Mauro Ferreira no G1

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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Elias cai 'cool' no samba em álbum em que o canto se sobrepõe ao piano

Resenha de CD
Título: Light My Fire
Artista: Eliane Elias
Gravadora: Concord Music / Universal Music
Cotação: * * 1/2

Radicada há 30 anos em Nova York (EUA), a pianista paulista Eliane Elias se firmou no mundo do jazz com abordagens regulares da música brasileira, em especial da Bossa Nova, sempre tão cultuada nos Estados Unidos. Light my Fire (2011) - 27º título de sua discografia solo, recém-lançado no Brasil pela Universal Music - é um álbum em que Elias se volta especialmente para o samba e para o canto. É fato que a pianista já vem se aventurando como cantora nos últimos discos. Mas em Light my Fire o canto de Elias chega a se sobrepor ao toque preciso de seu piano. O que não é necessariamente um elogio. A voz morna da artista é afinada e se ajusta bem ao estilo cool deste CD. Contudo, o canto de Elias jamais ultrapassa a fronteira do correto em Light my Fire. Falta à artista brilho e suingue na voz para encarar sambas como Rosa Morena (Dorival Caymmi) e Isto Aqui O Que É (Ary Barroso). Gilberto Gil dá certa vivacidade ao disco ao entrar em cena com sua voz e seu violão em Aquele Abraço (Gilberto Gil), em Toda Menina Baiana (Gilberto Gil) e em Turn to me (Samba Maracatu), bissexta parceria de Elias com Gonzaguinha (1945 - 1991), composta nos anos 80. Mas o suingue genuíno de Gil - de quem Elias ainda rebobina Bananeira, parceria do compositor baiano com João Donato - não basta para tornar o disco realmente interessante. Até porque, fora da seara brasileira, Elias apaga todo o fogo de Light my Fire - o incendiário clássico do repertório do grupo norte-americano The Doors - e reitera o tom convencional do CD ao entoar versão em francês de Mon Cherie Amour, a balada de Stevie Wonder. No todo, Light my Fire põe em segundo plano o toque jazzístico do piano de Elias para evidenciar um canto a rigor bem trivial.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Radicada há 30 anos em Nova York (EUA), a pianista paulista Eliane Elias se firmou no mundo do jazz com abordagens regulares da música brasileira, em especial da Bossa Nova, sempre tão cultuada nos Estados Unidos. Light my Fire (2011) - 27º título de sua discografia solo, recém-lançado no Brasil pela Universal Music - é um álbum em que Elias se volta especialmente para o samba e para o canto. É fato que a pianista já vem se aventurando como cantora nos últimos discos. Mas em Light my Fire o canto de Elias chega a se sobrepor ao toque preciso de seu piano. O que não é necessariamente um elogio. A voz morna da artista é afinada e se ajusta bem ao estilo cool deste CD. Contudo, o canto de Elias jamais ultrapassa a fronteira do correto em Light my Fire. Falta à artista brilho e suingue na voz para encarar sambas como Rosa Morena (Dorival Caymmi) e Isto Aqui O Que É (Ary Barroso). Gilberto Gil dá certa vivacidade ao disco ao entrar em cena com sua voz e seu violão em Aquele Abraço (Gilberto Gil), em Toda Menina Baiana (Gilberto Gil) e em Turn to me (Samba Maracatu), bissexta parceria de Elias com Gonzaguinha (1945 - 1991), composta nos anos 80. Mas o suingue genuíno de Gil - de quem Elias ainda rebobina Bananeira, parceria do compositor baiano com João Donato - não basta para tornar o disco realmente interessante. Até porque, fora da seara brasileira, Elias apaga todo o fogo de Light my Fire - o incendiário clássico do repertório do grupo norte-americano The Doors - e reitera o tom convencional do CD ao entoar versão em francês de Mon Cherie Amour, a balada de Stevie Wonder. No todo, Light my Fire põe em segundo plano o toque jazzístico do piano de Elias para evidenciar um canto a rigor bem trivial.

KL disse...

OMG! E que 'capa' é essa? Eliane (grande artista!), liga para mim, que faço uma muito melhor para você. E grátis.

Leandro disse...

Tenho ouvido este registro de "Aquele Abraço" na Roquette-Pinto, 94,1 MHz Rio de Janeiro.

Márcio disse...

O caso de Eliane Elias é no mínimo curioso. Excelente pianista de jazz, tinha publico cativo dentro do grupo restrito dos fãs do gênero. Talvez por conta do sucesso de Diana Krall, resolveu passar a cantar também. E faça-se justiça: toca muito mais e canta pelo menos tão bem quanto a canadense. Mas, como Mauro escreve, parece no momento um tanto perdida quanto ao repertório e não poderia jamais colocar a voz em primeiro plano, pois seu verdadeiro talento é o de pianista.