Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Pedro Mariano eleva tom, afinado com orquestra, em show de noite estranha

Resenha de show
Título: Pedro Mariano e orquestra
Artista: Pedro Mariano e Orquestra Eleazar de Carvalho (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Teatro Oi Casa Grande (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 13 de outubro de 2013
Cotação: * * * 1/2

♪ Ao voltar para o bis da estreia carioca do show em que divide o palco com a Orquestra Eleazar de Carvalho, Pedro Mariano admitiu para o público - em discurso feito antes de cantar Sangrando (Gonzaguinha, 1980) - que tinha sido "uma noite estranha, no bom sentido". A estranheza foi sentida pelo cantor paulista ao se deparar na fachada do Teatro Oi Casa Grande com o seu nome ao lado do nome de sua mãe, Elis Regina (1945 - 1982), cantora gaúcha cuja vida está sendo contada em musical encenado no mesmo teatro. Sincero, Mariano revelou que muita história se passou na sua cabeça enquanto ele cantava as 16 músicas do roteiro de seu projeto sinfônico, com o qual está em turnê nacional desde agosto deste ano de 2013. Por mais que o cantor tenha se sentido estranho na noite de 13 de outubro, pelo fato de estar se apresentando no mesmo palco em que a vida de sua mãe Elis vem sendo encenada desde 8 de novembro, Mariano se afinou com a orquestra - regida pelo maestro Otávio de Moraes - no que pode ser considerado o melhor show de sua carreira (já gravado na passagem da turnê por São Paulo, em 12 de outubro, para dar gerar DVD e CD ao vivo previstos para 2014). Ao encerrar o bis, após cantar Miragem (Dani Black, 2001), tema cuja batida funkeada se harmonizou com o tom frenético das cordas da orquestra neste número, o cantor deixou ótima impressão. O show Pedro Mariano e orquestra apresenta o cantor em traje de gala, apropriado para o tom refinado dos arranjos do maestro Otávio de Moraes. Canções como Certas coisas (Lulu Santos e Nelson Motta, 1984) e  Simples (2006) - um dos títulos mais inspirados do cancioneiro de Jair Oliveira, compositor paulista predominante no roteiro, autor também da (bem) menos sedutora Ventania (2007) e da inédita Sem você sou não - se enquadraram bem na moldura sinfônica. Sem deixar sua voz ser abafada pela imponência dos fartos arranjos, Mariano está cantando de forma expansiva, em tons altos, como exemplifica a abordagem de Um pouco mais perto, balada inédita composta por Ana Carolina (com os parceiros Chiara Civello e Edu Krieger) e fornecida pela artista mineira para o repertório de Pedro Mariano e Orquestra. Por mais que o público feminino veja em Mariano a figura do cantor-galã (olhar confirmado pelos gritos de ''gostoso!'', ''delícia!'' e ''coisa linda!'' que irromperam insistentemente na plateia do Teatro Oi Casa Grande), ouvintes mais atentos puderam detectar um cantor em ponto de maturação, já humilde o suficiente para interromper Al otro lado del río (Jorge Drexler, 2004)  por ter errado a letra - o que ninguém havia percebido - e já capaz de encarar uma grande canção do porte de Faltando um pedaço (Djavan, 1981). Por mais que nem sempre o repertório esteja à altura do cantor e dos arranjos orquestrais, sensação recorrente em Sei lá eu (Pedro Viáfora e Pedro Altério, 2011), em Poder (Jorge Vercillo, 2007) e na já citada Ventania, o show transcorreu envolvente. Música turbinada com o toque heavy da guitarra de Conrado Goiz e com a pulsação dos metais da orquestra, Pontos cardeais (Ivan Lins e Vitor Martins, 1988) fez o show navegar em águas agitadas enquanto a canção Você (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974) o ancorou em porto seguro, com a melancolia realçada pelos violoncelos e violinos da orquestra. Já a pulsação pop de Simplesmente (Samuel Rosa e Chico Amaral, 2007) pairou acima da aura sinfônica de número em que luzes pareciam sair de dentro da orquestra em feixes que se espraiavam pela plateia. Aliás, a iluminação de Cristiano Desideri é show à parte em Pedro Mariano e Orquestra. Mas a luz maior vem do cantor, em bom momento após álbum, 8 (2011), de brilho reduzido. Mariano elevou o tom.