Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 16 de julho de 2013

Ardente, Eriberto reacende o fogo de Morrison na cena delirante de 'Jim'

Resenha de musical
Título: Jim
Texto: Walter Daguerre
Direção: Paulo de Moraes
Direção musical: Ricco Vianna
Elenco: Eriberto Leão (em foto de Guilherme Forton) e Renata Guida
Cotação: * * *
Às terças e quartas-feiras, na Sala Tônia Carrero do Teatro do Leblon, no Rio de Janeiro

Cristalizada no auge da beleza e do vigor de Jim Morrison (8 de dezembro de 1943 - 3 de julho de 1971), a imagem do cantor, compositor e poeta norte-americano permanece envolta em aura mitológica 42 anos após a morte do artista. À frente do grupo norte-americano The Doors, Morrison magnetizou o público da banda com mix espontâneo de carisma, loucura, poesia e rebeldia. Em bom português, Morrison virou mito ao vivenciar os clichês do rock'n'roll com música feita paradoxalmente sem clichês. Jim - musical recém-estreado na Sala Tônia Carrero do Teatro do Leblon, no Rio de Janeiro (RJ) - alimenta o mito e se nutre dele. O texto de Walter Daguerre procura abrir as portas para a percepção das referências poéticas e ideológicas que moldaram a escrita de Morrison. Daí as citações da obra de Arthur Rimbaud (1854 - 1891), o poeta francês que soube ser gauche na vida, entre outros nomes importantes na formação de Morrison. Contudo, a alma de Jim reside na interpretação ardente do ator paulista Eriberto Leão. Mais conhecido por atuações em novelas da TV Globo como Paraíso (2009) e Insensato coração (2011), Eriberto reacende o fogo de Morrison quando interpreta ao vivo onze músicas do cancioneiro do poeta sob a luz quente orquestrada por Maneco Quinderé. Quando dá sua voz emocional a músicas como Love me two times (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1967) e Break on through (To the other side) (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1967), Eriberto faz acontecer a magia do teatro e dá a impressão de ser Morrison sob a direção musical de Ricco Vianna, cujo som - extremamente bem equalizado pelo engenheiro e operador de som Branco - celebra a linguagem do rock, embora a música dos Doors tenha muito do blues. A propósito, Roadhouse blues (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1970) representa no roteiro a vertente blues-rock do repertório da banda. Felipe Barão (guitarra), José Luiz Zambianchi (teclados) e Rorato (bateria) formam o entrosado trio  que arma a cama para que o ator deite e role na interpretação das onze músicas ao vivo do roteiro. É a música - mais do que o texto, recheado de questões filosóficas e existenciais - que expõe na cena delirante o legado de Jim, espetáculo que rejeita a fórmula dos musicais biográficos. O ponto de partida da dramaturgia heterodoxa são os delírios de fictício roqueiro esquizofrênico de Brasília (DF), João Mota (também vivido por Eriberto, mas de forma menos sedutora), que se espelha na vida e na obra de Morrison. O texto é deflagrado a partir do momento em que João Mota - inconformado com os caminhos de sua vida - se depara diante do piano-túmulo do ídolo com uma arma na mão, pronto a dar cabo de uma existência que se revelou trivial, sem a chama da genialidade de seu guia espiritual. A entrada em cena de Renata Guida - numa personagem que se confunde entre ser Pamela Courson (1946 - 1974), a namorada de Morrison, e o lado feminino do poeta - contribui para realçar o tom delirante da encenação conduzida por Paulo de Moraes. De todo modo, tudo faz sentido quando Eriberto incorpora Morrison e canta músicas como Riders on the storm (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1971), The end (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1967), The spy (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1970) Touch me (Robby Krieger, 1968) - alocada no fecho do roteiro - e Wild child (Jim Morrison, 1968). Já no primeiro número, o hino Light my fire (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1967), fica claro que Eriberto Leão arde em cena ao reavivar a chama de Morrison nos números musicais. Esse fogo (alto) aquece e valoriza Jim.