Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Botelho explicita amor por músicas e musicais em show íntimo e pessoal

Resenha de show
Título: Cole Porter & meus musicais de estimação
Artista: Claudio Botelho (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Bar do Copa - Hotel Copacabana Palace (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 20 de julho de 2013
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz de sexta-feira a domingo, no Rio de Janeiro (RJ), até 18 de agosto de 2103

"Não foi por dinheiro. Foi por amor", ressaltou Claudio Botelho, quase no fim da terceira apresentação de seu show Cole Porter & meus musicais de estimação, para o público que lotou o Bar do Copa na noite de sábado, 20 de julho de 2013. O ator, cantor e diretor carioca - celebrado sobretudo como versionista, por seu excepcional talento para adaptar temas de musicais para o português com total fluência e fidelidade ao sentido dos versos originais - explicitou em cena a razão que o levou a seguir profissionalmente a trilha dos musicais para deixar claro que apenas brincava quando, alguns números antes, saboreara cada um dos versos mercantilistas criados pelo letrista norte-americano Fred Ebb (1928 - 2004) para música de seu parceiro John Kander, It's a business, tema de Curtains, musical norte-americano que estreou em Los Angeles em 2006. Cantados em português, os versos adaptados por Botelho ironizam atores e peças com prêmios, mas sem público. Com essa ironia sublinhada pelo toque do sopro de Edgard Duvivier (no sax e na clarineta em alguns números), a música é momento bem-humorado do show íntimo e pessoal de Botelho. É íntimo pela própria natureza aconchegante do bar do Copacabana Palace, o nobre hotel do Rio de Janeiro (RJ) que acolhe a temporada do show, em cartaz de sexta-feira a domingo até 18 de agosto de 2013. É pessoal porque Botelho se vale da intimidade proporcionada pelo local para cantar o que quer e contar histórias como se estivesse na sala de sua casa entretendo plateia de amigos com seu amor pelos musicais e pelas músicas destes espetáculos de teatro. Parece que tudo é mesmo por amor. Inclusive a escolha do compositor norte-americano Cole Porter (1891 - 1964) para figurar no título do show e na abertura do roteiro, feita com I am loved (do musical de 1950 Out of this world), tema ao qual se seguem From this moment on - outra canção de Porter, lançada pela atriz e cantora norte-americana  Doris Day em disco de 1950 - e Can-can, list song de Porter, composta para o musical homônimo de 1953. Temas do genial compositor norte-americano dominam o repertório na parte inicial do show, evocando Cole Porter - Ele nunca disse que me amava (2000), musical carioca que alavancou a carreira da dupla formada por Botelho com o diretor Charles Möeller. Uma das obras-primas de Porter, So in love - a apaixonada canção do musical Kiss me, Kate (1948) - ressurge em número feito pelo cantor em dueto com o piano de Marcio Castro. A real intimidade de Botelho com esse fino cancioneiro teatral e/ou cinematográfico salta aos ouvidos. É nítido o prazer com que o cantor está em cena para dar voz a músicas como The american dream (Claude Michel Schönberg, Alain Boublil e Richard Maltby Jr.) - tema de Miss Saigon (1989) - e Send in the clowns (Stephen Sondheim, 1973), alvo de interpretação precisa. Esse amor pelos musicais até disfarça o fato de que alguns dos temas ali ouvidos no aconchego do Bar do Copa pedem idealmente moldura orquestral e/ou uma vibração impossível de ser atingida numa atmosfera íntima, caso em especial de Deixa o sol entrar, versão em português de Let the sunshine in (Galt MacDermot, Gerome Ragni e James Rado), tema do musical Hair (1967). Contudo, qualquer aparato se revela dispensável diante da emoção genuína posta pelo cantor na interpretação de Eu tinha um sonho para viver, sua versão de I dreamed a dream (Claude-Michel Schonberg e Alain Boublil), a já conhecida canção do musical Os miseráveis (1980) que ganhou popularidade adicional a partir de 2009 ao ser defendida pela então caloura escocesa Susan Boyle em programa da TV britânica. Seja como for, Botelho tem a seu lado músicos hábeis como Thiago Trajano, cujo violão sobressai e se revela suficiente em números como The shadow of your smile (Johnny Mandel e Paul Francis Webster, 1965) e Smile (Charles Chaplin, 1936 - com adição da letra composta em 1954 por John Turner e Geoffrey Parsons), exemplos da devoção de Botelho pela música de cinema. Como define o próprio artista em cena, Cole Porter & meus musicais de estimação é "um show de amigos". Uma celebração pessoal de quem já tem no currículo 37 espetáculos criados  com o diretor Charles Möeller em parceria que já virou grife e garantia de sucesso no expandido mercado brasileiro de musicais. Vendo e ouvindo Claudio Botelho cantar e contar suas histórias (várias temperadas com um humor mordaz) no Bar do Copa, já não resta dúvidas de que todo o dinheiro adquirido por conta desse sucesso é - no caso - fruto de amor. 

