Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Salmaso aborda o cancioneiro de Guinga com requinte em show de peso

Resenha de Show
Título: Guinga & Mônica Salmaso
Artista: Guinga & Mônica Salmaso (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 9 de fevereiro de 2011
Cotação: * * * * 1/2
Show em cartaz no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ), até 10 de fevereiro de 2011

Quinze anos depois de Leila Pinheiro ter dedicado álbum antológico às parcerias de Guinga com Aldir Blanc, Catavento e Girassol (EMI Music, 1996), Mônica Salmaso planeja para este ano de 2011 a gravação de disco centrado na obra criada por Guinga com Paulo César Pinheiro. O inédito show da cantora com o compositor, em cartaz até 10 de fevereiro no Teatro Rival (RJ), dá prévia do requinte que certamente vai pautar o CD. Ao entrar em cena, chamada por Guinga ao palco após elogios do compositor ao seu canto, Salmaso logo enfileirou Bolero de Satã (com improvisos do violonista Lula Galvão, convidado do show), Noturna e Fonte Abandonada. Ao cantar estas três parcerias de Guinga com Paulo César Pinheiro, a intérprete mostrou de imediato o pleno entendimento que tem da obra do genial compositor. "A música de Guinga tem vários tempos", elogiou Salmaso, talvez se referindo ao fato de o cancioneiro de Guinga estar situado em algum lugar do passado glorioso da música brasileira. A supra-citada Noturna, por exemplo, parece peça saída da obra monumental de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959). Por sua técnica perfeita, Salmaso encara sem atropelos a complexidade que reveste o cancioneiro de Guinga. Este é que, assumidamente nervoso, às vezes se atrapalha em cena, como no momento em que confundiu Mônica ao tocar no violão a introdução de música fora da ordem do roteiro. Contudo, verdade seja dita, Guinga vem se revelando um senhor cantor em cena. Sua interpretação do suculento Chá de Panela (Guinga e Aldir Blanc) - que preparou sozinho, na abertura do show - é saborosa. Da mesma forma, seu contracanto no bolero Se Queres Saber (Peter Pan) - única música do roteiro que não é de autoria de Guinga - evidencia um compositor com pleno domínio da voz, reiterado no seu dueto com Salmaso em Passarinhadeira (Guinga e Paulo César Pinheiro) um dos números mais belos do show. Na sequência, outro número solo de Guinga, Contenda (Guinga e Thiago Amud), atestou que o compositor já é, sim, um grande cantor - embora talvez o próprio Guinga ainda não esteja convencido de sua notável habilidade como intérprete. Sem nunca se intimidar com o gigantismo da obra abordada em cena, Salmaso canta Você, Você (Guinga e Chico Buarque), Sete Estrelas (Guinga e Aldir Blanc) - com Lula Galvão já de volta ao palco do Teatro Rival com seu magistral violão - e Simples e Absurdo (Guinga e Aldir Blanc). Com direito a uma letra inédita de José Miguel Wisnik, Canção Necessária, feita para valsa gravada com versos de Mauro Aguiar e o título de Canção Desnecessária, o show que reúne Mônica Salmaso e Guinga é um show de peso em todos os sentidos. Tecnicamente, não há reparo a ser feito. O único senão do show é o peso de algumas interpretações de Salmaso, o que eventualmente torna a apresentação linear. Se a cantora encontrar no estúdio o equilíbrio entre esse peso (exigido pelos temas densos) e a leveza obtida por Leila Pinheiro, outra intérprete com pleno domínio da música de Guinga, tem tudo para gravar um disco antológico como Catavento e Girassol.

