Mauro Ferreira no G1

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sábado, 29 de março de 2014

Até mesmo Dominguinhos, Roberto e Waldick viram samba no CD de Jair

Resenha de CD
Título: Samba mesmo 2
Artista: Jair Rodrigues
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *


O segundo volume de Samba mesmo - disco duplo gravado por Jair Rodrigues, sob produção de seu filho Jair Oliveira, e posto nas lojas pela gravadora Som Livre neste mês de março de 2014 - parece contradizer o título do projeto. Afinal, com arranjos dos violonistas Paulo Dáfilin e Swami Jr., o cantor paulista traz para o universo do samba-canção até sucessos de Dominguinhos (1941 - 2013), Roberto Carlos e Waldick Soriano (1933 - 2008). De volta pro aconchego (Dominguinhos e Nando Cordel, 1985), Como é grande o meu amor por você (Roberto Carlos, 1967) e Tortura de amor (Waldick Soriano, 1962) são envoltos por sons que evocam os conjuntos regionais que davam o tom da música brasileira pré-Bossa Nova, com melhor resultado para o hit de Seu Domingos. Só que o título Samba mesmo não é o que parece. À primeira leitura, sugere recado para pagodeiros sem estirpe que nunca acertam a cadência bonita do gênero dominante nas 13 músicas do CD. Na verdade, o projeto duplo ganhou esse nome porque, quando gravava os dois discos, Jair sempre repetia no estúdio a fala 'Essa é samba mesmo' quando seu filho produtor lhe sugeria a gravação de determinada música. De todo modo, Samba mesmo 2 repete erros e acertos do primeiro volume. Quando a seleção do repertório patina no óbvio, como em Trem das onze (Adoniran Barbosa), Jair funciona como mero crooner em registros que evidenciam perdas e danos na voz de 75 anos. Em contrapartida, quando consegue surpreender, como ao cantar à capella Eu não existo sem você (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958) em afetivo tributo ao cantor paulista Agostinho dos Santos (1932 - 1973), Jair deixa entrever ecos do grande cantor que seduziu plateias nos seus áureos anos 1960 e 1970. Da década de 1970, aliás, mais precisamente de 1974, vem a única música inédita de Samba mesmo 2. Trata-se do samba Força da natureza, composto há 40 anos por Jair com Orlando Marques e Carlos Odilon, mas até então nunca registrado em disco. No mais, Jair transita por temas como A noite do meu bem (Dolores Duran, 1959), Apesar de você (Chico Buarque, 1970) e O mundo é um moinho (Cartola, 1976) nos tons outonais que pontuam este disco duplo. Com Jair, (quase) tudo vira mesmo samba...

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

O segundo volume de Samba mesmo - disco duplo gravado por Jair Rodrigues, sob produção de seu filho Jair Oliveira, e posto nas lojas pela gravadora Som Livre neste mês de março de 2014 - parece contradizer o título do projeto. Afinal, com arranjos dos violonistas Paulo Dáfilin e Swami Jr., o cantor paulista traz para o universo do samba-canção até sucessos de Dominguinhos (1941 - 2013), Roberto Carlos e Waldick Soriano (1933 - 2008). De volta pro aconchego (Dominguinhos e Nando Cordel, 1985), Como é grande o meu amor por você (Roberto Carlos, 1967) e Tortura de amor (Waldick Soriano, 1962) são envoltos por sons que evocam os conjuntos regionais que davam o tom da música brasileira pré-Bossa Nova, com melhor resultado para o hit de Seu Domingos. Só que o título Samba mesmo não é o que parece. À primeira leitura, sugere recado para pagodeiros sem estirpe que nunca acertam a cadência bonita do gênero dominante nas 13 músicas do CD. Na verdade, o projeto duplo ganhou esse nome porque, quando gravava os dois discos, Jair sempre repetia no estúdio a fala 'Essa é samba mesmo' quando seu filho produtor lhe sugeria a gravação de determinada música. De todo modo, Samba mesmo 2 repete erros e acertos do primeiro volume. Quando a seleção do repertório patina no óbvio, como em Trem das onze (Adoniran Barbosa), Jair funciona como mero crooner em registros que evidenciam perdas e danos na voz de 75 anos. Em contrapartida, quando consegue surpreender, como ao cantar à capella Eu não existo sem você (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958) em afetivo tributo ao cantor paulista Agostinho dos Santos (1932 - 1973), Jair deixa entrever ecos do grande cantor que seduziu plateias nos seus áureos anos 1960 e 1970. Da década de 1970, aliás, mais precisamente de 1974, vem a única música inédita de Samba mesmo 2. Trata-se do samba Força da natureza, composto há 40 anos por Jair com Orlando Marques e Carlos Odilon, mas até então nunca registrado em disco. No mais, Jair transita por temas como A noite do meu bem (Dolores Duran, 1959), Apesar de você (Chico Buarque, 1970) e O mundo é um moinho (Cartola, 1976) nos tons outonais que pontuam este disco duplo. Com Jair, (quase) tudo vira mesmo samba...

ADEMAR AMANCIO disse...

A grande sorte de Jair Rodrigues,foi ter gravado aqueles duetos com Elis Regina,e defendido "Disparada" no festival;e só.