Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Sem eletrônica, Venegas reforça sua assinatura autoral em show no Rio

Resenha de show
Título: Los momentos
Artista: Julieta Venegas (em foto de Luciana Tancredo)
Local: Teatro Bradesco (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 28 de maio de 2013
Cotação: * * * 

Pela terceira vez em palcos do Rio de Janeiro (RJ), Julieta Venegas - estrela do pop mexicano que sedimentou sua carreira fonográfica ao longo dos anos 2000 com álbuns como (2003) e Limón y sal (2006) - apresentou aos cariocas o show da turnê Los momentos, reforçando a assinatura autoral de seu cancioneiro que dialoga em ritmo pop com as tradições da música do México, país aonde se criou desde a infância essa cantora e compositora nascida, a rigor, nos Estados Unidos. Atração da recém-inaugurada filial carioca do Teatro Bradesco nesta última semana de maio de 2013, Venegas apresentou sete das 11 músicas de seu sexto álbum de inéditas - Los momentos, lançado em março pela Sony Music - entre sucessos extraídos de discos anteriores, seguindo roteiro que ignorou somente o primeiro álbum da artista, Aquí (1997). No todo, o público da apresentação de 28 de maio recebeu a artista com entusiasmo menor do que o das plateias cariocas dos shows El presente e Otra cosa, feitos no Rio de Janeiro em 2008 e 2011, respectivamente. Contudo, havia parte do público que conhecia bem a obra de Venegas, que se revezou entre o acordeom, o piano e o violão. Essas pessoas contribuíram para que a atmosfera do show - iniciado com certa frieza com as músicas Hoy (Julieta Venegas, 2013) e Bien o mal (Julieta Venegas, Alejandro Sergi e Cachorro López, 2010) - fosse ficando mais calorosa à medida em que a cantora avançou no roteiro. Dividindo o palco com banda reduzida, na qual se destacou o baterista Edy Vega pelo toque bem marcado de músicas como Te vi (Juleita Venegas, 2013), Venegas rebobinou seu cancioneiro sem a alta dose de eletrônica que pontua o CD Los momentos. Ao mostrar as músicas do disco novo, a artista se dirigiu à plateia para explicar a motivação que a levou a compor cada canção. Nem era preciso. As letras da compositora vão direto ao ponto e permitem versões literais. A propósito, Venegas recebeu no Rio Érika Martins e Marisa Monte, cantoras que já deram voz a versões em português de temas da autora de Despedida (Julieta Venegas, 2010), uma das 23 músicas do roteiro. Com Érika, primeira convidada a entrar em cena, a cantora refez  o dueto bilíngue de Lento (Julieta Venegas e Coti Sorokin, 2003), lançado no primeiro CD solo da artista brasileira (Érika Martins, 2009). Em que pese a amizade das cantoras, faltou sintonia, harmonia e naturalidade à junção de vozes e versos em português e em espanhol. Qualidades que saltaram aos ouvidos no dueto feito com Marisa Monte na belíssima Ilusión (Julieta Venegas). Mesmo que a orquestração de Ilusión no show Los momentos não tenha reeditado a beleza do arranjo perpetuado na gravação ao vivo do CD e DVD Julieta Venegas Unplugged MTV (2007), a presença luminosa de Marisa Monte por si só alterou de imediato a atmosfera da plateia. Sintomaticamente, foi a partir da entrada em cena de Marisa que o show começou de fato a engrenar. Grande momento da apresentação, Algun día (Julieta Venegas, 2007) - outra música do acústico - reiterou a fineza do diálogo pop de Venegas com os ritmos tradicionais da música do México. Diálogo menos perceptível na balada Un poco de paz (Julieta Venegas, 2013). Munida de seu acordeom, Venegas saiu por um único momento de seu trilho autoral para cantar Sin documentos (Andrés Calamaro, 1993), música do repertório do grupo híspano-argentino Los Rodríguez (1990 - 1997) que, ao ser regravada por Venegas, foi alocada como bônus de seu álbum Limón y sal e que funcionou bem no show. No fim, Me voy (Julieta Venegas, 2006) e, sobretudo, a animada El presente (Julieta Venegas, 2007) aumentaram a  temperatura do show, mantida no bis, dado com duas parcerias de Venegas com Coti Sorokin lançadas em 2003 no álbum Algo está cambiando e Andar conmigo. Enfim, assim como o CD Los momentos, o bom show pode não representar o melhor momento da trajetória de Julieta Venegas em cena, mas logo reiterou a forte personalidade da obra autoral da artista.