Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Espontaneidade excessiva de Bebel em cena prejudica show 'All in One'

Resenha de Show
Título: All in One
Artista: Bebel Gilberto (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 3 de dezembro de 2010
Cotação: * *

Palco da adolescência musical de Bebel Gilberto, o Circo Voador voltou a abrigar a filha de João sob sua lona pop, já na madrugada desta sexta-feira, 3 de dezembro de 2010. O atraso do show de encerramento da turnê All in One - baseada no quarto homônimo álbum internacional da artista - deixou o público impaciente, mas a irritação se dissipou quando Bebel entrou em cena com sua espontaneidade charmosa que não disfarçou a irregularidade do repertório autoral registrado pela cantora no CD All in One. Distante da coesão, o show foi saindo progressivamente dos trilhos porque a tal espontaneidade charmosa do início promissor - com Aganjú, o tema de Carlinhos Brown que a cantora propagou mundialmente em seu segundo álbum feito para o exterior (Bebel Gilberto, 2004) - foi dando lugar a uma informalidade excessiva que prejudicou o show, filmado pela artista para dar início à captação de imagens para seu primeiro DVD, provisoriamente intitulado Sem Contenção, nome, aliás, de uma das insossas músicas autorais do roteiro. Nem a banda cosmopolita - que ganhou a adesão luxuosa do percussionista Marcos Suzano nesse retorno de Bebel ao Rio de Janeiro que a viu nascer em 1966 - consegue fazer muito por temas autorais como All in One (Bebel e Cezar Mendes), Simplesmente (Bebel Gilberto, Didi Gutman e Marius de Vries), August Day Song (Bebel Gilberto, Nina Miranda e Chris Franck) e Secret / Segredo (Bebel Gilberto e Thomas Barlett). Bebel fez o que pôde pelas músicas de sua lavra: dançou, incentivou o coro da plateia e conversou com o público - com o qual já havia se desculpado pelo atraso com a justificativa de que foi parada por  blitz da Lei Seca, motivo alegado para ter chegado tardiamente ao local do show. O que a obrigou até a retocar a maquiagem diante da plateia. Atrasos à parte, Bebel foi ficando dispersa em cena - saindo diversas vezes do palco por breves momentos - e a apresentação carioca do show All in One foi ficando marcada por um certo desleixo que diluiu o brilho de números como Bring Back the Love  (Bebel Gilberto, Didi Gutman e Sabina Sciubba), a versão em inglês de Baby (Caetano Veloso) e o revival, já no bis, de Preciso Dizer que te Amo (Cazuza, Bebel Gilberto e Dé Palmeira), atrapalhado pelo fato de Bebel ter se perdido na letra da canção que fez com o amigo Cazuza (1958 - 1990). Apesar dos tropeços, o show teve alguns momentos sedutores. Acabou Chorare (o tema dos Novos Baianos que foi composto a partir de uma frase espontânea da então criança Bebel) foi um deles. A improvisada homenagem de Bebel à sua mãe - Miúcha, para quem Bebel puxou os versos da valsa Pela Luz dos Olhos Teus (Vinicius de Moraes) ao avistar a cantora sentada na arquibancada do Circo Voador - foi outro. O emblemático Samba da Benção (Baden Powell  e Vinicius de Moraes) - a música que projetou Bebel no exterior em 2000 no estilo bossa eletrônica - foi um terceiro instante de luminosidade, em registro que quase adquiriu feitio de oração pelo coro cúmplice do público. Em contrapartida, a participação de Otto padeceu da mesma informalidade excessiva que comprometeu o show. Pareceu que Otto não sabia o que fazer enquanto Bebel cantava Bananeira (João Donato e Bebel Gilberto). No fim, a releitura carnavalizante do samba-rumba Chica Chica Boom Chic (Harry Warren e Mack Gordon)- ainda com Otto em cena - deixa no ar certa animação, sem desfazer a impressão de que, mesmo com repertório irregular, o CD All in One é muito mais bem-cuidado do que o show que gerou.