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"Não foi por dinheiro. Foi por amor", ressaltou Claudio Botelho, quase no fim da terceira apresentação de seu show Cole Porter & meus musicais de estimação, para o público que lotou o Bar do Copa na noite de 20 de julho de 2013. O ator, cantor e diretor carioca - celebrado sobretudo como versionista, por seu excepcional talento para adaptar temas de musicais para o português com total fluência e fidelidade ao sentido dos versos originais - explicitou em cena a razão que o levou a seguir profissionalmente a trilha dos musicais para deixar claro que apenas brincava quando, alguns números antes, saboreara cada um dos versos mercantilistas criados pelo letrista norte-americano Fred Ebb (1928 - 2004) para música de seu parceiro John Kander. Cantados em português, os versos adaptados por Botelho ironizam atores e peças com prêmios, mas sem público. Com essa ironia sublinhada pelo toque do sopro de Edgard Duvivier (no sax e na clarineta em alguns números), a música é momento bem-humorado do show íntimo e pessoal de Botelho. É íntimo pela própria natureza aconchegante do bar do Copacabana Palace, o nobre hotel do Rio de Janeiro (RJ) que acolhe a temporada do show, em cartaz de sexta-feira a domingo até 18 de agosto de 2013. É pessoal porque Botelho se vale da intimidade proporcionada pelo local para cantar o que quer e contar histórias como se estivesse na sala de sua casa entretendo plateia de amigos com seu amor pelos musicais e pelas músicas destes espetáculos de teatro. Parece que tudo é mesmo por amor. Inclusive a escolha do compositor norte-americano Cole Porter (1891 - 1964) para figurar no título do show e na abertura do roteiro, feita com I am loved (do musical de 1950 Out of this world), tema ao qual se seguem From this moment on - outra canção de Porter, lançada pela atriz e cantora norte-americana Doris Day em disco de 1950 - e Can-can, list song de Porter, composta para o musical homônimo de 1953. Temas do genial compositor norte-americano dominam o repertório na parte inicial do show, evocando Cole Porter - Ele nunca disse que me amava (2000), musical carioca que alavancou a carreira da dupla formada por Botelho com o diretor Charles Möeller. Uma das obras-primas de Porter, So in love - a apaixonada canção do musical Kiss me, Kate (1948) - ressurge em número feito pelo cantor em dueto com o piano de Marcio Castro. A real intimidade de Botelho com esse fino cancioneiro teatral e/ou cinematográfico salta aos ouvidos. É nítido o prazer com que o cantor está em cena para dar voz a músicas como The american dream (Claude Michel Schönberg, Alain Boublil e Richard Maltby Jr.) - tema de Miss Saigon (1989) - e Send in the clowns (Stephen Sondheim, 1973), alvo de interpretação precisa.

Mauro Ferreira disse...

Esse amor pelos musicais até disfarça o fato de que alguns dos temas ali ouvidos no aconchego do Bar do Copa pedem idealmente moldura orquestral e/ou uma vibração impossível de ser atingida numa atmosfera íntima, caso em especial de Deixa o sol entrar, versão em português de Let the sunshine in (Galt MacDermot, Gerome Ragni e James Rado), tema do musical Hair (1967). Contudo, qualquer aparato se revela dispensável diante da emoção genuína posta pelo cantor na interpretação de Eu tinha um sonho para viver, sua versão de I dreamed a dream (Claude-Michel Schonberg e Alain Boublil), a já conhecida canção do musical Os miseráveis (1980) que ganhou popularidade adicional a partir de 2009 ao ser defendida pela então caloura escocesa Susan Boyle em programa da TV britânica. Seja como for, Botelho tem a seu lado músicos hábeis como Thiago Trajano, cujo violão sobressai e se revela suficiente em números como The shadow of your smile (Johnny Mandel e Paul Francis Webster, 1965) e Smile (Charles Chaplin, 1936 - com adição da letra composta em 1954 por John Turner e Geoffrey Parsons), exemplos da devoção de Botelho pela música de cinema. Como define o próprio artista em cena, Cole Porter & meus musicais de estimação é "um show de amigos". Uma celebração pessoal de quem já tem no currículo 37 espetáculos criados com o diretor Charles Möeller em parceria que já virou grife e garantia de sucesso no expandido mercado brasileiro de musicais. Vendo e ouvindo Claudio Botelho cantar e contar suas histórias (várias temperadas com um humor mordaz) no Bar do Copa, já não resta dúvidas de que todo o dinheiro adquirido por conta desse sucesso é - no caso - fruto de amor.

Luca disse...

essa dupla Moeller e Botelho é queridinha do Mauro, ele fala bem de tudo dela

George Luis disse...

Mas eles são ótimos mesmo! Merecem todos os elogios!