Título: Estática
Artista: Marcos Valle
Gravadora: Far Out Recordings / EMI Music
Cotação: * * * 1/2
Diferentemente do que sugere seu título, Estática, o quarto álbum de estúdio feito por Marcos Valle para a gravadora inglesa Far Out Recordings mostra a obra do compositor em movimento. Lançado na Europa e no Japão (lá com o título de Esphera) em 2010, Estática ganha edição brasileira via EMI Music neste segundo semestre de 2011, posta simultaneamente nas lojas com a caixa Marcos Valle Tudo, que embala os dez álbuns gravados pelo cantor para a Odeon entre 1963 e 1974 e apresenta um título inédito, The Lost Sessions (1966). O melodista inspirado dos anos 60 e início dos 70 não reaparece em Estática, álbum gravado no Brasil com produção do britânico Daniel Maunick e arranjos arejados do próprio Valle. Mas os grooves azeitados das 15 faixas e as conexões com Marcelo Camelo - parceiro de Valle em Vamos Sambar, em Eu Vou e na instrumental Esphera - sinalizam que a obra de Valle não ficou cristalizada no tempo, sempre soando moderna, em sintonia com seu tempo. A rigor, Estática sintetiza a pluralidade dessa obra. Destaque do repertório autoral, Papo de Maluco rebobina o balanço que fez os autores do tema, Marcos Valle e Joyce, caírem nas graças dos DJs europeus ao longo da década de 90 com projeção no exterior que injetou fôlego em suas respectivas discografias. Como seu título já explicita, Baião Maracatu reprocessa os ritmos nordestinos que aparecem na discografia de Valle a partir do álbum Mustang Cor de Sangue (1969). A letra é de Ronaldo Bastos, também autor dos versos de Na Pista. Companheira da praia da Bossa Nova, frequentada por Valle lá pelos idos de 1963, Wanda Sá é a parceira de Marcos e Paulo Sérgio Valle em Novo Acorde. Contudo, é com as conexões com Camelo que a obra de Valle parece ganhar ar novo sem se afastar de sua trilha original. Esphera (faixa que conta com a guitarra de Camelo) e Vamos Sambar (tema de suingue irresistível que abre o disco e o fecha em versão instrumental) ostentam alguns dos grooves mais sedutores da obra de Valle a partir dos anos 90. Já a levemente funkeada Eu Vou soa menos inspirada, mas não empana o brilho de Estática, bom disco que vai contentar fãs novos e antigos de Marcos Valle.
6 comentários:
Diferentemente do que sugere seu título, Estática, o quarto álbum de estúdio feito por Marcos Valle para a gravadora inglesa Far Out Recordings mostra a obra do compositor em movimento. Lançado na Europa e no Japão (lá com o título de Esphera) em 2010, Estática ganha edição brasileira via EMI Music neste segundo semestre de 2011, posta simultaneamente nas lojas com a caixa Marcos Valle Tudo, que embala os dez álbuns gravados pelo cantor para a Odeon entre 1963 e 1974 e apresenta um título inédito, The Lost Sessions (1966). O melodista inspirado dos anos 60 e início dos 70 não reaparece em Estática, álbum gravado no Brasil com produção do britânico Daniel Maunick e arranjos arejados do próprio Valle. Mas os grooves azeitados das 15 faixas e as conexões com Marcelo Camelo - parceiro de Valle em Vamos Sambar, em Eu Vou e na instrumental Esphera - sinalizam que a obra de Valle não ficou cristalizada no tempo, sempre soando moderna, em sintonia com seu tempo. A rigor, Estática sintetiza a pluralidade dessa obra. Destaque do repertório autoral, Papo de Maluco rebobina o balanço que fez os autores do tema, Marcos Valle e Joyce, caírem nas graças dos DJs europeus ao longo da década de 90 com projeção no exterior que injetou fôlego em suas respectivas discografias. Como seu título já explicita, Baião Maracatu reprocessa os ritmos nordestinos que aparecem na discografia de Valle a partir do álbum Mustang Cor de Sangue (1969). A letra é de Ronaldo Bastos, também autor dos versos de Na Pista. Companheira da praia da Bossa Nova, frequentada por Valle lá pelos idos de 1963, Wanda Sá é a parceira de Marcos e Paulo Sérgio Valle em Novo Acorde. Contudo, é com as conexões com Camelo que a obra de Valle parece ganhar ar novo sem se afastar de sua trilha original. Esphera (faixa que conta com a guitarra de Camelo) e Vamos Sambar (tema de suingue irresistível que abre o disco e o fecha em versão instrumental) ostentam alguns dos grooves mais sedutores da obra de Valle a partir dos anos 90. Já a levemente funkeada Eu Vou soa menos inspirada, mas não empana o brilho de Estática, bom disco que vai contentar fãs novos e antigos de Marcos Valle.
Taí um compositor e instrumentista que não ficou parado no tempo. Marcos Valle é um dos melhores, mais inquietos e mais injustiçados artistas do Brasil.
mesmo que tivesse "parado no tempo" - o que de fato não aconteceu - a obra de Marcos Valle na Odeon supera em qualidade e ousadia, por exemplo, a daqueles dois famosos compositores que a mídia decidiu eleger como protegidos ao chamá-los de "unanimidade nacional". Quem ouve a obra do primeiro e, depois, compara com a dos segundos pode perceber quem, realmente, pode e deve ser chamado de gênio por méritos reais.
KL, se você tá falando de Chico e Caetano, a comparação não tem a ver. é outro tipo de música, e é só ver quem tem mais sucesso (falo do sucesso bom, de música boa) PARA ver que não é por aí
Luca,
Você conhece aquela famosa frase de Nelson Rodrigues? Minha opinião é a mesma. E o que significa "outro tipo de música"? Para mim só existem três: a boa, a mediana e a má. O resto é papo de fã, e felizmente superei essa fase.
Marcos Valle,Joyce Moreno e Edu Lobo foram (re)descobertos no exterior e permanecem muito pouco ouvidos no Brasil, que não dá o verdadeiro quilate em vida a seus compositores. Mas que bom que em algum lugar haviam ouvidos bem abertos a promover essas audiências e fomentar novas composições dos mesmos. Talvez se dependessem apenas da cena brasileira tivessem largado a profissão...
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