Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Irregular safra autoral dilui receita nortista seguida por Lia Sophia em CD

Resenha de CD
Título: Lia Sophia
Artista: Lia Sophia 
Gravadora: Edição independente da artista
Cotação: * * 1/2

A ser lançado neste segundo semestre de 2013, Lia Sophia já é o quarto álbum desta cantora e compositora nascida na Guiana Francesa, criada em Macapá (AM) e radicada em Belém (PA) desde a adolescência. De início intitulado Salto mortal, o disco teria sua produção confiada a Carlos Eduardo Miranda, mas acabou efetivamente formatado por Luiz Félix Robato (integrante da já extinta banda paraense La Pupuña) com a própria Lia Sophia. Sucessor de Livre (2005), Castelo de luz (2009) e Amor, amor (2010), o CD Lia Sophia segue a receita pop que pôs a música do Norte no mapa do Brasil em movimento sedimentado em 2012 com o sucesso nacional de Gaby Amarantos. Sophia tenta salto nacional no rastro da exposição de Gaby, mas falta fôlego como compositora. Temas autorais de inspiração rala - como Eu só quero você (Lia Sophia) e Você vai ver (Jana Figarella) - atrapalham o salto de Sophia. Faixa já disponibilizada para download gratuito e legalizado no portal do projeto Natura Musical, patrocinador do disco, o carimbó Amor de promoção (Lia Sophia) - turbinado com a guitarra pessoal de Chimbinha - repete a fórmula de outro carimbó da lavra autoral da artista, Ai menina (Lia Sophia), que deu em 2012 certa visibilidade à cantora, fora do circuito do Norte, por conta de sua veiculação na trilha sonora da novela Amor, eterno amor (TV Globo). Mas Lia Sophia, o disco, extrapola o carimbó. O coquetel pop foi batido com doses bem calculadas de brega, zouk e guitarrada. Para dar sabor à mistura amazônica, não falta tema de Dona Onete - Quando eu te conheci, aquecido com a sensualidade latente no cancioneiro de Onete - e tampouco  música do cantor e compositor paraense Alípio Martins (1944 - 1997), Quero você, parceria de Martins com Carlos Santos. Ambas as faixas valorizam o álbum. Se Sophia tivesse investido mais em repertório alheio e gravado efetivamente músicas de compositores nortistas como Clarão da Lua (Almirzinho Gabriel), para citar composição que figurava na seleção inicial do repertório, o disco talvez resultasse mais sedutor. Pode ser que faixas autorais como as pop bregas Lero Lero (Daniel Delatuche e Lia Sophia) e Do lar (Lia Sophia) surtam efeito numa aparelhagem. Fora do circuito festivo, no entanto, o repertório do CD Lia Sophia expõe uma compositora sem grandes atrativos. A sonoridade de músicas como Um beijo - parceria de Sophia com o guitarrista Felipe Cordeiro - se revela mais sedutora do que as composições em si. Mas nem o violão de Manoel Cordeiro, pai de Felipe, faz desabrochar a melodia de Cheio de flor (Lia Sophia). Mais para o fim do disco, a envolvente Beleza da noite (Mestre Curica) reitera a sensação de que o disco cresce quando a cantora sai de sua seara autoral. Nem que seja para reviver música, Noite do prazer (Paulo Zdanowski, Claudio Zoli e Arnaldo Brandão), já tão irresistível em sua forma original que nem precisa ser trazida para o universo nortista. Até porque, com tantas vozes do Pará querendo se fazer ouvir em escala nacional no rastro do merecido sucesso nacional de Gaby Amarantos, é preciso marcar território com mais precisão.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

A ser lançado neste segundo semestre de 2013, Lia Sophia já é o quarto álbum desta cantora e compositora nascida na Guiana Francesa, criada em Macapá (AM) e radicada em Belém (PA) desde a adolescência. De início intitulado Salto mortal, o disco teria sua produção confiada a Carlos Eduardo Miranda, mas acabou efetivamente formatado por Luiz Félix Robato (integrante da já extinta banda paraense La Pupuña) com a própria Lia Sophia. Sucessor de Livre (2005), Castelo de luz (2009) e Amor, amor (2010), o CD Lia Sophia segue a receita pop que pôs a música do Norte no mapa do Brasil em movimento sedimentado em 2012 com o sucesso nacional de Gaby Amarantos. Sophia tenta salto nacional no rastro da exposição de Gaby, mas falta fôlego como compositora. Temas autorais de inspiração rala - como Eu só quero você (Lia Sophia) e Você vai ver (Jana Figarella) - atrapalham o salto de Sophia. Faixa já disponibilizada para download gratuito e legalizado no portal do projeto Natura Musical, patrocinador do disco, o carimbó Amor de promoção (Lia Sophia) - turbinado com a guitarra pessoal de Chimbinha - repete a fórmula de outro carimbó da lavra autoral da artista, Ai menina (Lia Sophia), que deu em 2012 certa visibilidade à cantora, fora do circuito do Norte, por conta de sua veiculação na trilha sonora da novela Amor, eterno amor (TV Globo). Mas Lia Sophia, o disco, extrapola o carimbó. O coquetel pop foi batido com doses bem calculadas de brega, zouk e guitarrada. Para dar sabor à mistura amazônica, não falta tema de Dona Onete - Quando eu te conheci, aquecido com a sensualidade latente no cancioneiro de Onete - e tampouco música do cantor e compositor paraense Alípio Martins (1944 - 1997), Quero você, parceria de Martins com Carlos Santos. Ambas as faixas valorizam o álbum. Se Sophia tivesse investido mais em repertório alheio e gravado efetivamente músicas de compositores nortistas como Clarão da Lua (Almirzinho Gabriel), para citar composição que figurava na seleção inicial do repertório, o disco talvez resultasse mais sedutor. Pode ser que faixas autorais como as pop bregas Lero Lero (Daniel Delatuche e Lia Sophia) e Do lar (Lia Sophia) surtam efeito numa aparelhagem. Fora do circuito festivo, no entanto, o repertório do CD Lia Sophia expõe uma compositora sem grandes atrativos. A sonoridade de músicas como Um beijo - parceria de Sophia com o guitarrista Felipe Cordeiro - se revela mais sedutora do que as composições em si. Mas nem o violão de Manoel Cordeiro, pai de Felipe, faz desabrochar a melodia de Cheio de flor (Lia Sophia). Mais para o fim do disco, a envolvente Beleza da noite (Mestre Curica) reitera a sensação de que o disco cresce quando a cantora sai de sua seara autoral. Nem que seja para reviver música, Noite do prazer (Paulo Zdanowski, Claudio Zoli e Arnaldo Brandão), já tão irresistível em sua forma original que nem precisa ser trazida para o universo nortista. Até porque, com tantas vozes do Pará querendo se fazer ouvir em escala nacional no rastro do merecido sucesso nacional de Gaby Amarantos, é preciso marcar território com mais precisão.

Allan Marlango disse...

Engraçado, Mauro!

A Jana Figarella tem temas muito bons...inclusive gravei duas músicas dela.

Allan Marlango disse...

Boa tarde, Mauro!

Acho a artista paraense Jana Figarella bem competente no seu ofício. Inclusive, no cd A Voz do Violão, com lançamento previsto para setembro, gravei duas músicas dela.

Abraços ternos!

lurian disse...

Sinto falta da Nazaré Pereira nesse cenário de ressurgimento da música nortista. Pena que ela viva em Paris há tanto tempo... gravou com competência tantos temas da Amazônia.