Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Americanizado, Sam Alves é genérico de cantor dos EUA no primeiro CD

Resenha de CD
Título: Sam Alves
Artista: Sam Alves
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * 

Disseram que Sam Alves voltou americanizado dos Estados Unidos. Mas não podia ser diferente! Afinal, embora tenha nascido em Fortaleza (CE), o cantor cearense foi criado nos EUA e nesse país teve sua educação musical. O que explica o estilo de canto adotado pelo artista em seu primeiro CD de visibilidade na mídia (na verdade, Sam Alves já gravou disco independente de música religiosa sem repercussão). Consequência da vitória do artista na segunda temporada do programa The Voice Brasil, o álbum Sam Alves chega ao mercado fonográfico brasileiro neste mês de abril de 2014, situando o cantor como um genérico do pop norte-americano. Sam tem a técnica, mas lhe falta a alma. E uma personalidade artística. E, se essa alma e essa personalidade existem, elas foram abafadas pela produção de Torcuato Mariano na formatação de repertório previsível em que predominam hits do cancioneiro norte-americano. Mirrors, Troublemaker, You are loved (Don't give up) e When I was your man - sucessos de Justin Timberlake, Olly Murs, Josh Groban e Bruno Mars, respectivamente - sinalizam que o canto de Sam Alves segue sem imaginação a linha dos intérpretes de  covers sem marcar sua identidade artística. Tal problema - detectado também nos simultâneos CDs de Lucy Alves e Dom Paulinho Lima, seus (bons) colegas concorrentes no The Voice Brasil 2013 - esvazia o álbum Sam Alves porque o cantor clona a técnica dos intérpretes originais (com resultado especialmente excelente no caso da regravação do sucesso de Bruno Mars), mas quase sempre não atinge a emoção das músicas. Basta ouvir as regravações de músicas que pedem maior intensidade emocional - casos de Hallelujah (obra-prima do compositor canadense Leonard Cohen) e de Pais e filhos (o sucesso da banda Legião Urbana) - para perceber a distância entre os registros originais e a abordagem xerocada do cantor. De todo modo, cabe ressaltar que a única música inédita do repertório - Be with me, de autoria do próprio Sam - prima por sedutora leveza, sinalizando um compositor promissor, com bom domínio do corrente idioma pop do mercado fonográfico. Por mais que seja americanizado, traço perceptível no dueto feito com Marcela Bueno em A thousand years (balada conhecida na voz de Christina Perri), o canto de Sam Alves nem é em si o problema do disco. É a forma obediente como o cantor põe e usa sua voz que o impede de alçar voo como artista e de imprimir sua personalidade neste álbum logo esquecível.

6 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Disseram que Sam Alves voltou americanizado dos Estados Unidos. Mas não podia ser diferente! Afinal, embora tenha nascido em Fortaleza (CE), o cantor cearense foi criado nos EUA e nesse país teve sua educação musical. O que explica o estilo de canto adotado pelo artista em seu primeiro CD de visibilidade na mídia (na verdade, Sam Alves já gravou disco independente de música religiosa sem repercussão). Consequência da vitória do artista na segunda temporada do programa The Voice Brasil, o álbum Sam Alves chega ao mercado fonográfico brasileiro neste mês de abril de 2014, situando o cantor como um genérico do pop norte-americano. Sam tem a técnica, mas lhe falta a alma. E uma personalidade artística. E, se essa alma e essa personalidade existem, elas foram abafadas pela produção de Torcuato Mariano na formatação de repertório previsível em que predominam hits do cancioneiro norte-americano. Mirrors, Troublemaker, You are loved (Don't give up) e When I was your man - sucessos de Justin Timberlake, Olly Murs, Josh Groban e Bruno Mars, respectivamente - sinalizam que o canto de Sam Alves segue sem imaginação a linha dos intérpretes de covers sem marcar sua identidade artística. Tal problema - detectado também nos simultâneos CDs de Lucy Alves e Dom Paulinho Lima, seus (bons) colegas concorrentes no The Voice Brasil 2013 - esvazia o álbum Sam Alves porque o cantor clona a técnica dos intérpretes originais (com resultado especialmente excelente no caso da regravação do sucesso de Bruno Mars), mas quase sempre não atinge a emoção das músicas. Basta ouvir as regravações de músicas que pedem maior intensidade emocional - casos de Hallelujah (obra-prima do compositor canadense Leonard Cohen) e de Pais e filhos (o sucesso da banda Legião Urbana) - para perceber a distância entre os registros originais e a abordagem xerocada do cantor. De todo modo, cabe ressaltar que a única música inédita do repertório - Be with me, de autoria do próprio Sam - prima por sedutora leveza, sinalizando um compositor promissor, com bom domínio do corrente idioma pop do mercado fonográfico. Por mais que seja americanizado, traço perceptível no dueto feito com Marcela Bueno em A thousand years (balada conhecida na voz de Christina Perri), o canto de Sam Alves nem é em si o problema do disco. É a forma obediente como o cantor põe e usa sua voz que o impede de alçar voo como artista e de imprimir sua personalidade neste álbum logo esquecível.

Daniel disse...

Ele é desnecessário. Pra ouvir clone, fico com os originais...

Eduardo Cáffaro disse...

esse foi o problema dos 3 cds dos participantes do The Voice. São Cds de clones de artistas. Cheio de regravações, que nunca passam o brilho das gravações originais. 3 talentos desperdiçados. Comprei do Dom Paulinho, do Sam, e ouvi o da Lucy inteiro .... infelizmente joguei dinheiro fora, são Cds que vou ouvir mais algumas vezes e depois vao ficar na estante, sem nada relevante.

Douglas Carvalho disse...

Já jogo pedra (para não dizer outra coisa) nas Genis originais, quanto mais na imitação.

Rafael disse...

Achei o disco do Sam um pouco americanizado demais, acho que deveria ter tido mais raízes brasileiras. Fica a dica para o próximo disco. O do Dom Paulinho é ótimo, mas também peca no exagero de músicas estrangeiras, o que acaba deixando meio que sem identidade os cantores.

lurian disse...

Alguém pensou que seria diferente? rs