife (PE) - De início, quando Caetano Veloso corajosamente entrou no palco e, a sós com seu violão, entoou sua canção Luz do sol (1982) para a multidão que o aguardava no Marco Zero, pareceu que o cantor e compositor baiano faria show trivial no Carnaval do Recife (PE), sem a pulsação da folia. Pista falsa. Ainda que afrouxando a costura do roteiro, Caetano conquistou o público ao alternar números de voz & violão - em que rebobinou sucessos como Leãozinho (1977), Sampa (1978) e Força estranha (1978), aplaudidos e/ou cantados de imediato pelo público - com a pressão e a alegria esperadas de um show programado no encerramento do Carnaval da Capital de Pernambuco. Feito na madrugada desta quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013, o show de Caetano Veloso no Marco Zero foi especial. A grande novidade foi a junção da BandaCê com o Trio Preto + 1, apresentado em cena por Caetano como o "suprassumo do espírito do samba". De fato, o molho dos números coletivos foi a percussão do Trio Preto + 1, liderado por Pretinho da Serrinha. Queixa (1982) foi refeita no toque do afoxé e se tornou um dos grandes momentos do show. Outra música que se impôs arrasadora no show - levado por Caetano com leveza e visível felicidade por estar se apresentando no Recife - foi Eu sou neguinha? (1987), número em que o artista botou seu bloco na rua, entre o trans-samba e o trans-rock. Novamente, a pegada quente do Trio Preto + 1 fez a diferença. Caetano também acertou o passo do frevo quando cantou Frevo nº 2 do Recife (Antônio Maria) - número em que sobressaíram os metais e o suingue da guitarra de Pedro Sá - e quando recorreu ao irresistível e inevitável Chuva, suor e cerveja (1971), frevo da lavra carnavalesca do compositor, da qual Caetano pinçou também sua infalível marcha A filha da Chiquita Bacana (1975). Antes, o artista cantou duas músicas de seu recém-lançado álbum Abraçaço (2012). Com peso e distorções, a faixa-título sinalizou que a turnê nacional do disco - programada para estrear em 21 de março, no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ) - pode vir a ter pegada roqueira mais forte do que a levada do CD, inspirado pelo violão. Música de Abraçaço, O império da lei (2012) teve acentuado no show o balanço nortista do refrão. Em outro polo, três sambas da lavra fina de Ivone Lara - Alguém me avisou (1980), Sonho meu (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1978) e Acreditar (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1976), encadeados em medley feito pelo cantor somente com o Trio Preto + 1 - também animaram o Carnaval multifacetado (e surpreendente) de Caetano Veloso no Recife no fim da folia de 2013.

lurian disse...

Eu até comecei a ver esse show, quando vi que estava + pros ultimos discos sai, fui ver o da CéU, que me parecia mais sedutor...por Caetano depois da explosão que foi Elba, a meu ver foi bola fora da organização.

Rafael disse...

Adoraria ver esse show do Caetano. Acho que deve ter sido sim um show espetacular. Só pelo repertório, já se dá para ter uma noção do quão foi bom o show.

Anônimo disse...

Pô, Lurian, o baiano Caetano nunca é bola fora.
É sempre uma honra e um prazer vê-lo no carnaval de Pernambuco.
Não vi o show, tb preferi ver o ótimo show de Céu, mas falando com alguns amigos a impressão deles foi a mesma do Mauro.
Ou seja, não veio a passeio.

lurian disse...

Do que eu vi, achei chatíssimo, quebrou o clima deixado por Elba que foi a maior explosão...olha que tenho muitos anos de show da leoa mas nunca tinha visto um com tanta vitalidade, a mulher veio arrebentando tudo, até a roupa. Do baiano fiquei ouvindo umas 5 musicas e só 1 era conhecida,as outras, nem conhecidas, nem interessantes. Me mandei... Caetano pra mim só até inicio dos 80 e ponto. Definitivamente não gostei, ponto pros seus amigos Zé Henrique que curtiram.

Maria disse...

Caetano não é, e nunca pode ser bola fora!

Anônimo disse...

Acho que vc pegou a parte "chata", Lurian. Enfim.
Ponto pra vc que conseguiu, sabe-se lá como, sair do Marco Zero e chegar no show de Céu. rsrsrs

lurian disse...

VCs me dão licença de não gostar mais de Caetano? Obrigado.
Vamos ao que importa Zé Henrique, vc sabe se alguém gravou CéU cantando Mil e uma noites de amor.

Carla_ disse...

lurian,

Olha o vídeo aqui http://www.youtube.com/watch?v=cJnraeb5lWc

o som esta um tanto "zuado". Mas da pra curtir!

Eduardo Cáffaro disse...

Esses shows no Marco Zero, deveriam ser gravados para serem lançados em DVD. Divulgaria o carnaval de Recife, e normalmente os artistas fazem shows fantásticos, essa da Elba um amigo meu assistiu e me disse que foi melhor que todos os Dvds que ela já tem. Gal chegou a fazer um show lá só com frevos , cirandas e sambas... Quem não ia querer esse show da Gal no Marco Zero ? ALô gravadoras ... tão sempre comendo bola né ?

Wagner Hardman Lima disse...

Foi um show chato por ter sido escolhido pra o dia, local e tempo errado. Canções como Sampa e Leãozinho em plena terça de Carnaval em que a energia está lá em cima por conta dos últimos minutos de frevo foi um equívoco da organização e uma má escolha de repertório dele. Tentei curti, mas não deu. Fui embora também.
O show do Carnaval foi o de Elba. Conseguiu me arrepiar tamanha a vitalidade, energia e vivacidade. Até canções já entoadas há anos por ela pareciam novas. Rasgou tudo, até a roupa. Rasgou nossa emoção e jogou pro vento com confete e serpetina.

acho q só os fãs e turistas q não sacam de carnaval gostaram do show de Caê.

Anônimo disse...

Achei esse vídeo aqui da Sereia cantando Pepeu.
Não está completo, mas dá pra ter uma idéia.

http://www.youtube.com/watch?v=cJnraeb5lWc

Na verdade, eu achei que não ornou muito depois de Hendrix tocar essa baladinha do Pepeu.
Mas é sempre salutar surpreender e mostrar outras referências.

PS: Não agradeça antes. Não dou licença. :-)

lurian disse...

Então, Zé Henrique e Carla, obrigado pela pesquisa, já havia feito sem resultado... Wagner você entendeu e (sentiu?) o mesmo que eu... Acho que Caetano é um grande músico, mas tem parte da obra dele que não me encanta e foi exatamente essa a que iniciou o show... no caso Maria, a 'bola fora' foi colocá-lo após o incêndio Elba e antecedendo Alceu. No mais, o carnaval de Recife é uma beleza porque tem pra todos e Caetano pode e deve estar nele tranquilamente, como tantos outros.