18 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Quinze anos depois de Leila Pinheiro ter dedicado álbum antológico às parcerias de Guinga com Aldir Blanc, Catavento e Girassol (EMI Music, 1996), Mônica Salmaso planeja para este ano de 2011 a gravação de disco centrado na obra criada por Guinga com Paulo César Pinheiro. O inédito show da cantora com o compositor, em cartaz até 10 de fevereiro no Teatro Rival (RJ), dá prévia do requinte que certamente vai pautar o CD. Ao entrar em cena, chamada por Guinga ao palco após elogios do compositor ao seu canto, Salmaso logo enfileirou Bolero de Satã (com improvisos do violonista Lula Galvão, convidado do show), Noturna e Fonte Abandonada. Ao cantar estas três parcerias de Guinga com Paulo César Pinheiro, a intérprete mostrou de imediato o pleno entendimento que tem da obra do genial compositor. "A música de Guinga tem vários tempos", elogiou Salmaso, talvez se referindo ao fato de o cancioneiro de Guinga estar situado em algum lugar do passado glorioso da música brasileira. A supra-citada Noturna, por exemplo, parece peça saída da obra monumental de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959). Por sua técnica perfeita, Salmaso encara sem atropelos a complexidade que reveste o cancioneiro de Guinga. Este é que, assumidamente nervoso, às vezes se atrapalha em cena, como no momento em que confundiu Mônica ao tocar no violão a introdução de música fora da ordem do roteiro. Contudo, verdade seja dita, Guinga vem se revelando um senhor cantor em cena. Sua interpretação do suculento Chá de Panela (Guinga e Aldir Blanc) - que preparou sozinho, na abertura do show - é saborosa. Da mesma forma, seu contracanto no bolero Se Queres Saber (Peter Pan) - única música do roteiro que não é de autoria de Guinga - evidencia um compositor com pleno domínio da voz, reiterado no seu dueto com Salmaso em Passarinhadeira (Guinga e Paulo César Pinheiro) um dos números mais belos do show. Na sequência, outro número solo de Guinga, Contenda (Guinga e Thiago Amud), atestou que o compositor já é, sim, um grande cantor - embora talvez o próprio Guinga ainda não esteja convencido de sua notável habilidade como intérprete. Sem nunca se intimidar com o gigantismo da obra abordada em cena, Salmaso canta Você, Você (Guinga e Chico Buarque), Sete Estrelas (Guinga e Aldir Blanc) - com Lula Galvão já de volta ao palco do Teatro Rival com seu magistral violão - e Simples e Absurdo (Guinga e Aldir Blanc). Com direito a uma letra inédita de José Miguel Wisnik, Canção Necessária, feita para valsa gravada com versos de Mauro Aguiar e o título de Canção Desnecessária, o show que reúne Mônica Salmaso e Guinga é um show de peso em todos os sentidos. Tecnicamente, não há reparo a ser feito. O único senão do show é o peso de algumas interpretações de Salmaso, o que eventualmente torna a apresentação linear. Se a cantora encontrar no estúdio o equilíbrio entre esse peso (exigido pelos temas densos) e a leveza obtida por Leila Pinheiro, outra intérprete com pleno domínio da música de Guinga, tem tudo para gravar um disco antológico como Catavento e Girassol.

Bia disse...

Ê Mauro, essa semana o Rival tá que tá! Outro belíssimo show! Outro estilo, mas belíssimo igualmente.
Sou fã de Mônica e de Guinga, há muito tempo, talvez desde criança, quando não entendia muito bem o que as letras do Aldir, sarcásticas, queriam realmente dizer.
Amei o show e espero ansiosa pelo CD.
A única ressalva é que às vezes sinto falta de emoção no canto de Salmaso, mas tecnicamente, impecável!
Sete estrelas ficou linda também!
Um beijo,
Bia

lurian disse...

Esse é o tipo de show imperdível! Uma grande cantora, um grande e diverso cancioneiro, e ótimos instrumentistas. Ao que me parece o roteiro está calcado em algumas músicas já bem interpretadas ou por Leila Pinheiro ou por Fátima Guedes. Creio que devam haver regravações, mas se vier ai um disco que Mônica consiga fazer o que anos atrás fez com rigor e muita competência a Leila: dosar daquilo que já foi (bem) gravado e que haja uma boa porção de músicas inéditas, pois os autores são dois nomes de peso e criatividade importantes para nossa MPB.

Bia disse...

Ah! E quanto ao talento de Guinga como cantor, não me surpreendi.
Ele já se mostrava muito competente na gravação de Destino Bocaiúva, dele com Aldir Blanc, com Fátima Guedes, no belíssimo pra Bom Entendor.
Acho que foram os meus primeiros contatos com Guinga, talvez tivesse 7 anos, e já adorava...
"E aí sou de Quintino Bocaiúva, subúrbio e eu é feito assim a mão e a luva..." Muito bom!
Beijo
Bia

Pedro Progresso disse...

Guinga é o melhor.
Na torcida pra que o show venha pra São Paulo.

Eduardo disse...

