Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Mutantes se perdem na rota confusa de 'Fool metal Jack' entre o rock e o folk

Resenha de CD
Título: Fool metal Jack
Artista: Os Mutantes
Gravadora: Krian Music Group
Cotação: * * 

♪ É possível que o culto ao glorioso passado tropicalista do grupo Os Mutantes faça com que o CD Fool metal jack - o segundo álbum de estúdio gravado pela banda paulista após a azeitada reunião de 2006 que juntou os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias - seja recebido com uma certa benevolência, sobretudo nos Estados Unidos, país em que o disco foi lançado em 30 de abril de 2013. Mas quase nada em Fool metal Jack remete ao grupo que ajudou Gilberto Gil a desfolhar a bandeira na geléia geral de 1967. A rigor, trata-se mais de um disco do guitarrista Sérgio Dias Baptista - único remanescente da formação original do grupo, atualmente um sexteto - do que de um álbum dos Mutantes. Entretanto, Fool metal Jack é disco - quase inteiramente gravado em inglês - assinado pelos Mutantes por conta da força do nome do grupo. Disco que consegue ser pior do que seu antecessor Haih... or amortecedor (2009). Neste álbum, os Mutantes simularam sua anarquia áurea, apegados ao passado. Em Fool metal Jack, cujo título alude a filme do cineasta norte-americano Stanley Kubrick (Full metal jacket, 1987), o grupo se perde em rota que inclui desagregados elementos de folk, psicodelia, rock progressivo e latinidade. Se o sonho acabou, como lembra o próprio grupo na melodiosa canção The dream is gone no toque folk de violões, faixas como Bangladesh - (bom) tema que remete à fase indiana da música de George Harrison (1943 - 2001) com ecos da era flower power - já parecem meio fora de tempo e da ordem. O que mais incomoda no disco - tecnicamente bem gravado - é a falta de sintonia entre suas 12 músicas. Se a faixa-título Fool metal Jack carrega de sombras a aura psicodélica do som do grupo (realimentada em Once upon a flight), Ganja man tenta combinar reggae e suingue tropical(ista). Já Look out e Picadilly Willie são rocks pesados que evocam mais os Mutantes progressivos da década de 70 na fase pós-Rita Lee. Em contrapartida, To make it beautiful se harmoniza em clima sereno. E, entre tantos elementos dispersos, há Eu descobri (2012), canção transcendental da lavra recente de Gilberto Gil, única música cantada em português em disco em inglês que vai contentar - se é que vai contentar... - somente os gringos que identificarem em Fool metal Jack alguns resquícios dos Mutantes na era tropicalista. Contudo, mesmo esses gringos hão de convir que o sonho já acabou...

6 comentários:

Mauro Ferreira disse...

É possível que o culto ao glorioso passado tropicalista do grupo Os Mutantes faça com que o CD Fool metal jack - o segundo álbum de estúdio gravado pela banda paulista após a azeitada reunião de 2006 que juntou os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias - seja recebido com certa benevolência, sobretudo nos Estados Unidos, país em que o disco foi lançado em 30 de abril de 2013. Mas quase nada em Fool metal Jack remete ao grupo que ajudou Gilberto Gil a desfolhar a bandeira na geléia geral de 1967. A rigor, trata-se mais de um disco do guitarrista Sérgio Dias Baptista - único remanescente da formação original do grupo, atualmente um sexteto - do que de um álbum dos Mutantes. Entretanto, Fool metal Jack é disco - quase inteiramente gravado em inglês - assinado pelos Mutantes por conta da força do nome do grupo. Disco que consegue ser pior do que seu antecessor Haih... or amortecedor (2009). Neste álbum, os Mutantes simularam sua anarquia áurea, apegados ao passado. Em Fool metal Jack, cujo título alude a filme do cineasta norte-americano Stanley Kubrick (Full metal jacket, 1987), o grupo se perde em rota que inclui desagregados elementos de folk, psicodelia, rock progressivo e latinidade. Se o sonho acabou, como lembra o próprio grupo na melodiosa canção The dream is gone no toque folk de violões, faixas como Bangladesh - (bom) tema que remete à fase indiana da música de George Harrison (1943 - 2001) com ecos da era flower power - já parecem meio fora de tempo e da ordem. O que mais incomoda no disco - tecnicamente bem gravado - é a falta de sintonia entre suas 12 músicas. Se a faixa-título Fool metal Jack carrega de sombras a aura psicodélica do som do grupo (realimentada em Once upon a flight), Ganja man tenta combinar reggae e suingue tropical(ista). Já Look out e Picadilly Willie são rocks pesados que evocam mais os Mutantes progressivos da década de 70 na fase pós-Rita Lee. Em contrapartida, To make it beautiful se harmoniza em clima sereno. E, entre tantos elementos dispersos, há Eu descobri, canção transcendental da lavra recente de Gilberto Gil, única música cantada em português em disco em inglês que vai contentar - se contentar... - somente os gringos que identificarem em Fool metal Jack alguns resquícios dos Mutantes na era tropicalista. Mesmo esses hão de convir que o sonho já acabou.

Gustavo disse...

Não há como opinar julgando "tradicionalidade" em uma banda chamada "Os Mutantes". Disco maravilhoso como os outros :)

Gustavo disse...

Não há como julgar o "tradicional" em uma banda que se chama "Os Mutantes". Álbum maravilhoso como os outros!

Nando Giordani disse...

Quando se tem muito a dizer pode parecer que na verdade não se entendeu muito sobre o que se fala...

O álbum é sensacional!!!

Diogo de Lima disse...

Gente, vocês são malucos, eu estava ouvindo mutantes hoje no grooveshark, encontrei esse disco e vim pesquisar pra ver se era mesmo deles ou era fake... nada a ver com todo o resto da carreira, muito abaixo de tudo que já fizeram. O pior é que se tivesse sido o resultado de uma evolução gradual do som deles, seria mais aceitável, mas mesmo comparado ao último disco, esse trabalho não tem lugar na discografia dos Mutantes. Não é Mutantes. É uma farsa, um Mutantes pra inglês ver.

Diogo de Lima disse...

Gente, vocês são malucos!

Eu estava ouvindo Mutantes hoje no Grooveshark, quando encontrei esse disco, e vim aqui ver se era mesmo deles ou se era fake, uma bandinha iniciante tentando se promover no grooveshark usando o nome dos mutantes. O disco não tem nada a ver com todo o resto da carreira do grupo. Seria mais aceitável se a mudança tivesse sido o resultado de uma evolução gradual do som da banda, mas mesmo comparado com o Haih esse trabalho não tem nada de mutantes. É um disco que não encontra lugar na discografia da banda.
Deviam ter lançado com outro nome. Não é Mutantes. Só usou o nome dos Mutantes pra vender, é uma fraude mercadológica. Mutantes pra inglês ver. Lamentável.