Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Maíra Freitas 'entorta' pérolas negras ao piano em bom show no 'Back2Black'

Resenha de show
Evento: Festival Back2Black
Título: Maíra Freitas
Artista: Maíra Freitas (em foto de Cristina Granato)
Local: Palco Estrombo - Cidade das Artes (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 17 de novembro de 2013
Cotação: * * * 

 "Já que estou no Back2Black, vou fazer uma homenagem ao Michael Jackson", justificou Maíra Freitas para o público que assistia ao primeiro show do último dia do festival no Palco Estrombo, armado no Pilotis da Cidade das Artes, sede da quinta edição do Back2Black. Atração de 17 de novembro de 2103, a cantora, compositora, pianista - de formação clássica - e arranjadora carioca começou então a cantar Beat it (Michael Jackson, 1982) em versão tão demolidora que tornou difícil o reconhecimento imediato desta música extraída do repertório blockbuster do álbum Thriller (1982). Freitas desconstruiu o andamento, a pulsação e a vibe da gravação original de Michael Jackson (1958 - 2009), trazendo Beat it para seu universo particular. E foi nessa vibe que a filha de Martinho da Vila - lançada como cantora em 2010 em disco em que seu pai celebrava a obra do compositor carioca Noel Rosa (1910 - 1937) e no qual Maíra cantava Último desejo (1937), música, aliás, incluída no show do Back2Black - entortou pérolas negras na voz e no toque de seu piano, com suingue todo próprio, na tênue fronteira entre a música erudita e a pop(ular), e com leve toque de jazz. A abertura do show - feita por Maíra com Maracatu, nação do amor (2001), a versão letrada (por Nei Lopes) de April child, tema do compositor e maestro pernambucano Moacir Santos (1926 - 2006), gravada pela artista em seu primeiro álbum, Maíra Freitas (Biscoito Fino, 2011) - já sinalizou que o repertório da artista estava em sintonia com a nobre negritude que pauta a programação do Back2Black. Sem se enquadrar em rótulos, Maíra Freitas inseriu Dream a little dream of me (Fabian Andre, Wilbur Schwandt e Gus Khan, 1931) - sucesso mundial na voz de Mama Cass Elliot (1941 - 1974) em gravação de 1968 - em universo que remeteu ao samba-jazz dos anos 60. Na sequência, abordou a obra do pai, cantando Disritmia (Martinho da Vila, 1974), e transitou pelo repertório de Gilberto Gil nos anos 70, dando voz a Tenho sede (Dominguinhos e Anastácia, 1975). A capacidade de Maíra de dar nova cara a velhas músicas foi reiterada no show quando a artista se apropriou de Não me balança mais (Mart'nália e Viviane Mosé, 1997), samba gravado por Mart'nália em seu álbum Minha cara (ZFM Records, 1997). Raro número de forma mais convencional, Eu quero um samba (Haroldo Barbosa e Janet Almeida, 1945) precedeu Feeling good (Anthony Newley e Leslie Bricusse, 1964), música que Maíra cantou em reverência à politizada cantora norte-americana Nina Simone (1933 - 2003) - cuja gravação de 1965 é das mais famosas do tema - mas que o público do Back2Black talvez tenha identificado mais com o grupo inglês Muse (embora Maíra tenha feito menção a Nina Simone antes do bom número). No fim, O show tem que continuar (Arlindo Cruz, Sombrinha e Luiz Carlos da Vila, 1988) preparou o clima festivo para o bis, no qual a cantora e pianista caiu no samba de Dorival Caymmi (1914 - 2008) com Rosa Morena (1942). Entre pérolas negras, Maíra Freitas exibiu um colorido próprio no seu show no Back2Black.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"Já que estou no Back2Black, vou fazer uma homenagem ao Michael Jackson", justificou Maíra Freitas para o público que assistia ao primeiro show do último dia do festival no Palco Estrombo, armado no Pilotis da Cidade das Artes, sede da quinta edição do Back2Black. Atração de 17 de novembro de 2103, a cantora, compositora, pianista - de formação clássica - e arranjadora carioca começou então a cantar Beat it (Michael Jackson, 1982) em versão tão demolidora que tornou difícil o reconhecimento imediato desta música extraída do repertório blockbuster do álbum Thriller (1982). Freitas desconstruiu o andamento, a pulsação e a vibe da gravação original de Michael Jackson (1958 - 2009), trazendo Beat it para seu universo particular. E foi nessa vibe que a filha de Martinho da Vila - lançada como cantora em 2010 em disco em que seu pai celebrava a obra do compositor carioca Noel Rosa (1910 - 1937) e no qual Maíra cantava Último desejo (1937), música, aliás, incluída no show do Back2Black - entortou pérolas negras na voz e no toque de seu piano, com suingue todo próprio, na tênue fronteira entre a música erudita e a pop(ular), e com leve toque de jazz. A abertura do show - feita por Maíra com Maracatu, nação do amor (2001), a versão letrada (por Nei Lopes) de April child, tema do repertório do compositor e maestro pernambucano Moacir Santos (1926 - 2006) - já sinalizou que o repertório da artista estava em sintonia com a nobre negritude que pauta a programação do Back2Black. Sem se enquadrar em rótulos, Maíra Freitas inseriu Dream a little dream of me (Fabian Andre, Wilbur Schwandt e Gus Khan, 1931) - sucesso mundial na voz de Mama Cass Elliot (1941 - 1974) em gravação de 1968 - em universo que remeteu ao samba-jazz dos anos 60. Na sequência, abordou a obra do pai, cantando Disritmia (Martinho da Vila, 1974), e transitou pelo repertório de Gilberto Gil nos anos 70, dando voz a Tenho sede (Dominguinhos e Anastácia, 1975). A capacidade de Maíra de dar nova cara a uma velha música foi reiterada no show quando a artista se apropriou de Não me balança mais (Mart'nália e Viviane Mosé, 1997), samba gravado por Mart'nália em seu álbum Minha cara (ZFM Records, 1997). Raro número de forma mais convencional, Eu quero um samba (Haroldo Barbosa e Janet Almeida, 1945) precedeu Feeling good (Anthony Newley e Leslie Bricusse, 1964), música que Maíra cantou em reverência à politizada cantora norte-americana Nina Simone (1933 - 2003) - cuja gravação de 1965 é uma das mais famosas do tema inglês - mas que o público do Back2Black talvez tenha identificado mais com o grupo inglês Muse (embora Maíra tenha feito menção a Nina Simone antes do bom número). No fim, O show tem que continuar (Arlindo Cruz, Sombrinha e Luiz Carlos da Vila, 1988) preparou o clima festivo para o bis, no qual a cantora e pianista caiu no samba de Dorival Caymmi (1914 - 2008) com Rosa Morena (1942). Entre pérolas negras, Maíra Freitas exibiu um colorido próprio no Back2Black.

Anônimo disse...

Homenagem ao Michael no Back2Black?
Ficaria mais adequado no Back2White.

PS: Último Desejo é top 10 das pérolas da MPB.