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Pela terceira vez em palcos do Rio de Janeiro (RJ), Julieta Venegas - estrela do pop mexicano que sedimentou sua carreira fonográfica ao longo dos anos 2000 com álbuns como Sí (2003) e Limón y sal (2006) - apresentou aos cariocas o show da turnê Los momentos, reforçando a assinatura autoral de seu cancioneiro que dialoga em ritmo pop com as tradições da música do México, país aonde se criou desde a infância essa cantora e compositora nascida, a rigor, nos Estados Unidos. Atração da recém-inaugurada filial carioca do Teatro Bradesco nesta última semana de maio de 2013, Venegas apresentou sete das 11 músicas de seu sexto álbum de inéditas - Los momentos, lançado em março pela Sony Music - entre sucessos extraídos de discos anteriores, seguindo roteiro que ignorou somente o primeiro álbum da artista, Aquí (1997). No todo, o público da apresentação de 28 de maio recebeu a artista com entusiasmo menor do que o das plateias cariocas dos shows El presente e Otra cosa, feitos no Rio de Janeiro em 2008 e 2011, respectivamente. Contudo, havia parte do público que conhecia bem a obra de Venegas, que se revezou entre o acordeom, o piano e o violão. Essas pessoas contribuíram para que a atmosfera do show - iniciado com certa frieza com as músicas Hoy (Julieta Venegas, 2013) e Bien o mal (Julieta Venegas, Alejandro Sergi e Cachorro López, 2010) - fosse ficando mais calorosa à medida em que a cantora avançou no roteiro. Dividindo o palco com banda reduzida, na qual se destacou o baterista Edy Vega pelo toque bem marcado de músicas como Te vi (Juleita Venegas, 2013), Venegas rebobinou seu cancioneiro sem a alta dose de eletrônica que pontua o CD Los momentos. Ao mostrar as músicas do disco novo, a artista se dirigiu à plateia para explicar a motivação que a levou a compor cada canção. Nem era preciso. As letras da compositora vão direto ao ponto e permitem versões literais. A propósito, Venegas recebeu no Rio Érika Martins e Marisa Monte, cantoras que já deram voz a versões em português de temas da autora de Despedida (Julieta Venegas, 2010), uma das 23 músicas do roteiro. Com Érika, primeira convidada a entrar em cena, a cantora refez o dueto bilíngue de Lento (Julieta Venegas e Coti Sorokin, 2003), lançado no primeiro CD solo da artista brasileira (Érika Martins, 2009). Em que pese a amizade das cantoras, faltou sintonia, harmonia e naturalidade à junção de vozes e versos em português e em espanhol. Qualidades que saltaram aos ouvidos no dueto feito com Marisa Monte na belíssima Ilusión (Julieta Venegas). Mesmo que a orquestração de Ilusión no show Los momentos não tenha reeditado a beleza do arranjo perpetuado na gravação ao vivo do CD e DVD Julieta Venegas Unplugged MTV (2007), a presença luminosa de Marisa Monte por si só alterou de imediato a atmosfera da plateia. Sintomaticamente, foi a partir da entrada em cena de Marisa que o show começou de fato a engrenar. Grande momento da apresentação, Algun día (Julieta Venegas, 2007) - outra música do acústico - reiterou a fineza do diálogo pop de Venegas com os ritmos tradicionais da música do México. Diálogo menos perceptível na balada Un poco de paz (Julieta Venegas, 2013). Munida de seu acordeom, Venegas saiu por um único momento de seu trilho autoral para cantar Sin documentos (Andrés Calamaro, 1993), música do repertório do grupo híspano-argentino Los Rodríguez (1990 - 1997) que foi gravada por Venegas para ser alocada como bônus de seu álbum Limón y sal e que funcionou bem no show. No fim, Me voy (Julieta Venegas, 2006) e, sobretudo, a animada El presente (Julieta Venegas, 2007) aumentaram a temperatura do show, mantida no bis, dado com duas parcerias de Venegas com Coti Sorokin lançadas em 2003 no álbum Sí, Algo está cambiando e Andar conmigo. Enfim, assim como o CD Los momentos, o bom show pode não representar o melhor momento da trajetória de Julieta Venegas em cena, mas logo reiterou a forte personalidade da obra autoral da artista.