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Ao voltar para o bis da estreia carioca do show em que divide o palco com a Orquestra Eleazar de Carvalho, Pedro Mariano admitiu para o público - em discurso feito antes de cantar Sangrando (Gonzaguinha, 1980) - que tinha sido "uma noite estranha, no bom sentido". A estranheza foi sentida pelo cantor paulista ao se deparar na fachada do Teatro Oi Casa Grande com o seu nome ao lado do nome de sua mãe, Elis Regina (1945 - 1982), cantora gaúcha cuja vida está sendo contada em musical encenado no mesmo teatro. Sincero, Mariano revelou que muita história se passou na sua cabeça enquanto ele cantava as 16 músicas do roteiro de seu projeto sinfônico, com o qual está em turnê nacional desde agosto deste ano de 2013. Por mais que o cantor tenha se sentido estranho na noite de 13 de outubro, pelo fato de estar se apresentando no mesmo palco em que a vida de Elis vem sendo encenada desde 8 de outubro, Mariano se afinou com a orquestra - regida pelo maestro Otávio de Moraes - no que pode ser considerado o melhor show de sua carreira (já gravado na passagem da turnê por São Paulo, em 12 de outubro, para dar gerar DVD e CD ao vivo previstos para 2014). Ao encerrar o bis, após cantar Miragem (Dani Black, 2001), tema cuja batida funkeada se harmonizou com o tom frenético das cordas da orquestra neste número, o cantor deixou ótima impressão. O show Pedro Mariano e orquestra apresenta o cantor em traje de gala, apropriado para o tom refinado dos arranjos do maestro Otávio de Moraes. Canções como Certas coisas (Lulu Santos e Nelson Motta, 1984) e Simples (2006) - um dos títulos mais inspirados do cancioneiro de Jair Oliveira, compositor paulista predominante no roteiro, autor também da (bem) menos sedutora Ventania (2007) e da inédita Sem você sou não - se enquadraram bem na moldura sinfônica. Sem deixar sua voz ser abafada pela imponência dos fartos arranjos, Mariano está cantando de forma expansiva, em tons altos, como exemplifica a abordagem de Um pouco mais perto, balada inédita composta por Ana Carolina (com os parceiros Chiara Civello e Edu Krieger) e fornecida pela artista mineira para o repertório de Pedro Mariano e Orquestra. Por mais que o público feminino veja em Mariano a figura do cantor-galã (olhar confirmado pelos gritos de ''gostoso!'', ''delícia!'' e ''coisa linda!'' que irromperam insistentemente na plateia do Teatro Oi Casa Grande), ouvintes mais atentos puderam detectar um cantor em ponto de maturação, já humilde o suficiente para interromper Al otro lado del río (Jorge Drexler, 2004) por ter errado a letra - o que ninguém havia percebido - e já capaz de encarar uma grande canção do porte de Faltando um pedaço (Djavan, 1981). Por mais que nem sempre o repertório esteja à altura do cantor e dos arranjos orquestrais, sensação recorrente em Sei lá eu (Pedro Viáfora e Pedro Altério, 2011), em Poder (Jorge Vercillo, 2007) e na já citada Ventania, o show transcorreu envolvente. Música turbinada com o toque heavy da guitarra de Conrado Goiz e com a pulsação dos metais da orquestra, Pontos cardeais (Ivan Lins e Vitor Martins, 1989) fez o show navegar em águas agitadas enquanto a canção Você (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974) se ancorou em porto seguro, tendo sua melancolia realçada pelos violoncelos e violinos da orquestra. Já a pulsação pop de Simplesmente (Samuel Rosa e Chico Amaral, 2007) pairou acima da aura sinfônica de número em que as luzes pareciam sair de dentro da orquestra em feixes que se espraiavam pela plateia. A propósito, a iluminação de Cristiano Desideri é show à parte em Pedro Mariano e Orquestra. Mas a luz maior vem do cantor, em um bom momento após álbum, 8 (2011), de brilho reduzido. Mariano elevou o tom.

Denilson Santos disse...

Mauro, pequena correção. O musical sobre a Elis estreou em 8 de novembro, não outubro.
Abração
Denilson

Unknown disse...

Chaterézimo