Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

'Alucinação' situa Leonardo entre chororô romântico e animação artificial

Resenha de CD
Título: Alucinação
Artista: Leonardo
Gravadora: Universal Music
Cotação: * *

Embora lacrimejante, a voz de Leonardo é das mais belas do universo sertanejo. Infelizmente, ela tem sido desperdiçada em sucessivos discos de tom populista. Sem alterar esse panorama, o recém-lançado álbum de inéditas Alucinação - 15º título da discografia solo do irmão de Leandro (1961 - 1998) - situa Leonardo entre o chororô sentimental e a animação artificial. Arranjada pelo maestro de Roberto Carlos, Eduardo Lages, a faixa-título - Alucinação, regravação do cancioneiro de Amado Batista e Reginaldo Sodré - até cai bem no universo musical do cantor. Em contrapartida, Zuar e Beber (Marquinhos Maraial e Luizinho Lino) - forró eletrônico típico das bandas fabricadas pela indústria musical do Nordeste - logo desloca o CD para nível mais rasteiro. E o fato é que o álbum resulta decepcionante mesmo se avaliado dentro do padrão popular dos discos do gênero. A viola caipira inserida no arranjo da canção Eu e a Lua (Marcos Paulo, Devair Bianco e Teodoro) evoca um mundo sertanejo e rural que reaparece de forma mais plena na guarânia Camisa Branca (Vicente P. Machado e Paraíso). Contudo, tais faixas não chegam a deslocar o CD de seu eixo habitual. Entre a canção popular romântica (Vai, balada de Simone Saback gravada por Ana Carolina em 2006 em seu álbum duplo Dois Quartos), arrasta-pé apelativo (Linguaruda) e country com toque de forró (Arreia Cerveja, do repertório da banda Calcinha Preta), Leonardo patina na mesmice. Ao fim de Alucinação, o nível até sobe um pouco com Garça Branca do Araguaia (Fátima Leão), outro resquício do mundo sertanejo, mas não a ponto de diluir a impressão ruim deixada pelo disco.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Embora lacrimejante, a voz de Leonardo é das mais belas do universo sertanejo. Infelizmente, ela tem sido desperdiçada em sucessivos discos de tom populista. Sem alterar esse panorama, o recém-lançado álbum de inéditas Alucinação - 15º título da discografia solo do irmão de Leandro (1961 - 1998) - situa Leonardo entre o chororô sentimental e a animação artificial. Arranjada pelo maestro de Roberto Carlos, Eduardo Lages, a faixa-título - Alucinação, regravação do cancioneiro de Amado Batista e Reginaldo Sodré - até cai bem no universo musical do cantor. Em contrapartida, Zuar e Beber (Marquinhos Maraial e Luizinho Lino) - forró eletrônico típico das bandas fabricadas pela indústria musical do Nordeste - logo desloca o CD para nível mais rasteiro. E o fato é que o álbum resulta decepcionante mesmo se avaliado dentro do padrão popular dos discos do gênero. A viola caipira inserida no arranjo da canção Eu e a Lua (Marcos Paulo, Devair Bianco e Teodoro) evoca um mundo sertanejo e rural que reaparece de forma mais plena na guarânia Camisa Branca (Vicente P. Machado e Paraíso). Contudo, tais faixas não chegam a deslocar o CD de seu eixo habitual. Entre a canção popular romântica (Vai, balada de Simone Saback gravada por Ana Carolina em 2006 em seu álbum duplo Dois Quartos), arrasta-pé apelativo (Linguaruda) e country com toque de forró (Arreia Cerveja, do repertório da banda Calcinha Preta), Leonardo patina na mesmice. Ao fim de Alucinação, o nível até sobe um pouco com Garça Branca do Araguaia (Fátima Leão), outro resquício do mundo sertanejo, mas não a ponto de diluir a impressão ruim deixada pelo disco.

Diogo Santos disse...

Saudades do tempo em que Leonardo fazia dupla com seu mano. É perceptivel na discografia deles um mix de belas baladas( " Não aprendi dizer adeus " ) com músicas mais empolgantes ( " Festa de Rodeio " e " Cerveja " ).

Depois do album " Um sonhador " - ultimo em dupla em 1998 - Leoanrdo preferiu (?) uma rota mais melosa e populista. É uma pena!