Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Solo, Albarn expõe solidões da era 'hi-tech' no plácido 'Everyday robots'

Resenha de CD
Título: Everyday robots
Artista: Damon Albarn
Gravadora: XL Recordings / Parlophone Records / Warner Music
Cotação: * * * *

"Quando você estiver se sentindo solitário, aperte o play", recomenda Damon Albarn em Lonely press play, uma das doze músicas feitas pelo cantor e compositor britânico em parceria com Richard Russell (proprietário da gravadora inglesa XL Recordings) e alinhadas na edição standard do primeiro álbum solo de Albarn, Everyday robots, lançado no Reino Unido nesta segunda-feira, 28 de abril de 2014. Ainda que Albarn já tenha lançado em 2003  um vinil duplo com registros embrionários (Democrazy) e em 2012 um CD com os temas que compôs para a trilha sonora da ópera Dr Dee, Everyday robots está sendo justamente saudado no universo pop como o verdadeiro début solo do líder do grupo inglês Blur - ícone do BritPop - e mentor da banda de animação Gorillaz. Enfim solo, Albarn expõe solidões do Homem na era hi-tech em álbum de tons plácidos, embebido em melancolia. Balada que abre e intitula o disco, Everyday robots versa sobre vícios e obsessões humanas em tempos de conexões superficiais feitas via iPhone. A música-título dá a pista certa do tempo sereno deste disco indie que caminha em velocidade lenta, entranhando belezas em canções como Hostiles e Heavy seas of love, esta encorpoda com as vozes de Brian Eno (coprodutor do álbum) e do Leytonstone City Mission Choir. Este coro também se faz ouvir na música, Mr. Tembo, que pode ser considerada a mais pop ou animada de um (belo) disco geralmente triste, interiorizado, suave, que delimita um território próprio para o som solo de Albarn, distanciando o artista do universo do Blur e do Gorillaz. Por conta de canções como The selfish giant, gravada pelo cantor em dueto com Natasha Khan (Bat for Lashes), Everyday robots soa até provocativo em tempos de selfies e de solidão acompanhada. Sem receitas, Albarn se alonga nos sete minutos de You and me - outra faixa gravada com a adesão de Brian Eno - e se permite criar clima meditativo em temas como Hollow ponds, fazendo com que Everyday robots soe como um disco de Art Pop. Entre reflexões, há estranhezas - como as falas inseridas ao longo de Photographs (You are taking now). Até por transitar nesse tempo de delicadeza melancólica, o álbum insurge contra a era da superficialidade tecnológica. Profundo, Everyday robots não é disco para ser ouvido entre trocas de mensagens no WhatsApp... Se estiver se sentindo solitário, não aperte o play...

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

"Quando você estiver se sentindo solitário, aperte o play", recomenda Damon Albarn em Lonely press play, uma das doze músicas feitas pelo cantor e compositor britânico em parceria com Richard Russell (proprietário da gravadora inglesa XL Recordings) e alinhadas na edição standard do primeiro álbum solo de Albarn, Everyday robots, lançado no Reino Unido nesta segunda-feira, 28 de abril de 2014. Ainda que Albarn já tenha lançado em 2003 um vinil duplo com registros embrionários (Democrazy) e em 2012 um CD com os temas que compôs para a trilha sonora da ópera Dr Dee, Everyday robots está sendo justamente saudado no universo pop como o verdadeiro début solo do líder do grupo inglês Blur - ícone do BritPop - e mentor da banda de animação Gorillaz. Enfim solo, Albarn expõe solidões do Homem na era hi-tech em álbum de tons plácidos, embebido em melancolia. Balada que abre e intitula o disco, Everyday robots versa sobre vícios e obsessões humanas em tempos de conexões superficiais feitas via iPhone. A música-título dá a pista certa do tempo sereno deste disco indie que caminha em velocidade lenta, entranhando belezas em canções como Hostiles e Heavy seas of love, esta encorpoda com as vozes de Brian Eno (coprodutor do álbum) e do Leytonstone City Mission Choir. Este coro também se faz ouvir na música, Mr. Tembo, que pode ser considerada a mais pop ou animada de um (belo) disco geralmente triste, interiorizado, suave, que delimita um território próprio para o som solo de Albarn, distanciando o artista do universo do Blur e do Gorillaz. Por conta de canções como The selfish giant, gravada pelo cantor em dueto com Natasha Khan (Bat for Lashes), Everyday robots soa até provocativo em tempos de selfies e de solidão acompanhada. Sem receitas, Albarn se alonga nos sete minutos de You and me - outra faixa gravada com a adesão de Brian Eno - e se permite criar clima meditativo em temas como Hollow ponds, fazendo com que Everyday robots soe como um disco de Art Pop. Entre reflexões, há estranhezas - como as falas inseridas ao longo de Photographs (You are taking now). Até por transitar nesse tempo de delicadeza melancólica, o álbum insurge contra a era da superficialidade tecnológica. Profundo, Everyday robots não é disco para ser ouvido entre trocas de mensagens no WhatsApp... Se estiver se sentindo solitário, não aperte o play...