Mauro Ferreira no G1

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sábado, 5 de maio de 2012

'Praça Tiradentes' situa Odair no mesmo lugar simples e sincero de antes

Resenha de CD
Título: Praça Tiradentes
Artista: Odair José
Gravadora: Saravá Discos / Microservice
Cotação: * * * *

Primeiro álbum de inéditas de Odair José em seis anos, Praça Tiradentes situa o cantor e compositor goiano no mesmo lugar simples, honesto e sincero de sempre. Sem procurar impressionar pelo fato de estar sendo produzido por Zeca Baleiro, piloto do disco ao lado de Leonardo Nakabayashi, Odair apresenta boa safra de inéditas autorais complementada por músicas fornecidas por Chico César, Arnaldo Antunes (com Carlinhos Brown) e pelo próprio Baleiro. Em total sintonia com a linguagem direta da música de Odair, Chico contribui com Você Tem me Ensinado, tema que, se viesse assinado por Odair, jamais destoaria da produção autoral do autor de Eu Vou Tirar Você Desse Lugar, sucesso popular dos anos 70 que toca na questão da prostituição feminina, assunto recorrente na obra do artista e rebobinado em Praça Tiradentes na bela E Depois Volte pra Mim, parceria de Odair com Baleiro (autor também de Como Um Filme, outro tema focado no universo de Odair). Arnaldo e Brown fornecem o country Vou Sair do Interior. Contudo, são as (boas) canções da lavra solitária de Odair que valorizam o álbum. Sucessor de Só Pode Ser Amor (Deck, 2006), Praça Tiradentes é título especial na discografia de Odair José. Sem tentar soar (pseudo)moderno, o cantor e compositor apresenta CD fiel ao seu universo particular com arranjos adequados, assinados pelo próprio Odair com os músicos da banda Coffeebreakers. Está tudo no disco: a habilidade para falar de sexo com a língua do povo em Aconteceu (Odair José), o ligeiro approach com a linguagem do pop rock em Sob Controle (Odair José) - faixa que conta com a voz e a gaita do titã Paulo Miklos - e a melancolia na qual está impregnada a maior parte da obra de Odair e que é o mote de faixas como Em Qual Verdade (Odair José) e a resignada O Fim de Nós Dois (Odair José). Na autobiográfica Praça Tiradentes (Odair José), nome de praça popular do Centro do Rio de Janeiro (RJ), o compositor relembra o sonho de misturar o seu destino com o do povo brasileiro. O sonho foi realizado já nos anos 70, época em que Odair era rotulado como cafona. Decorridas quatro décadas, Odair José já é cult. Mas Praça Tiradentes ignora rótulos e preconceitos, se dirigindo ao povo com o qual o artista esteve conectado desde sempre com sua música simples, direta e sincera. Zeca Baleiro entendeu que Odair José não quer e nem precisa ser tirado do lugar que conquistou na música brasileira por mérito próprio.

6 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Primeiro álbum de inéditas de Odair José em seis anos, Praça Tiradentes situa o cantor e compositor goiano no mesmo lugar simples, honesto e sincero de sempre. Sem procurar impressionar pelo fato de estar sendo produzido por Zeca Baleiro, piloto do disco ao lado de Leonardo Nakabayashi, Odair apresenta boa safra de inéditas autorais complementada por músicas fornecidas por Chico César, Arnaldo Antunes (com Carlinhos Brown) e pelo próprio Baleiro. Em total sintonia com a linguagem direta da música de Odair, Chico contribui com Você Tem me Ensinado, tema que, se viesse assinado por Odair, jamais destoaria da produção autoral do autor de Eu Vou Tirar Você Desse Lugar, sucesso popular dos anos 70 que toca na questão da prostituição feminina, assunto recorrente na obra do artista e rebobinado em Praça Tiradentes na bela E Depois Volte pra Mim, parceria de Odair com Baleiro (autor também de Como Um Filme, outro tema focado no universo de Odair). Arnaldo e Brown fornecem o country Vou Sair do Interior. Contudo, são as (boas) canções da lavra solitária de Odair que valorizam o álbum. Sucessor de Só Pode Ser Amor (Deck, 2006), Praça Tiradentes é título especial na discografia de Odair José. Sem tentar soar (pseudo)moderno, o cantor e compositor apresenta CD fiel ao seu universo particular com arranjos adequados, assinados pelo próprio Odair com os músicos da banda Coffeebreakers. Está tudo no disco: a habilidade para falar de sexo com a língua do povo em Aconteceu (Odair José), o ligeiro approach com a linguagem do pop rock em Sob Controle (Odair José) - faixa que conta com a voz e a gaita do titã Paulo Miklos - e a melancolia na qual está impregnada a maior parte da obra de Odair e que é o mote de faixas como Em Qual Verdade (Odair José) e a resignada O Fim de Nós Dois (Odair José). Na autobiográfica Praça Tiradentes (Odair José), nome de praça popular do Centro do Rio de Janeiro (RJ), o compositor relembra o sonho de misturar o seu destino com o do povo brasileiro. O sonho foi realizado já nos anos 70, época em que Odair era rotulado como cafona. Decorridas quatro décadas, Odair José já é cult. Mas Praça Tiradentes ignora rótulos e preconceitos, se dirigindo ao povo com o qual o artista esteve conectado desde sempre com sua música simples, direta e sincera. Zeca Baleiro entendeu que Odair José não quer e nem precisa ser tirado do lugar que conquistou na música brasileira por mérito próprio.

ADEMAR AMANCIO disse...

Odair josé,fase setentista,é melhor que Roberto e Erasmo carlos juntos.hoje,sei não.

lurian disse...

A nova geração ressuscitou Odair José. Quando será a vez de Diana?

Anônimo disse...

O Odair, seja que fase for, não é melhor que o Roberto e Erasmo nem aqui, nem na China e nem na Praça Tiradentes.
Ele é bonzinho, mas bem superestimado pela, digamos, esquerda festiva da música. Que não rara vezes conhece no máximo duas ou três canções dele.

PS: Odair gravar uma música do Brown, mesmo que em parceria com o Arnaldo, a mim soa esdrúxulo.
E parece, sim, querer sair um pouquinho do lugar.

Luca disse...

claro que odair nunca foi melhor que Roberto, seu trabalho tem coisas boas nos anos 70, depois nunca mais se ouvir falar dele até ele virar cult, esse disco novo eu ainda não ouvi,

Márcio disse...

Também acho que há exagero grande em se julgar Odair José melhor que Roberto e Erasmo. Mas tenho curiosidade em conhecer melhor o trabalho do cara nos anos 70, particularmente o disco "O Filho de Maria e José", que nunca foi lançado em CD. Dê só uma olhada na lista de quem tocou nessa bolacha: Robson Jorge, Hyldon, o Azymuth inteiro (Alex Malheiros, José Roberto Bertrami e Mamão), Jaime Alem, Durval Ferreira e outros, além do próprio Odair. Como diz nosso colega de comentários que anda sumido, é para comprar sem ouvir!