Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

West recupera forma no egocêntrico 'My Beautiful Dark Twisted Fantasy'

Resenha de CD
Título: My Beautiful Dark Twisted Fantasy
Artista: Kanye West
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * *

"Se Deus tivesse um iPod, eu estaria na playlist dEle', supõe o rapper Prynce Cy Hi, com alta dose de presunção, em verso de So Appalled, faixa do quinto álbum de estúdio de Kanye West, My Beautiful Dark Twisted Fantasy. Mesmo não estando na boca de West, o verso se ajusta bem ao perfil megalomaníaco do artista e dá a pista do tom egocêntrico de seu estupendo disco, recém-lançado no Brasil pela Universal Music. Controvertido mesmo antes de chegar às lojas, por conta do veto moralista de algumas redes de lojas dos Estados Unidos à sua capa, o disco gira em torno do umbigo do rapper norte-americano. Contudo, isso não impede que o CD seja um dos grandes álbuns de 2010. Após ter mexido na fórmula já batida do hip hop com a brilhante trilogia The College Dropout (2004), Late Registration (2005) e Graduation (2007, ligeiramente menos inspirado do que seus dois antecessores), West recupera em My Beautiful Dark Twisted Fantasy a forma que parecia ter perdido no anterior 808s & Heartbreak (2008), um trabalho mais introspectivo sobre perdas. Neste quinto álbum, West reaparece em tom grandioso, quase épico. Orquestrações e corais envolvem seu rap em faixas como Dark Fantasy (com sample de In High Places, de Mike Oldfield), Gorgeous (com vocais de Kid CuDi) e All of the Lights (com nomes como Rihanna, John Legend, Alicia Keys e Elton John no coro estelar). Mais sombria, Monster enfileira os versos engajados de Jay-Z, Rick Ross e Nicki Minaj. Trunfo do CD, Runaway opõe piano e sintetizadores em outra amostra da habilidade de West de não se prender à fórmula básica a que recorre a maioria dos astros do hip hop norte-americano. E o fato é My Beautiful Dark Twisted Fantasy não perde o pique da (re)invenção ao longo das 13 faixas. Mesmo que admita sua vulnerabilidade na seara dos relacionamentos amorosos, como em Blame Game (com a voz de John Legend no refrão), Kanye West mostra seu talento e poder de fogo nesse álbum já garantido em todas as listas de melhores de 2010.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

"Se Deus tivesse um iPod, eu estaria na playlist dEle', supõe o rapper Prynce Cy Hi, com alta dose de presunção, em verso de So Appalled, faixa do quinto álbum de estúdio de Kanye West, My Beautiful Dark Twisted Fantasy. Mesmo não estando na boca de West, o verso se ajusta bem ao perfil megalomaníaco do artista e dá a pista do tom egocêntrico de seu estupendo disco, recém-lançado no Brasil pela Universal Music. Controvertido mesmo antes de chegar às lojas, por conta do veto moralista de algumas redes de lojas dos Estados Unidos à sua capa, o disco gira em torno do umbigo do rapper norte-americano. Contudo, isso não impede que o CD seja um dos grandes álbuns de 2010. Após ter mexido na fórmula já batida do hip hop com a brilhante trilogia The College Dropout (2004), Late Registration (2005) e Graduation (2007, ligeiramente menos inspirado do que seus dois antecessores), West recupera em My Beautiful Dark Twisted Fantasy a forma que parecia ter perdido no anterior 808s & Heartbreak (2008), um trabalho mais introspectivo sobre perdas. Neste quinto álbum, West reaparece em tom grandioso, quase épico. Orquestrações e corais envolvem seu rap em faixas como Dark Fantasy (com sample de In High Places, de Mike Oldfield), Gorgeous (com vocais de Kid CuDi) e All of the Lights (com nomes como Rihanna, John Legend, Alicia Keys e Elton John no coro estelar). Mais sombria, Monster enfileira os versos engajados de Jay-Z, Rick Ross e Nicki Minaj. Trunfo do CD, Runaway opõe piano e sintetizadores em outra amostra da habilidade de West de não se prender à fórmula básica a que recorre a maioria dos astros do hip hop norte-americano. E o fato é My Beautiful Dark Twisted Fantasy não perde o pique da (re)invenção ao longo das 13 faixas. Mesmo que admita sua vulnerabilidade na seara dos relacionamentos amorosos, como em Blame Game (com a voz de John Legend no refrão), Kanye West mostra seu talento e poder de fogo nesse álbum já garantido em todas as listas de melhores de 2010.