Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Show 'Estrela decadente' irradia em cena o brilho ascendente de Pethit

Resenha de show
Título: Estrela decadente
Artista: Thiago Pethit (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Solar de Botafogo (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 24 de janeiro de 2013
Cotação: * * * *

O show Estrela decadente expõe em cena a amplitude do salto qualitativo dado por Thiago Pethit com seu segundo álbum, homônimo do show que estreou no Rio de Janeiro (RJ) na noite de ontem, 24 de janeiro de 2013, dentro da série Música no Solar, do teatro Solar de Botafogo. Mesmo sem o aparato cênico e os convidados (Cida Moreira e Mallu Magalhães) da estreia em São Paulo (SP), em outubro de 2012, o show irradiou o brilho e o humor do cantor e compositor paulistano. "Problemas de som? Tudo bem... O show se chama Estrela decadente", ironizou Pethit ao detectar alguns desajustes técnicos no som após cantar Pas de deux (Thiago Pethit, 2012), estilizado charleston que abre o show e o disco. Se Dandy darling (Thiago Pethit e Rafael Barion, 2012) é número ambientado em clima underground de cabaré, a balada bilíngue Perto do fim (Thiago Pethit, 2012) deixa os climas em segundo plano ao explicitar a inspiração ascendente deste compositor, ex-ator que entrou na pele de cantor a partir de 2008 com a edição do EP Em outro lugar. Perto do fim é linda de doer! Sim, há dor no cancioneiro de Pethit, amenizada em cena pela vivacidade do cantor no palco. O fato de muitas músicas terem versos bilíngues, em português e em inglês, torna natural a inclusão no roteiro do cover de My girl (Smokey Robinson e Ronald White, 1964), feito com reverência ao arranjo da clássica gravação do grupo norte-americano de soul e r & b The Temptations. Totalmente em inglês, a balada So long, new love (Thiago Pethit, 2011) - veiculada em filme publicitário de 2011 - está ajustada à atmosfera retrô de parte do repertório, remetendo aos sons dos anos 50 da mesma forma que Haunted love (Thiago Pethit, 2012) evoca a era do doo-wop. So long, new love e Haunted love são números abrilhantados pelos vocais dos músicos da banda, que inclui a tecladista Camila Lordy, o baterista Leonardo Rosa, o baixista Anderson Ambrifi e o guitarista Pedro Penna. Em diálogo com a voz de Pethit, a guitarra de Penna, aliás, sublinha com seu toque western a solidão exposta nos versos do samba-canção De cigarro em cigarro (Luiz Bonfá, 1953), alocado no roteiro como introdução da música-título Estrela decadente (Thiago Pethit, 2012), cantada na pressão de um hard rock. O ator-cantor convence como roqueiro à moda antiga ao pescar no baú tropicalista de Gal Costa a pérola mais rara do repertório do show, Love, try and die (Jards Macalé, Lanny Gordin e Gal Costa, 1970), rockaço que ficou leGal na voz de Pethit. A pegada de rock'n'roll do número contrasta com a melancolia do bloco de canções que o precede. São três baladas - Forasteiro (Thiago Pethit e Hélio Flanders, 2010), Mapa-múndi (Thiago Pethit, 2010) e Fuga nº 1 (Thiago Pethit, 2010) - do primeiro álbum do artista, Berlim, Texas (2010). Mas o roqueiro endiabrado que por vezes entra em cena está em sintonia com o tom soturno de Devil in me (Thiago Pethit e Hélio Flanders, 2012), tema em que o canto também ascendente de Pethit fica sombrio. Só que na sequência Nightwalker (Thiago Pethit - tema do CD Berlim, Texas) dilui as sombras - refazendo o convite à dança de Pas de deux - e Moon (Thiago Pethit) ilumina o fim do show, cujo bis repõe em cena dois temas teatrais de musical de 1929, da lavra fina dos compositores alemães Bertolt Brecht (1898 - 1956) e Kurt Weill (1900 - 1950). The Bilbao song - na versão em português de Cacá Rosset - e sobretudo Surabaya Johnny dão tom teatral à cena, remontando o cabaré do ator-cantor. Se o CD Estrela decadente está entre os dez melhores discos de 2012, o show irradia o brilho ascendente de Thiago Pethit na cena musical brasileira.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

