Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Fevereiro chega e traz a lírica carnavalizante do poeta Fausto Nilo em CD

Resenha de CD
Título: Quando Fevereiro Chegar - Uma Lírica de Fausto Nilo
Artista: Vários
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Compositor que animou muitos Carnavais com sua poética festiva, Fausto Nilo sempre pôs poesia no chão da praça. Quando Fevereiro Chegar - Uma Lírica de Fausto Nilo é o disco produzido por Robertinho de Recife em 2009 sob encomenda da Prefeitura de Fortaleza (CE) para celebrar a obra carnavalizante deste compositor nascido em Quixeramobim, no interior do Ceará. Lançado no Carnaval de 2010, o tributo ganha edição comercial pela gravadora Biscoito Fino. Atrás deste disco só não vai quem já morreu para a tal da MPB. Já na primeira faixa - o frevo Vida Boa (Fausto Nilo e Armandinho, 1986), revivido por Geraldo Azevedo - fica claro que o bloco do prazer segue fiel às tradições da poética carnavalizante e dos cânones do som da folia. Apesar de seu canto soar opaco na faixa, Caetano Veloso joga luz sobre Coisa Acesa (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1982) enquanto Elza Soares cai no samba com seus vocais roucos para reavivar Santa Fé (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1985). Tema da novela Roque Santeiro (1985), Santa Fé é bissexto tema em que a lírica alegre do poeta se deixa enovoar por certa tristeza. No todo, o poeta se deixa levar pela alegria. E Carlinhos Brown não desafina o coro dos contentes ao brincar n'O Chão da Praça (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1979) ao passo que Ivan Lins cai macio no samba com Pão e Poesia (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1981). Já Fernanda Takai faz de O Elefante (Fausto Nilo e Robertinho de Recife, 1982) a sua música de brinquedo, fiel ao espírito lúdico do atual álbum de seu grupo Pato Fu. Há algo de lúdico também nos sopros de Jessé Sadock e Jessé Sadock Filho que pontuam o galope Periga Ser (Fausto Nilo e Robertinho de Recife, 1980), interpretado por Zé Ramalho com o arranjo mais inventivo do CD. Com a habitual personalidade, Zeca Baleiro sai do bloco ao cantar Eu Também Quero Beijar (Fausto Nilo, Moraes Moreira e Pepeu Gomes, 1982) em registro suave que dá outro tom à música sem trair a levada original. A única faixa realmente desbotada é Zanzibar (Fausto Nilo e Armandinho, 1981). A gravação de Jorge Vercillo sequer roça a pegada eletrizante do registro do grupo A Cor de Som. Na sequência, Moraes Moreira escala a rítmica forrozeira de Pedras que Cantam (Fausto Nilo e Dominguinhos, 1991) com a intimidade de quem sempre brincou os mesmos Carnavais animados pelo poeta, um de seus parceiros mais importantes. Pedras que Cantam foi sucesso de Fagner, intérprete convidado de Chorando e Cantando (Fausto Nilo e Geraldo Azevedo, 1986), tema que o cantor cearense entoa em ritmo mais acelerado, quase agalopado. No fim, todos seguem juntos - ao lado do homenageado - o Bloco do Prazer (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1980), grande sucesso da tropical Gal Costa em 1982, revivendo os tempos carnavalescos em que tinha (muito) mais poesia no chão da praça.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Compositor que animou muitos Carnavais com sua poética festiva, Fausto Nilo sempre pôs poesia no chão da praça. Quando Fevereiro Chegar - Uma Lírica de Fausto Nilo é o disco produzido por Robertinho de Recife em 2009 sob encomenda da Prefeitura de Fortaleza (CE) para celebrar a obra carnavalizante deste compositor nascido em Quixeramobim, no interior do Ceará. Lançado no Carnaval de 2010, o tributo ganha edição comercial pela gravadora Biscoito Fino. Atrás deste disco só não vai quem já morreu para a tal da MPB. Já na primeira faixa - o frevo Vida Boa (Fausto Nilo e Armandinho, 1986), revivido por Geraldo Azevedo - fica claro que o bloco do prazer segue fiel às tradições da poética carnavalizante e dos cânones do som da folia. Apesar de seu canto soar opaco na faixa, Caetano Veloso joga luz sobre Coisa Acesa (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1982) enquanto Elza Soares cai no samba com seus vocais roucos para reavivar Santa Fé (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1985). Tema da novela Roque Santeiro (1985), Santa Fé é bissexto tema em que a lírica alegre do poeta se deixa enovoar por certa tristeza. No todo, o poeta se deixa levar pela alegria. E Carlinhos Brown não desafina o coro dos contentes ao brincar n'O Chão da Praça (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1979) ao passo que Ivan Lins cai macio no samba com Pão e Poesia (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1981). Já Fernanda Takai faz de O Elefante (Fausto Nilo e Robertinho de Recife, 1982) a sua música de brinquedo, fiel ao espírito lúdico do atual álbum de seu grupo Pato Fu. Há algo de lúdico também nos sopros de Jessé Sadock e Jessé Sadock Filho que pontuam o galope Periga Ser (Fausto Nilo e Robertinho de Recife, 1980), interpretado por Zé Ramalho com o arranjo mais inventivo do CD. Com a habitual personalidade, Zeca Baleiro sai do bloco ao cantar Eu Também Quero Beijar (Fausto Nilo, Moraes Moreira e Pepeu Gomes, 1982) em registro suave que dá outro tom à música sem trair a levada original. A única faixa realmente desbotada é Zanzibar (Fausto Nilo e Armandinho, 1981). A gravação de Jorge Vercillo sequer roça a pegada eletrizante do registro do grupo A Cor de Som. Na sequência, Moraes Moreira escala a rítmica forrozeira de Pedras que Cantam (Fausto Nilo e Dominguinhos, 1991) com a intimidade de quem brincou os mesmos Carnavais animados pelo poeta, um de seus parceiros mais importantes. Pedras que Cantam foi sucesso de Fagner, intérprete convidado de Chorando e Cantando (Fausto Nilo e Geraldo Azevedo, 1986), tema que o cantor cearense entoa em ritmo mais acelerado, quase agalopado. No fim, todos seguem juntos - ao lado do homenageado - o Bloco do Prazer (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1980), grande sucesso da tropical Gal Costa em 1982, revivendo os tempos carnavalescos em que tinha (muito) mais poesia no chão da praça.

Denilson Santos disse...

Só para lembrar que Elba Ramalho fez um registro fantástico de "Zanzibar" no seu disco "Baioque" de 1997 (aliás, um disco fantástico...)

abração,
Denilson

Fábio Passadisco disse...

Esse ano a prefeitura de Fortaleza repete a dose com um tributo a Evaldo Gouveia. Cd produzido por Pantico Rocha e participações de Lenine, Maria Gadú, Elba Ramalho, entre outros.

Anônimo disse...

O Chão da Praça é dos frevos que mais gosto. Mano Caetano o regravou lindamente no seu DVD Cê.

PS: Muito bonitinho esse elefantinho passista. :>)