Mauro Ferreira no G1

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domingo, 24 de julho de 2011

Biografia de Elton John analisa com sobriedade obra fonográfica do astro

Resenha de livro
Título: Elton John - A Biografia
Autor: David Buckley
Editora: Companhia Editora Nacional
Cotação: * * * *

Recém-lançado no Brasil, o livro de David Buckley sobre a vida e obra de Elton John não é a biografia sobre o cantor britânico. Existem outras que talvez até reconstituam com mais detalhes a vida do artista. Contudo, embora o biógrafo jamais tenha se encontrado com o biografado, o relato de Buckley parece ser um dos mais confiáveis - e dos mais interessantes para quem se interessa mais pela música do que pela vida de Elton - porque simplesmente se dedica basicamente a reconstituir os passos fonográficos do cantor enquanto expõe os fatos mais importantes de sua vida pessoal e os relaciona com os discos. Somente o 30º álbum de estúdio do astro - The Union (2010), gravado e assinado por Elton com seu ídolo Leon Russell - ficou fora da análise, já que o disco foi lançado no mesmo ano em que Elton John - a Biografia (2010) chegou às livrarias estrangeiras. Para quem se interessa pela obra fonográfica de Elton, o livro é saboroso. Com olhar crítico, Buckley expõe sua visão de cada disco - e de cada turnê - com reprodução de trechos de resenhas publicadas na época dos lançamentos dos álbuns. Da mesma forma que mostra como Elton e seu parceiro letrista Bernie Taupin foram lapidando sua obra na primeira metade dos anos 70, com o lançamento de álbuns antológicos como Goodbye Yellow Brick Road (1973) e Captain Fantastic and the Brown Dirty Cowboy (1975) (nos quais ainda prevaleciam nas letras as visões do inglês Taupin sobre os Estados Unidos), Buckley detalha a involução da discografia do cantor na segunda metade desta década iniciada de forma áurea com a conquista dos EUA. A biografia lembra que Elton John até se deixou desastradamente influenciar pela disco music em um de seus piores álbuns, Victim of Love (1979), para tentar em vão recuperar o sucesso comercial que  começara a lhe escapar, coincidentemente, quando ele se assumiu bissexual - um eufemismo para gay, muito usado por artistas homossexuais naqueles anos ainda castradores. Buckley discute a suposta coincidência, mas conclui acertadamente que a queda nas paradas foi fruto sobretudo da queda na qualidade dos álbuns de Elton (àquela altura separado temporariamente de Bernie). Com apurado senso crítico, o autor também enfatiza o valor da discografia do artista na década de 80. A biografia reconhece que, entre discos de maior ou menor consistência, Elton nunca deixou de produzir singles arrebatadores e (alguns) álbuns coesos, com destaque para Jump Up! (1982) e Two Low for Zero (1983). Tal gangorra criativa - que eventualmente elevava o status artístico de Elton após um período menos inspirado - também fez Elton atravessar os anos 90 entre altos e baixos, sendo que somente com o subestimado álbum Songs From the West Coast (2001) o astro voltaria inteiramente à forma. Além dos discos e das turnês (marcadas pelos visuais extravagantes, alguns ridicularizados por Buckley), a biografia também esmiuça - sem muita profundidade, mas também sem os relatos aparentamente fantasiosos que costumam aparecer em biografias mais sensacionalistas - a dificuldade de Elton para aceitar sua homossexualidade, a baixa autoestima do astro gordinho e careca, os envolvimentos com homens e o mergulho fundo nas drogas, das quais o artista somente se livrou nos últimos anos. Enfim, Elton John - A Biografia parece confiável e merece crédito por recontar de forma sóbria e equilibrada a história desse mago pop nascido Reginald Kenneth Dwight e rebatizado Elton John. Escrito com elegância, o livro é um saboroso aperitivo para esperar o álbum que Elton já arquiteta para lançar no início de 2012.