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Palco da adolescência musical de Bebel Gilberto, o Circo Voador voltou a abrigar a filha de João sob sua lona pop, já na madrugada desta sexta-feira, 3 de dezembro de 2010. O atraso do show de encerramento da turnê All in One - baseada no quarto homônimo álbum internacional da artista - deixou o público impaciente, mas a irritação se dissipou quando Bebel entrou em cena com sua espontaneidade charmosa que não disfarçou a irregularidade do repertório autoral registrado pela cantora no CD All in One. Distante da coesão, o show foi saindo progressivamente dos trilhos porque a tal espontaneidade charmosa do início promissor - com Aganjú, o tema de Carlinhos Brown que a cantora propagou mundialmente em seu segundo álbum feito para o exterior (Bebel Gilberto, 2004) - foi dando lugar a uma informalidade excessiva que prejudicou o show, filmado pela artista para dar início à captação de imagens para seu primeiro DVD, provisoriamente intitulado Sem Contenção, nome, aliás, de uma das insossas músicas autorais do roteiro. Nem a banda cosmopolita - que ganhou a adesão luxuosa do percussionista Marcos Suzano nesse retorno de Bebel ao Rio de Janeiro que a viu nascer em 1966 - consegue fazer muito por temas autorais como All in One (Bebel e Cezar Mendes), Simplesmente (Bebel Gilberto, Didi Gutman e Marius de Vries), August Day Song (Bebel Gilberto, Nina Miranda e Chris Franck) e Secret / Segredo (Bebel Gilberto e Thomas Barlett). Bebel fez o que pôde pelas músicas de sua lavra: dançou, incentivou o coro da plateia e conversou com o público - com o qual já havia se desculpado pelo atraso com a justificativa de que foi parada por blitz da Lei Seca, motivo alegado para ter chegado tardiamente ao local do show. O que a obrigou até a retocar a maquiagem diante da plateia. Atrasos à parte, Bebel foi ficando dispersa em cena - saindo diversas vezes do palco por breves momentos - e a apresentação carioca do show All in One foi ficando marcada por um certo desleixo que diluiu o brilho de números como Bring Back the Love (Bebel Gilberto, Didi Gutman e Sabina Sciubba), a versão em inglês de Baby (Caetano Veloso) e o revival, já no bis, de Preciso Dizer que te Amo (Cazuza, Bebel Gilberto e Dé Palmeira), atrapalhado pelo fato de Bebel ter se perdido na letra da canção que fez com o amigo Cazuza (1958 - 1990). Apesar dos tropeços, o show teve alguns momentos sedutores. Acabou Chorare (o tema dos Novos Baianos que foi composto a partir de uma frase espontânea da então criança Bebel) foi um deles. A improvisada homenagem de Bebel à sua mãe - Miúcha, para quem Bebel puxou os versos da valsa Pela Luz dos Olhos Teus (Vinicius de Moraes) ao avistar a cantora sentada na arquibancada do Circo Voador - foi outro. O emblemático Samba da Benção (Baden Powell e Vinicius de Moraes) - a música que projetou Bebel no exterior em 2000 no estilo bossa eletrônica - foi um terceiro instante de luminosidade, em registro que quase adquiriu feitio de oração pelo coro cúmplice do público. Em contrapartida, a participação de Otto padeceu da mesma informalidade excessiva que comprometeu o show. Pareceu que Otto não sabia o que fazer enquanto Bebel cantava Bananeira (João Donato e Bebel Gilberto). No fim, a releitura carnavalizante do samba-rumba Chica Chica Boom Chic (Harry Warren e Mack Gordon)- ainda com Otto em cena - deixa no ar certa animação, sem desfazer a impressão de que, mesmo com repertório irregular, o CD All in One é muito mais bem-cuidado do que o show que gerou.

Unknown disse...

Bebel não tem presença alguma no palco . O show é cansativo e sem sal . Uma daquelas cantoras overated que no estúdio é uma coisa , ao vivo é outra