O show Estrela decadente expõe em cena a amplitude do salto qualitativo dado por Thiago Pethit com seu segundo álbum, homônimo do show que estreou no Rio de Janeiro (RJ) na noite de ontem, 24 de janeiro de 2013, dentro da série Música no Solar, do teatro Solar de Botafogo. Mesmo sem o aparato cênico e os convidados (Cida Moreira e Mallu Magalhães) da estreia em São Paulo (SP), em outubro de 2012, o show irradiou o brilho e o humor do cantor e compositor paulistano. "Problemas de som? Tudo bem... O show se chama Estrela decadente", ironizou Pethit ao detectar alguns desajustes técnicos no som após cantar Pas de deux (Thiago Pethit, 2012), estilizado charleston que abre o show e o disco. Se Dandy darling (Thiago Pethit e Rafael Barion, 2012) é número ambientado em clima underground de cabaré, a balada bilíngue Perto do fim (Thiago Pethit, 2012) deixa os climas em segundo plano ao explicitar a inspiração ascendente deste compositor, ex-ator que entrou na pele de cantor a partir de 2008 com a edição do EP Em outro lugar. Perto do fim é linda de doer! Sim, há dor no cancioneiro de Pethit, amenizada em cena pela vivacidade do cantor no palco. O fato de muitas músicas terem versos bilíngues, em português e em inglês, torna natural a inclusão no roteiro do cover de My girl (Smokey Robinson e Ronald White, 1964), feito com reverência ao arranjo da clássica gravação do grupo norte-americano de soul e r & b The Temptations. Totalmente em inglês, a balada So long, new love (Thiago Pethit, 2011) - veiculada em filme publicitário de 2011 - está ajustada à atmosfera retrô de parte do repertório, remetendo aos sons dos anos 50 da mesma forma que Haunted love (Thiago Pethit, 2012) evoca a era do doo-wop. So long, new love e Haunted love são números abrilhantados pelos vocais dos músicos da banda, que inclui a tecladista Camila Lordy, o baterista Leonardo Rosa, o baixista Anderson Ambrifi e o guitarista Pedro Penna. Em diálogo com a voz de Pethit, a guitarra de Penna, aliás, sublinha com seu toque western a solidão exposta nos versos do samba-canção De cigarro em cigarro (Luiz Bonfá, 1953), alocado no roteiro como introdução da música-título Estrela decadente (Thiago Pethit, 2012), cantada na pressão de um hard rock. O ator-cantor convence como roqueiro à moda antiga ao pescar no baú tropicalista de Gal Costa a pérola mais rara do repertório do show, Love, try and die (Jards Macalé, Lanny Gordin e Gal Costa, 1970), rockaço que ficou leGal na voz de Pethit. A pegada de rock'n'roll do número contrasta com a melancolia do bloco de canções que o precede. São três baladas - Forasteiro (Thiago Pethit e Hélio Flanders, 2010), Mapa-múndi (Thiago Pethit, 2010) e Fuga nº 1 (Thiago Pethit, 2010) - do primeiro álbum do artista, Berlim, Texas (2010). Mas o roqueiro endiabrado que por vezes entra em cena está em sintonia com o tom soturno de Devil in me (Thiago Pethit e Hélio Flanders, 2012), tema em que o canto também ascendente de Pethit fica sombrio. Só que na sequência Nightwalker (Thiago Pethit e Berlim, Texas, 2010) dilui as sombras - refazendo o convite à dança de Pas de deux- e Moon (Thiago Pethit) ilumina o fim do show, cujo bis repõe em cena dois temas teatrais de musical de 1929, da lavra fina dos compositores alemães Bertolt Brecht (1898 - 1956) e Kurt Weill (1900 - 1950). The Bilbao song - na versão em português de Cacá Rosset - e sobretudo Surabaya Johnny dão tom teatral à cena, remontando o cabaré do ator-cantor. Se o CD Estrela decadente está entre os dez melhores discos de 2012, o show irradia o brilho ascendente de Thiago Pethit na cena musical brasileira.

Rafael disse...

Excelente repertório, excelente show, tudo de bom!

Felipe Grilo disse...

Pethit está cada vez melhor, grande artista, quero muito ver esse show!

Luca disse...

Assino embaixo Felipe