Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Pedro Luís e a Parede conduzem bem 'Navilouca' em novo pouso no Rio

Resenha de show
Título: Navilouca
Artista: Pedro Luís e a Parede (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Teatro Nelson Rodrigues - Caixa Cultural RJ (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 8 de fevereiro de 2012
Cotação: * * * *
Em cartaz no Teatro Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro, até 9 de fevereiro de 2012

Navilouca está pousando novamente no Rio de Janeiro (RJ) em minitemporada que termina hoje, 9 de fevereiro de 2012, no Teatro Nelson Rodrigues, palco da Caixa Cultural RJ. A decolagem do projeto comemorativo dos 15 anos de Pedro Luís e a Parede - coletivo formado em 1996 na cena indie carioca -aconteceu em dezembro de 2010 com a edição de um dos mais requintados registros ao vivo de show em DVD. No palco às escuras do teatro, o quinteto – ao qual foi agregado o guitarrista convidado Leo Saad – dosa o peso da batucada sem perda da pressão, alta, como perceptível já na abertura feita com Quebra-Quilos (Pedro Luís), tema introduzido por citação de Caramujo Jah (Pedro Luís, Sidon Silva, Celsom Alvim, C.A. Ferrari, Mário Moura e Osvaldo Pereira). Na sequência, a música que batiza o álbum de estúdio lançado pelo grupo em 2008 com produção de Lenine, Ponto Enredo (Pedro Luís), faz Navilouca planar sobre o terreno afro-brasileiro em que também está enraizado Mandingo (Pedro Luís e Roque Ferreira). A viagem tem alma carioca, embora a agalopada Fazê O Quê? (Pedro Luís) insira até o Nordeste na rota. A ambiência mais formal de um teatro diminui o teor de adesão popular ao baile, mas, no final, o vocalista Pedro Luís – cantando cada vez melhor, com a voz já educada nas aulas e nos palcos da vida itinerante – convoca o plateia para levantar, se aproximar da cena e cair no suingue de temas como Rap do Real (Rodrigo Maranhão e Pedro Luís). E a Parede faz sua festa com som encorpado e consciência social. Letras como as de Braseiro (Pedro Luís) e Selvagem (Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone) - um sucesso do trio Paralamas do Sucesso que se ajustou com perfeição ao som e ao espírito da Parede - ressaltam que a chapa continua quente. “De Porto Alegre ao Acre / A pobreza só muda o sotaque”, reitera o refrão de Seres Tupy (Pedro Luís). Com a devida reverência ao mestre Jorge Ben Jor (rei do suinge nacional, lembrado com sua seminal Mas que Nada) e justa homenagem a Wando (1945 – 2012), saudado com Nega de Obaluaê (Wando) em tom afro-brasileiro e com direito a um rap no meio do samba de 1975, a PLAP conduz a Navilouca com segurança e suingue pelo palco precariamente iluminado até o desligamento dos motores com Pena de Vida (Pedro Luís) no bis dado em clima de baile. Não houve turbulências na bela rota.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Navilouca está pousando novamente no Rio de Janeiro (RJ) em minitemporada que termina hoje, 9 de fevereiro de 2012, no Teatro Nelson Rodrigues, palco da Caixa Cultural RJ. A decolagem do projeto comemorativo dos 15 anos de Pedro Luís e a Parede - coletivo formado em 1996 na cena indie carioca -aconteceu em dezembro de 2010 com a edição de um dos mais requintados registros ao vivo de show em DVD. No palco às escuras do teatro, o quinteto – ao qual foi agregado o guitarrista convidado Leo Saad – dosa o peso da batucada sem perda da pressão, alta, como perceptível já na abertura feita com Quebra-Quilos (Pedro Luís), tema introduzido por citação de Caramujo Jah (Pedro Luís, Sidon Silva, Celsom Alvim, C.A. Ferrari, Mário Moura e Osvaldo Pereira). Na sequência, a música que batiza o álbum de estúdio lançado pelo grupo em 2008 com produção de Lenine, Ponto Enredo (Pedro Luís), faz Navilouca planar sobre o terreno afro-brasileiro em que também está enraizado Mandingo (Pedro Luís e Roque Ferreira). A viagem tem alma carioca, embora a agalopada Fazê O Quê? (Pedro Luís) insira até o Nordeste na rota. A ambiência mais formal de um teatro diminui o teor de adesão popular ao baile, mas, no final, o vocalista Pedro Luís – cantando cada vez melhor, com a voz já educada nas aulas e nos palcos da vida itinerante – convoca o plateia para levantar, se aproximar da cena e cair no suingue de temas como Rap do Real (Rodrigo Maranhão e Pedro Luís). E a Parede faz sua festa com som encorpado e consciência social. Letras como as de Braseiro (Pedro Luís) e Selvagem (Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone) - um sucesso do trio Paralamas do Sucesso que se ajustou com perfeição ao som e ao espírito da Parede - ressaltam que a chapa continua quente. “De Porto Alegre ao Acre / A pobreza só muda o sotaque”, reitera o refrão de Seres Tupy (Pedro Luís). Com a devida reverência ao mestre Jorge Ben Jor (rei do suinge nacional, lembrado com sua seminal Mas que Nada) e justa homenagem a Wando (1945 – 2012), saudado com Nega de Obaluaê (Wando) em tom afro-brasileiro e com direito a um rap no meio do samba de 1975, a PLAP conduz a Navilouca com segurança e suingue pelo palco precariamente iluminado até o desligamento dos motores com Pena de Vida (Pedro Luís) no bis dado em clima de baile. Não houve turbulências na bela rota.