Podem ser ótimos músicos, mas que deve dar um sono danado, isso deve...

Jorge Reis disse...

ENFIM UMA BOA NOTÍCIA.
MONICA É PERFEITA. TOMARA QUE DESTA VEZ A HOMENGEM A PC PINHEIRO ACONTEÇA, ELE, ASSIM COMO GUINGA SÃO GIGANTES NO QUE SE PROPOEM

Diogo Santos disse...

Monica poderia realmente ser mais leve em algumas interpretações.Quem já a ouviu cantando CIRANDA DA BAILARINA,MENINA AMANHÃ DE MANHÃ,ONDE IR e A HISTÓRIA DE LILY BRAUN sabe que ela consegue ser leve sem prejuizo da técnica e da afinação - que fazem dela uma cantora sem igual na MPB.

Anônimo disse...

A Foto ( ótima) do Mauro, diz tudo.
Uma circunspecta Mônica olha, como um contador olharia um balancete, para um Guinga com expressão contorcida de anjo de Rubens arrando as vísceras no palco.
Muito respeito, muito respeitosa!
Espalhou-se a lenda de que para escutar Guinga temos que nos consternar de joelhos e para cantar Guinga deve-se fazê-lo como diante de um tribunal da Inquisição.
Leveza zero!
Qualquer dia a obra super-carioca do g~enio suburbano ficará restrita ao Salão Leopoldo Miguez e suas volutas douradas e empoeiradas!!

Anônimo disse...

Aliás, se me permitem mais um coment.:

Mais P. C. Pinheiro!!! Putz, quem aguenta? Isso já é um Califado do Folclore de Camarinha !!

Seria mais interessante um só com Guinga e Wisnik, né?

meNOS séc XVIII, MAIS XXI !

Anônimo disse...

Eu não gosto de nenhum dos dois, mas a música não tem que ser só leve. Até nela querem impigir dieta. rsrsrs
Recomendo a todos a audição de "Música Para Ouvir" do Arnaldo Antunes.

PS: A poesia de P.C.Pinheiro é de todos os séculos.

Anônimo disse...

Concordo com o Zé, é de todos os séculos:

Século XV
Século XVI
Século XVII
Século XVIII
Século XIX

Todos os séculos em que ainda se usava algarismos romanos! Rs!

Zé, veja as letras do PCP pro novo do Edu Lobo. Ele transformou o Lobo em Edu Lodo!! Rs!RS!

KL disse...

a música popular brasileira acabou em 1982. O que veio depois - como diria a grande Aracy de Almeida - "é um tremendo xarope!".

Anônimo disse...

Fala, Edu, custo a crer que essa dupla de craques tenha perdido o entrosamento. Lodo?
Desse lamaçal só saem pérolas finas, como diria o bom baiano Ederaldo Gentil.

PS: KL,vc tá me devendo "10 mangos" por essa afirmação.

Abraço

José Weiss disse...

Olha, Mauro... O show não é inédito, já vi Mônica e Guinga no mesmo Rival há uns 3 ou 4 anos. Abraço

Flavio Loureiro disse...

Caro Vinícius,

Este show é inédito. Foi apresentado em maio uma participação da Mônica com o Guinga e Lula Galvão no CCBB denttro do Projeto "Acordes do rádio".

Este show é inédito pois foi montado para o Teatro Rival no Rio. Os shows anteriores que a Mônica apresentou no Rival foram, também inéditos, com o pianista André Mehmari e outro com o acordeonista Toninho Ferragutti.

E que bom que vc assistiu.

Denilson Santos disse...

Flávio,

Esse show não é inédito não. Eu já assisti a ele no ano passado na Casa Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Mesma formação e mesmo repertório.

Acontece que a mídia quase não divulga os shows que ocorrem fora das casas de espetáculo mais famosas.

No mais, concordo em parte com o KL quanto ao ano de 1982. Ali foi o princípio do fim...

abração,
Denilson

william disse...

Não posso assistir ao show pq moro no interior de Minas, mas sou fã ( aliás, "fãzaço") do Guinga e de sua música fenomenal!e suas parcerias com Aldir Blanc e P.C.Pinheiro são magistrais!! Fico no aguardo do disco da Salmaso e, quem sabe, um do Guinga tb para este ano! Só falta vir este ano tb o "Gal cantando inéditas de Caetano", aí meu 2011 musical estará completíssimo!