Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 28 de maio de 2013

Com musicalidade 'sangue azul', Rosa enfatiza nobreza da obra de Djavan

Resenha de CD
Título: Samba dobrado - Canções de Djavan
Artista: Rosa Passos
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * *

"A música de Rosa é nobre, íntegra, sangue azul, forjada muito longe, lá onde a música ainda menina por aqui já encontrava-se por Pixinguinha, Garoto, Jacob do Bandolim,  Agostinho dos Santos, Elizeth Cardoso, João Gilberto, Tom Jobim... Enquanto a Rosa, também ainda menina, de nada disso sabia. Mas já trazia todos dentro de si. Cantando suave, às vezes quebrado, guiada pelo seu violão, enfrentando métrica, divisão, ritmo, sua voz num vibrato às vezes rouco, soa choro-samba-jazz: o máximo. Desde que a ouvi pela primeira vez, sigo os seus passos. E hoje, pelo que estou vendo, devo seguir dizendo que a Rosa é um clássico!". Djavan

As palavras elogiosas de Djavan estão reproduzidas no encarte de Samba dobrado, CD em que Rosa Passos dá voz a 12 músicas do compositor alagoano, dono de obra de assinatura pessoal e intransferível. Nas lojas a partir desta terça-feira, 28 de maio de 2013, com distribuição da Universal Music, Samba dobrado - Canções de Djavan sobrepõe a assinatura também pessoal de Rosa neste cancioneiro pautado pelo suingue particular do compositor. Basta ouvir Capim (Djavan, 1982) ou Pedro Brasil (Djavan, 1981) na divisão própria da cantora para perceber como Rosa se dobra ao balanço do samba de Djavan sem deixar de dar seu próprio colorido a uma música que flerta à sua moda com o jazz e está entranhada no colo da mãe África. A rigor, Rosa Passos não é uma jazzista, mas transita com desenvoltura nesse universo, como comprovam passagens de Lei (Djavan, 1986) - uma das músicas menos conhecidas de Djavan dentre as 12 selecionadas pela cantora - e de Cigano (Djavan, 1989). É quando fica nítida a fina sintonia da banda formada por Celso de Almeida (bateria), Daniel D'Alcântara (trompete), Fábio Torres (piano), Ivan Sacerdote (clarineta), Jorge Helder (baixo acústico), Hélio Alves (piano), Lula Galvão (violão) Marcus Teixeira (violão e guitarra), Paulo Paulelli (baixo elétrico), Rafael Barata (bateria), Rodrigo Ursaia (sax e flautas) e Vinicius Dorin (sax e flautas). Mais do que coadjuvantes, tais músicos têm presenças fundamentais em um disco em que a cantora também se porta como um músico, a serviço da música, sem concessões. Nesse sentido, apesar de celebrar a obra de compositor popular, Samba dobrado - Canções de Djavan vai manter inalterados o prestígio e o alcance da cantora no mercado - até porque não é de hoje que Rosa Passos dá voz a músicas de Djavan. Admiradores do canto suave da intérprete nem vão se surpreender com a naturalidade com que a cantora cai no samba de Djavan em Fato consumado (Djavan, 1975) e em Serrado (Djavan, 1978). Já o chamado grande público possivelmente vai continuar surdo ao chamado para ouvir essa grande cantora. Que cruza Linha do Equador (Djavan e Caetano Veloso, 1992) com suavidade que se desvia da rota funkeada do registro do compositor. E que mostra ser capaz de fazer registros essencialmente melodiosos como o de Faltando um pedaço (Djavan, 1981), canção lançada por Gal Costa no álbum Fantasia (1981). Samba dobrado também extrapola o gênero que lhe dá título em Pétala (Djavan, 1982), faixa de voz & violão. O único defeito do tributo é o fato de a seleção de Rosa ter ignorado a produção autoral de Djavan pós-1992. Se o repertório escolhido tivesse alcançado toda a década de 90 e os anos 2000, o painel da obra do compositor seria mais abrangente e atual. De todo modo, o que se ouve em Samba dobrado - Canções de Djavan é música de boa estirpe. Música sangue azul, para usar o termo cunhado por Djavan, celebrado ao fim do álbum com a inédita canção Doce menestrel, parceria de Rosa com Fernando de Oliveira. Nem era preciso. Com o tributo prestado na abordagem das 12 faixas anteriores, Rosa já mostrara que também segue os passos de Djavan neste ótimo disco em que enfatiza a nobreza do cancioneiro do autor ao mesmo tempo em que reitera a fidalguia do próprio canto.

7 comentários:

Mauro Ferreira disse...