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Recém-lançado no Brasil, o livro de David Buckley sobre a vida e obra de Elton John não é a biografia sobre o cantor britânico. Existem outras que talvez até reconstituam com mais detalhes a vida do artista. Contudo, embora o biógrafo jamais tenha se encontrado com o biografado, o relato de Buckley parece ser um dos mais confiáveis - e dos mais interessantes para quem se interessa mais pela música do que pela vida de Elton - porque simplesmente se dedica basicamente a reconstituir os passos fonográficos do cantor enquanto expõe os fatos mais importantes de sua vida pessoal e os relaciona com os discos. Somente o 30º álbum de estúdio do astro - The Union (2010), gravado e assinado por Elton com seu ídolo Leon Russell - ficou fora da análise, já que o disco foi lançado no mesmo ano em que Elton John - a Biografia (2010) chegou às livrarias estrangeiras. Para quem se interessa pela obra fonográfica de Elton, o livro é saboroso. Com olhar crítico, Buckley expõe sua visão de cada disco - e de cada turnê - com reprodução de trechos de resenhas publicadas na época dos lançamentos dos álbuns. Da mesma forma que mostra como Elton e seu parceiro letrista Bernie Taupin foram lapidando sua obra na primeira metade dos anos 70, com o lançamento de álbuns antológicos como Goodbye Yellow Brick Road (1973) e Captain Fantastic and the Brown Dirty Cowboy (1975) (nos quais ainda prevaleciam nas letras as visões do inglês Taupin sobre os Estados Unidos), Buckley detalha a involução da discografia do cantor na segunda metade desta década iniciada de forma áurea. A biografia lembra que Elton até se deixou desastradamente influenciar pela disco music em um de seus piores álbuns, Victim of Love (1979), para tentar recuperar o sucesso comercial que lhe começara a lhe escapar, coincidentemente, quando ele se assumiu bissexual - um eufemismo para gay, muito usado por artistas homossexuais naqueles anos ainda castradores. Buckley discute a coincidência, mas conclui acertadamente que a queda nas paradas foi fruto sobretudo da queda na qualidade dos álbuns de Elton (àquela altura separado temporariamente de Bernie). Com apurado senso crítico, o autor também enfatiza o valor da discografia do artista na década de 80. A biografia reconhece que, entre discos de maior ou menor consistência, Elton nunca deixou de produzir singles arrebatadores e (alguns) álbuns coesos, com destaque para Jump Up! (1982) e Two Low for Zero (1983). Tal gangorra criativa - que eventualmente elevava o status artístico de Elton após um período menos inspirado - também fez Elton atravessar os anos 90 entre altos e baixos, sendo que somente com o subestimado álbum Songs From the West Coast (2001) o astro voltaria inteiramente à forma. Além dos discos e das turnês (marcadas pelos visuais extravagantes, alguns ridicularizados por Buckley), a biografia também esmiuça - sem muita profundidade, mas também sem os relatos aparentamente fantasiosos que costumam aparecer em biografias mais sensacionalistas - a dificuldade de Elton para aceitar sua homossexualidade, a baixa autoestima do astro gordinho e careca, os envolvimentos com homens e o mergulho fundo nas drogas, das quais o artista somente se livrou nos últimos anos. Enfim, Elton John - A Biografia parece confiável e merece crédito por recontar de forma sóbria e equilibrada a história desse mago pop nascido Reginald Kenneth Dwight e rebatizado Elton John. Escrito com elegância, o livro é um saboroso aperitivo para esperar o álbum que Elton já arquiteta para lançar no início de 2012.

Luca disse...

Elton se recuperou nos últimos discos, mas fez muita m antes, essa discografia tem que ser peneirada

Robson Vianna disse...

RESPONDA E GANHE A BIOGRAFIA DE ELTON JOHN , TAMBÉM ONLINE EM CAPÍTULOS, COM VÍDEOS E FOTOS ESTÃO EM http://eltonjohnscorporation.blogspot.com/2011/07/responda-e-ganhe-livro-biografia-elton.html

ADEMAR AMANCIO disse...

15:47 min
21/12/2016