Mauro Ferreira no G1

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sábado, 18 de fevereiro de 2012

CD 'O Pensamento É um Imã' sinaliza o crescimento do Vivendo do Ócio

Resenha de CD
Título: O Pensamento É um Imã
Artista: Vivendo do Ócio
Gravadora: Deck
Cotação: * * *

Salta aos ouvidos o crescimento do Vivendo do Ócio - quarteto baiano radicado em São Paulo (SP) - neste segundo álbum, O Pensamento É um Imã. O CD aponta caminhos para a banda enquanto seu antecessor, Nem Sempre Tão Normal (2009), se limitou a apresentar mais um grupo na multidão adolescente que tenta chamar a atenção do mndo com uma guitarra, algumas ideias e muita disposição. Sentimento, aliás, abordado no rock Por Um Punhado de Reais, um dos 11 temas autorais compostos e apresentados pela banda neste bom disco produzido por Rafael Ramos com Chuck Hipolitho. A evolução se reflete no próprio repertório, mais sedutor e mais bem burilado - ainda que a arquitetura de rocks como Bomba Relógio (parceria da banda com Luiz Henrique Lima) e Silas não prime exatamente pela originalidade. Rocks como Preciso me Recuperar (faixa que evoca a fase mais roqueira do Capital Inicial, inclusive pelo tom do canto do vocalista e guitarrista Jajá Cardoso) e O Mundo É um Parque (tema que sobressai na safra de inéditas de O Pensamento É um Imã pela melodia menos trivial) mostram um grupo com energia juvenil, riffs azeitados e boa pegada. Contudo, é quando extrapola o universo pop roqueiro que o grupo sinaliza de fato sua evolução neste segundo álbum. Em O Mais Clichê, o Vivendo do Ócio experimenta imprimir certa latinidade no seu som. Nesta faixa, o convidado Dadi pilota o baixo, o baterista Dieguito Reis assume um cajón e o baixista Luca Bori pilota um charango e um kazoo. Na balada Dois Mundos, o Vivendo do Ócio assume certa influência do BritPop enquanto em outra balada, Nostalgia (parceria da banda com Pablo Dominguez), o quarteto expressa na letra a saudade da Bahia. Pena que a intervenção do duo Agridoce na faixa - Pitty faz vocais e Martin toca guitarra e violão - passe despercebida. Se mais bem aproveitada, a delicadeza da dupla poderia ter valorizado mais a canção, que tem parte declamada. A Bahia também é assunto da (ótima) letra de Radiotividade, rock composto pelo Vivendo do Ócio com a colaboração de Adalberto Rabelo e Thadeu Meneghini. "Eu quero, eu espero, preciso de algo novo / Nos auto-falantes, milagres do povo", expressa Jajá em versos da melhor letra do disco. No todo, O Pensamento É um Imã atrai vibrações e sensações positivas, deixando no ar a certeza de que o Vivendo do Ócio caminha para frente com o CD e já começa a deixar de ser mais um na multidão roqueira.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Salta aos ouvidos o crescimento do Vivendo do Ócio - quarteto baiano radicado em São Paulo (SP) - neste segundo álbum, O Pensamento É um Imã. O CD aponta caminhos para a banda enquanto seu antecessor, Nem Sempre Tão Normal (2009), se limitou a apresentar mais um grupo na multidão adolescente que tenta chamar a atenção do mndo com uma guitarra, algumas ideias e muita disposição. Sentimento, aliás, abordado no rock Por Um Punhado de Reais, um dos 11 temas autorais compostos e apresentados pela banda neste bom disco produzido por Rafael Ramos com Chuck Hipolitho. A evolução se reflete no próprio repertório, mais sedutor e mais bem burilado - ainda que a arquitetura de rocks como Bomba Relógio (parceria da banda com Luiz Henrique Lima) e Silas não prime exatamente pela originalidade. Rocks como Preciso me Recuperar (faixa que evoca a fase mais roqueira do Capital Inicial, inclusive pelo tom do canto do vocalista e guitarrista Jajá Cardoso) e O Mundo É um Parque (tema que sobressai na safra de inéditas de O Pensamento É um Imã pela melodia menos trivial) mostram um grupo com energia juvenil, riffs azeitados e boa pegada. Contudo, é quando extrapola o universo pop roqueiro que o grupo sinaliza de fato sua evolução neste segundo álbum. Em O Mais Clichê, o Vivendo do Ócio experimenta imprimir certa latinidade no seu som. Nesta faixa, o convidado Dadi pilota o baixo, o baterista Dieguito Reis assume um cajón e o baixista Luca Bori pilota um charango e um kazoo. Na balada Dois Mundos, o Vivendo do Ócio assume certa influência do BritPop enquanto em outra balada, Nostalgia (parceria da banda com Pablo Dominguez), o quarteto expressa na letra a saudade da Bahia. Pena que a intervenção do duo Agridoce na faixa - Pitty faz vocais e Martin toca guitarra e violão - passe despercebida. Se mais bem aproveitada, a delicadeza da dupla poderia ter valorizado mais a canção, que tem parte declamada. A Bahia também é assunto da (ótima) letra de Radiotividade, rock composto pelo Vivendo do Ócio com a colaboração de Adalberto Rabelo e Thadeu Meneghini. "Eu quero, eu espero, preciso de algo novo / Nos auto-falantes, milagres do povo", expressa Jajá em versos da melhor letra do disco. No todo, O Pensamento É um Imã atrai vibrações e sensações positivas, deixando no ar a certeza de que o Vivendo do Ócio caminha para frente com o CD e já começa a deixar de ser mais um na multidão roqueira.