Mauro Ferreira no G1

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sábado, 13 de setembro de 2014

Com seu canto que voa leve, Ceumar rege a sinfonia calada de 'Silencia'

Resenha de CD
Título: Silencia
Artista: Ceumar
Gravadora: Circus
Cotação: * * * 1/2

"Quando eu rio / Tô sabendo / Que o meu canto / Tá voando / Levito leve / Se eu canto / Por isso canto", relativiza Ceumar através de versos de Levitando (Ceumar e Déa Trancoso), uma das 13 músicas de seu sexto álbum, Silencia. Após temporada no exterior que rendeu seu CD anterior, Live in Amsterdam (Independente, 2010), a cantora e compositora mineira  retoma sua trilha brasileira - pavimentada à margem do mercado fonográfico, devagar e sempre - com Silencia, disco pautado pela leveza dos arranjos calcados no violão de Ceumar e no violoncelo de Vincent Ségal, diretor musical do álbum e arranjador da maioria das 13 faixas. Revelada há 14 anos com Dindinha (Atração Fonográfica, 2000), disco gravado em 1999 com produção do padrinho artístico Zeca Baleiro, Ceumar dá voz a cancioneiro que costuma falar de natureza, de águas e terras entranhadas em Brasil distante dos centros urbanos. "Lágrima da Mantiqueira / Corre por mim nas Gerais", canta, evidenciando as origens mineiras, em Rio verde (Ceumar e Gildes Bezerra), boa canção que abre o disco. No tempo da delicadeza que rege a obra fonográfica de Ceumar, Silencia segue a trilha autoral evidenciada em Meu nome (Circus, 2009), álbum em que a artista assinou todas as 20 músicas. Em Silencia, Ceumar é coautora de músicas como Liberdade (Ceumar e Gildes Bezerra) e Choro cavaquinho (Ceumar e Sérgio Pererê), samba conduzido pelas cordas lacrimosas do cavaquinho de Webster Santos. A propósito, a suave trama de cordas que rege o disco abarca vários ritmos, englobando desde a vivacidade rítmica da nordestina Segura o coco (Di Freitas e Ceumar) até o toque afro-brasileiro imprimido ao fim de Encantos de sereia (Osvaldo Borgez) pela percussão de Ari Colares. Sem sair de seu tom, a cantora irmana canção de Vítor Ramil (Quem é ninguém, parceria do compositor gaúcho com Roger Scarton) e samba composto pela artista com Tatá Fernandes e Kléber Albuquerque, Justo, trunfo de repertório que destaca ainda uma parceria do paulistano Kiko Dinucci com Fabiano Ramos Torres (Engasga o gato). No fim do disco, a música-título Silencia - da lavra solitária de Ceumar - é cantada inicialmente entre toques minimalistas do violoncelo de Vincent Ségal, dando pistas da trilha seguida pela artista neste disco que transita entre o folk e a música brasileira. "Sempre só e não sozinho / Muita gente no caminho / Com calor e com carinho / Silencia a dor e faz dela / Uma sinfonia calada", ressalta Ceumar, que diz a que veio com seu canto que voa leve na sinfonia calada de Silencia.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"Quando eu rio / Tô sabendo / Que o meu canto / Tá voando / Levito leve / Se eu canto / Por isso canto", relativiza Ceumar através de versos de Levitando (Ceumar e Déa Trancoso), uma das 13 músicas de seu sexto álbum, Silencia. Após temporada no exterior que rendeu seu CD anterior, Live in Amsterdam (Independente, 2010), a cantora e compositora mineira retoma sua trilha brasileira - pavimentada à margem do mercado fonográfico, devagar e sempre - com Silencia, disco pautado pela leveza dos arranjos calcados no violão de Ceumar e no violoncelo de Vincent Ségal, diretor musical do álbum e arranjador da maioria das 13 faixas. Revelada há 14 anos com Dindinha (Atração Fonográfica, 2000), disco gravado em 1999 com produção do padrinho artístico Zeca Baleiro, Ceumar dá voz a cancioneiro que costuma falar de natureza, de águas e terras entranhadas em Brasil distante dos centros urbanos. "Lágrima da Mantiqueira / Corre por mim nas Gerais", canta, evidenciando as origens mineiras, em Rio verde (Ceumar e Gildes Bezerra), boa canção que abre o disco. No tempo da delicadeza que rege a obra fonográfica de Ceumar, Silencia segue a trilha autoral evidenciada em Meu nome (Circus, 2009), álbum em que a artista assinou todas as 20 músicas. Em Silencia, Ceumar é coautora de músicas como Liberdade (Ceumar e Gildes Bezerra) e Choro cavaquinho (Ceumar e Sérgio Pererê), samba conduzido pelas cordas lacrimosas do cavaquinho de Webster Santos. A propósito, a suave trama de cordas que rege o disco abarca vários ritmos, englobando desde a vivacidade rítmica da nordestina Segura o coco (Di Freitas e Ceumar) até o toque afro-brasileiro imprimido ao fim de Encantos de sereia (Osvaldo Borgez) pela percussão de Ari Colares. Sem sair de seu tom, a cantora irmana canção de Vítor Ramil (Quem é ninguém, parceria do compositor gaúcho com Roger Scarton) e samba composto pela artista com Tatá Fernandes e Kléber Albuquerque, Justo, trunfo de repertório que destaca ainda uma parceria do paulistano Kiko Dinucci com Fabiano Ramos Torres (Engasga o gato). No fim do disco, a música-título Silencia - da lavra solitária de Ceumar - é cantada inicialmente entre toques minimalistas do violoncelo de Vincent Ségal, dando pistas da trilha seguida pela artista neste disco que transita entre o folk e a música brasileira. "Sempre só e não sozinho / Muita gente no caminho / Com calor e com carinho / Silencia a dor e faz dela / Uma sinfonia calada", ressalta Ceumar, que diz a que veio com seu canto que voa leve na sinfonia calada de Silencia.

Douglas Carvalho disse...

Excelente cantora, cria da escola de Ná Ozzetti, que por sua vez é cria da escola de Dona Gal Costa!

Não tem para onde correr! Andamos, por andar andamos e todos os caminhos acabam dando em Gal Costa.

lurian disse...

Gostei muito do disco. Nele Ceumar aparece mais mineira em Rio Verde, que teve belissimo arranjo que finaliza sinalizando o candombe.