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Cristalizada no auge da beleza e do vigor de Jim Morrison (8 de dezembro de 1943 - 3 de julho de 1971), a imagem do cantor, compositor e poeta norte-americano permanece envolta em aura mitológica 42 anos após a morte do artista. À frente do grupo norte-americano The Doors, Morrison magnetizou o público da banda com mix espontâneo de carisma, loucura, poesia e rebeldia. Em bom português, Morrison virou mito ao vivenciar os clichês do rock'n'roll com música feita paradoxalmente sem clichês. Jim - musical recém-estreado na Sala Tônia Carrero do Teatro do Leblon, no Rio de Janeiro (RJ) - alimenta o mito e se nutre dele. O texto de Walter Daguerre procura abrir as portas para a percepção das referências poéticas e ideológicas que moldaram a escrita de Morrison. Daí as citações da obra de Arthur Rimbaud (1854 - 1891), o poeta francês que soube ser gauche na vida, entre outros nomes importantes na formação de Morrison. Contudo, a alma de Jim reside na interpretação ardente do ator paulista Eriberto Leão. Mais conhecido por atuações em novelas da TV Globo como Paraíso (2009) e Insensato coração (2011), Eriberto reacende o fogo de Morrison quando interpreta ao vivo onze músicas do cancioneiro do poeta sob a luz quente orquestrada por Maneco Quinderé. Quando dá sua voz emocional a músicas como Love me two times (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1967) e Break on through (To the other side) (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1967), Eriberto faz acontecer a magia do teatro e dá a impressão de ser Morrison sob a direção musical de Ricco Vianna, cujo som - extremamente bem equalizado pelo engenheiro e operador de som Branco - celebra a linguagem do rock, embora a música dos Doors tenha muito do blues. A propósito, Roadhouse blues (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1970) representa no roteiro a vertente blues-rock do repertório da banda. Felipe Barão (guitarra), José Luiz Zambianchi (teclados) e Rorato (bateria) formam o entrosado trio que arma a cama para que o ator deite e role na interpretação das onze músicas ao vivo do roteiro. É a música - mais do que o texto, recheado de questões filosóficas e existenciais - que expõe na cena delirante o legado de Jim, espetáculo que rejeita a fórmula dos musicais biográficos. O ponto de partida da dramaturgia heterodoxa são os delírios de fictício roqueiro esquizofrênico de Brasília (DF), João Mota (também vivido por Eriberto, mas de forma menos sedutora), que se espelha na vida e na obra de Morrison. O texto é deflagrado a partir do momento em que João Mota - inconformado com os caminhos de sua vida - se depara diante do piano-túmulo do ídolo com uma arma na mão, pronto a dar cabo de uma existência que se revelou trivial, sem a chama da genialidade de seu guia espiritual. A entrada em cena de Renata Guida - numa personagem que se confunde entre ser Pamela Courson (1946 - 1974), a namorada de Morrison, e o lado feminino do poeta - contribui para realçar o tom delirante da encenação conduzida por Paulo de Moraes. De todo modo, tudo faz sentido quando Eriberto incorpora Morrison e canta músicas como Riders on the storm (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1971), The end (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1967), The spy (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1970) Touch me (Robby Krieger, 1968) - alocada no fecho do roteiro - e Wild child (Jim Morrison, 1968). Já no primeiro número, o hino Light my fire (Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger, 1967), fica claro que Eriberto Leão arde em cena ao reavivar a chama de Morrison nos números musicais. Esse fogo (alto) aquece e valoriza Jim.

Anônimo disse...

O Eriberto teve uma banda nos anos 90 junto com o Gastão-ex-MTV.
O nome era bom - R.I.P Monsters, uma homenagem aos monstros sagrados do rock, mas a banda era bem ruim.



ADEMAR AMANCIO disse...

Eriberto é um ator sério,não sabia que cantava.