Mauro Ferreira no G1

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sábado, 18 de dezembro de 2010

Em seu terceiro solo, 'SP55', titã Sérgio Britto brilha ao flertar com a MPB

Resenha de CD
Título: SP55
Artista: Sérgio Britto
Gravadora: Midas Music / Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Enquanto os Titãs atravessam fase de profunda apatia, Sérgio Britto mostra em seu terceiro e melhor disco solo, SP55, que a chama da criação não se apagou. Mais perto das ramificações da MPB do que do rock que estrutura a obra do grupo que lhe deu projeção, Britto se mostra inspirado sobretudo quando apresenta repertório inédito e autoral. A bela canção Júlia, que tangencia o espírito de uma modinha das antigas, logo se destaca no CD entre bom samba encabulado, Sérgio & Raquel, e delicado tema instrumental urdido ao piano, Skateborad (Flipper), alocado entre as 18 faixas como um intermezzo. Com título que reproduz o nome de uma rodovia de São Paulo, SP55 parece disco inspirado pela vida familiar de Britto. "Nossos filhos são nossa religião", sentencia o titã em Nossa Religião, canção tocada ao violão. Nesse íntimo mosaico de sons, costurado com relativa unidade pelo produtor Emerson Villani, Essa Gente Solitária exibe leve ambiência bossa-novista enquanto Wanderléa declama alguns versos do tema. Ainda assim, é perceptível na faixa traços da poética da obra dos Titãs que ficam mais visíveis ainda em Aqui Neste Lugar, redondo tema autoral apresentado no álbum em dueto com Negra Li e em um elegante remix assinado por Drumagick, o duo paulista de drum'n'bass que também formata Pra te Alcançar, música que abre o disco na gravação original feita por Britto com a participação de Marina de la Riva. No todo, SP55  peca somente pelo excesso. São 13 temas autorais, três releituras e dois remixes que totalizam uma hora de música em 18 faixas. Das faixas autorais, uma ou outra, caso de Tempo Não É Dinheiro, soa dispensável como a releitura de Iracema (Adorinan Barbosa), abordada de forma trivial, sem que Britto expresse todo o sentimento contido no melancólico samba-canção lançado em 1956 pelo Poeta do Bixiga. Em contrapartida, as investidas pelos repertórios do grupo mexicano Café Tacuba (Eres) e da banda argentina Soda Stéreo (Ella Usó mi Cabeza como um Revólver) resultam interessantes, dentro do clima desse disco que supera seus antecessores Minha Cara (2000) e Eu Sou 300 (2006). Tomara que a chama criativa de Sérgio Britto reacenda os Titãs.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Enquanto os Titãs atravessam fase de profunda apatia, Sérgio Britto mostra em seu terceiro e melhor disco solo, SP55, que a chama da criação não se apagou. Mais perto das ramificações da MPB do que do rock que estrutura a obra do grupo que lhe deu projeção, Britto se mostra inspirado sobretudo quando apresenta repertório inédito e autoral. A bela canção Júlia, que tangencia o espírito de uma modinha das antigas, logo se destaca no CD entre bom samba encabulado, Sérgio & Raquel, e delicado tema instrumental urdido ao piano, Skateborad (Flipper), alocado entre as 18 faixas como um intermezzo. Com título que reproduz o nome de uma rodovia de São Paulo, SP55 parece disco inspirado pela vida familiar de Britto. "Nossos filhos são nossa religião", sentencia o titã em Nossa Religião, canção tocada ao violão. Nesse íntimo mosaico de sons, costurado com relativa unidade pelo produtor Emerson Villani, Essa Gente Solitária exibe leve ambiência bossa-novista enquanto Wanderléa declama alguns versos do tema. Ainda assim, é perceptível na faixa traços da poética da obra dos Titãs que ficam mais visíveis ainda em Aqui Neste Lugar, redondo tema autoral apresentado no álbum em dueto com Negra Li e em um elegante remix assinado por Drumagick, o duo paulista de drum'n'bass que também formata Pra te Alcançar, música que abre o disco na gravação original feita por Britto com a participação de Marina de la Riva. No todo, SP55 peca somente pelo excesso. São 13 temas autorais, três releituras e dois remixes que totalizam uma hora de música em 18 faixas. Das faixas autorais, uma ou outra, caso de Tempo Não É Dinheiro, soa dispensável como a releitura de Iracema (Adorinan Barbosa), abordada de forma trivial, sem que Britto expresse todo o sentimento contido no melancólico samba-canção lançado em 1956 pelo Poeta do Bixiga. Em contrapartida, as investidas pelos repertórios do grupo mexicano Café Tacuba (Eres) e da banda argentina Soda Stéreo (Ella Usó mi Cabeza como um Revólver) resultam interessantes, dentro do clima desse disco que supera seus antecessores Minha Cara (2000) e Eu Sou 300 (2006). Tomara que a chama criativa de Sérgio Britto reacenda os Titãs.

Sandro CS disse...

Ótima notícia! O Sérgio Britto é um grande cantor.