As palavras elogiosas de Djavan estão reproduzidas no encarte de Samba dobrado, CD em que Rosa Passos dá voz a 12 músicas do compositor alagoano, dono de obra de assinatura pessoal e intransferível. Nas lojas a partir desta terça-feira, 28 de maio de 2013, com distribuição da Universal Music, Samba dobrado - Canções de Djavan sobrepõe a assinatura também pessoal de Rosa neste cancioneiro pautado pelo suingue particular do compositor. Basta ouvir Capim (Djavan, 1982) ou Pedro Brasil (Djavan, 1981) na divisão própria da cantora para perceber como Rosa se dobra ao balanço do samba de Djavan sem deixar de dar seu próprio colorido a uma música que flerta à sua moda com o jazz e está entranhada no colo da mãe África. A rigor, Rosa Passos não é uma jazzista, mas transita com desenvoltura nesse universo, como comprovam passagens de Lei (Djavan, 1986) - uma das músicas menos conhecidas de Djavan dentre as 12 selecionadas pela cantora - e de Cigano (Djavan, 1989). É quando fica nítida a fina sintonia da banda formada por Celso de Almeida (bateria), Daniel D'Alcântara (trompete), Fábio Torres (piano), Ivan Sacerdote (clarineta), Jorge Helder (baixo acústico), Hélio Alves (piano), Lula Galvão (violão) Marcus Teixeira (violão e guitarra), Paulo Paulelli (baixo elétrico), Rafael Barata (bateria), Rodrigo Ursaia (sax e flautas) e Vinicius Dorin (sax e flautas). Mais do que coadjuvantes, tais músicos têm presenças fundamentais em um disco em que a cantora também se porta como um músico, a serviço da música, sem concessões. Nesse sentido, apesar de celebrar a obra de compositor popular, Samba dobrado - Canções de Djavan vai manter inalterados o prestígio e o alcance da cantora no mercado - até porque não é de hoje que Rosa Passos dá voz a músicas de Djavan. Admiradores do canto suave da intérprete nem vão se surpreender com a naturalidade com que a cantora cai no samba de Djavan em Fato consumado (Djavan, 1975) e em Serrado (Djavan, 1978). Já o chamado grande público possivelmente vai continuar surdo ao chamado para ouvir essa grande cantora. Que cruza Linha do Equador (Djavan e Caetano Veloso, 1992) com suavidade que se desvia da rota funkeada do registro do compositor. E que mostra ser capaz de fazer registros essencialmente melodiosos como o de Faltando um pedaço (Djavan, 1981), canção lançada por Gal Costa no álbum Fantasia (1981). Samba dobrado também extrapola o gênero que lhe dá título em Pétala (Djavan, 1982), faixa de voz & violão. O único defeito do tributo é o fato de a seleção de Rosa ter ignorado a produção autoral de Djavan pós-1992. Se o repertório escolhido tivesse alcançado toda a década de 90 e os anos 2000, o painel da obra do compositor seria mais abrangente e atual. De todo modo, o que se ouve em Samba dobrado - Canções de Djavan é música de boa estirpe. Música sangue azul, para usar o termo cunhado por Djavan, celebrado ao fim do álbum com a inédita canção Doce menestrel, parceria de Rosa com Fernando de Oliveira. Nem era preciso. Com o tributo prestado na abordagem das 12 faixas anteriores, Rosa já mostrara que também segue os passos de Djavan neste ótimo disco em que enfatiza a nobreza do cancioneiro do autor ao mesmo tempo em que reitera a fidalguia do próprio canto.

Seu Mistura disse...

Até agora o disco sequer entrou em pré-venda nas principais lojas do Brasil. A gravadora tá vacilando muito nessa questão. Deveria já estar sendo pré-vendido desde o início deste mês. Tenho certeza de que Rosa fez um trabalho lindo e digno de nota. Para mim é uma das maiores cantoras desse país, a voz doce dele inebria qualquer um. Pena que tenha público tão limitado (infelizmente).

Seu Mistura disse...

As canções de Djavan se adequam bem ao universo cancioneiro da Rosa. Um trabalho super chique e hype, sem sombra de dúvida!!! Na ânsia para ouvir e ter esse disco logo!!!

Rafael disse...

Salve incrível e bela Rosa! Esse disco deve estar espetacular. O belo cancioneiro denso de Djavan realmente se ajusta a voz doce e também densa da Rosa. Mas cadê alguma loja online que esteja vendendo esse álbum? Absurdamente não vi nenhuma anunciando esse disco até agora. Que mancada!!!

SerginhoPaz disse...

Já comprei em pré-venda na livrariasaraiva.com.br
É só aguardar esta jóia!

Tombom disse...

Sem dúvida nenhuma, Rosa Passos é uma de nossas melhores e mais representativas cantoras em atividade. Prestigiada nos EUA, onde é "Doutor Honoris Causa" pelo Berklee College of Music localizado em Boston, e em países da Europa e do Oriente, RP é um doce de cantora e de pessoa. Um privilégio para a boa Música feita no Brasil por brasileiros. Este seu novo CD é um primor de beleza. Vale cada nota entoada por ela e valorizada por seus excelentes músicos. Salve Rosa!

Sandro Mendes disse...

Rosa Passos É LUXO SÓ sim senhor! Mas o encarte do seu mais novo CD Samba Dobrado É Lixo Só. Lamentável para uma artista dessa estirpe.