Mauro Ferreira no G1

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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Vivaz, 'toureiro' Alceu doma mistura colorida da massa no baile do Recife

Resenha de Show
Evento: 48º Baile Municipal do Recife
Título: Alceu Valença no Baile Municipal do Recife
Artista: Alceu Valença (em foto de Marcelo Lyra)
Local: Chevrolet Hall (Recife, Pernambuco)
Data: 12 de fevereiro de 2012
Cotação: * * * 1/2

Caracterizado de toureiro à moda espanhola, Alceu Valença domou a mistura colorida da massa - para citar um verso do frevo Me Segura Que Senão Eu Caio (J. Michiles, 1986) - desde que entrou no palco da casa Chevolet Hall, ao primeiro minuto de 12 de fevereiro de 2012, para animar a 48ª edição do Baile Municipal do Recife. Homenageado do Carnaval Multicultural do Recife em 2012, por conta dos 40 anos de carreira fonográfica iniciada em 1972 com álbum dividido com o conterrâneo Geraldo Azevedo, Alceu se vestiu de toureiro para encarar e entreter a massa colorida de foliões fantasiados. Contudo, no palco-arena, o cantor e compositor pernambucano parece ser o próprio touro, indomável, elétrico, vivaz. Tamanha vivacidade até atenuou o fato de que, na noite do baile, a voz de Alceu estava rouca, fanha, sem o viço habitual. A animação foi a mesma desde que o artista entrou no palco-arena ao som dos acordes iniciais de Bicho Maluco Beleza (Alceu Valença, 1992). Alceu estava em casa, satisfeito por animar "o baile mais bonito do mundo", como disse em cena. Íntimo do universo musical dos maracatus, batuques e ladeiras de sua Olinda, a cidade em que escolheu viver e que saudou no baile com o Hino do Elefante de Olinda (Clídio Nigro e Clóvis Vieira), o cantor também acerta invariavelmente o passo de frevos como Diabo Louro (J. Michiles, 1994). É proeza de quem canta o ano inteiro, como ressalta em versos de sua música De Janeiro a Janeiro (Alceu Valença, 2002), faixa-título de álbum que reiterou a independência artística deste mago do universo pop nordestino, hábil ao reprocessar os ritmos da região com a linguagem do rock. "O povo é o meu espelho. Eu sou o espelho do povo. A minha arte nasce sobretudo do povo pernambucano", jogou confetes nos foliões antes de cantar os frevos de bloco Madeira que Cupim Não Rói (Capiba, 1963) e Pirata José (Alceu Valença, 2002). Sim, o toureiro-cantor sabe se comunicar com a massa colorida pelas fantasias e, por isso, veste tão bem a pele do apresentador de TV Chacrinha (1917 - 1988) ao cantar Roda e Avisa (E. Rodrigues e J. Michiles, 1989), tributo ao lendário ícone dos auditórios nacionais. Nessa folia tropicalista, a Ciranda da Rosa Vermelha (Alceu Valença, 1997) convive em harmonia com La Belle de Jour (Alceu Valença, 1992) e com o recente Frevo da Lua (Alceu Valença, 2011). E, como é Carnaval, o artista-toureiro brinca de fingir que vai sair do palco para incitar a massa colorida a pedir bis, dado com Voltei, Recife (Luiz Bandeira). Alceu Valença sabe dar um baile.

P.S.: O blog Notas Musicais viajou a Recife (PE) a convite da Prefeitura do Recife

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Caracterizado de toureiro à moda espanhola, Alceu Valença domou a mistura colorida da massa - para citar um verso do frevo Me Segura Que Senão Eu Caio (J. Michiles, 1986) - desde que entrou no palco da casa Chevolet Hall, ao primeiro minuto de 12 de fevereiro de 2012, para animar a 48ª edição do Baile Municipal do Recife. Homenageado do Carnaval Multicultural do Recife em 2012, por conta dos 40 anos de carreira fonográfica iniciada em 1972 com álbum dividido com o conterrâneo Geraldo Azevedo, Alceu se vestiu de toureiro para encarar e entreter a massa colorida de foliões fantasiados. Contudo, no palco-arena, o cantor e compositor pernambucano parece ser o próprio touro, indomável, elétrico, vivaz. Tamanha vivacidade até atenuou o fato de que, na noite do baile, a voz de Alceu estava rouca, fanha, sem o viço habitual. A animação foi a mesma desde que o artista entrou no palco-arena ao som dos acordes iniciais de Bicho Maluco Beleza (Alceu Valença, 1992). Alceu estava em casa, satisfeito por animar "o baile mais bonito do mundo", como disse em cena. Íntimo do universo musical dos maracatus, batuques e ladeiras de sua Olinda, a cidade em que escolheu viver e que saudou no baile com o Hino do Elefante de Olinda (Clídio Nigro e Clóvis Vieira), o cantor também acerta invariavelmente o passo de frevos como Diabo Louro (J. Michiles, 1994). É proeza de quem canta o ano inteiro, como ressalta em versos de sua música De Janeiro a Janeiro (Alceu Valença, 2002), faixa-título de álbum que reiterou a independência artística deste mago do universo pop nordestino, hábil ao reprocessar os ritmos da região com a linguagem do rock. "O povo é o meu espelho. Eu sou o espelho do povo. A minha arte nasce sobretudo do povo pernambucano", jogou confetes nos foliões antes de cantar os frevos de bloco Madeira que Cupim Não Rói (Capiba, 1963) e Pirata José (Alceu Valença, 2002). Sim, o toureiro-cantor sabe se comunicar com a massa colorida pelas fantasias e, por isso, veste tão bem a pele do apresentador de TV Chacrinha (1917 - 1988) ao cantar Roda e Avisa (E. Rodrigues e J. Michiles, 1989), tributo ao lendário ícone dos auditórios nacionais. Nessa folia tropicalista, a Ciranda da Rosa Vermelha (Alceu Valença, 1997) convive em harmonia com La Belle de Jour (Alceu Valença, 1992) e com o recente Frevo da Lua (Alceu Valença, 2011). E, como é Carnaval, o artista-toureiro brinca de fingir que vai sair do palco para incitar a massa colorida a pedir bis, dado com Voltei, Recife (Luiz Bandeira). Alceu Valença sabe dar um baile.

P.S.: O blog Notas Musicais viajou a Recife (PE) a convite da Prefeitura do Recife

lurian disse...

"Ah que saudades tenho do meu Recife..."
Alceu é uma figura. Tudo que canta está profundamente embebido da cultura, artista genuíno, singular, digno das homenagens que lhes serão rendidas esse ano em Recife. Estarei lá para conferir!!!
Que ele volte logo com mais um disco luminoso para nós!

Maria disse...

Alceu é muito bom, goste demais do trabalho desse pernambucano arretado!