Mauro Ferreira no G1

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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Canto já imortal de Whitney é referência de potência na música dos EUA

Como tantas outras cantoras negras norte-americanas, Whitney Elizabeth Houston (9 de agosto de 1963 - 11 de fevereiro de 2012) foi diplomada no coro das igrejas. Como tantas outras cantoras brancas e negras do universo pop, Whitney Elizabeth Houston começou a carreira profissional fazendo backing-vocal - no caso, a partir de 1977, quando contabilizava somente 14 anos. Mas Whitney Elizabeth Houston não se tornou mais uma cantora norte-americana ao ser descoberta por Clive Davis, executivo da Arista Records. Ao lançar em 1985 seu primeiro álbum, Whitney Houston (1985), a filha de Cissy Houston - e prima de Dionne Warwick, além de afilhada de Aretha Franklin - se tornou única pela potência e extensão da voz de mezzo-soprano que deslumbrou o mundo a reboque de megahits como Saving All My Love For You, The Greatest Love of All e How Will I Know. A vendagem astronômica do disco e a consagração no Grammy de 1986 referenderam a estreia de Whitney Houston no mercado fonográfico. Sucesso bisado no segundo crucial álbum, Whitney, lançado em 1987 com mais sucessos arrasa-quarteirão como Didn't We Almost Have It All (a balada do disco), I Wanna Dance With Somebody (Who Loves Me)Where Do Broken Hearts Go? e So Emotional. O fato de Whitney ter sido um disco produzido com tino comercial para estourar nas paradas - o que de fato aconteceu - fez com que a cantora começasse a ser alvo de grande parte da crítica musical. Contudo, àquela altura, o canto de Whitney Houston já se fazia ouvir com tal potência que se tornou referência e padrão de qualidade técnica no universo pop, abrindo caminho para a explosão, nos anos 90, de cantoras como Celine Dion e Mariah Carey. Canto que também se fez ouvir em 1988 através da mais bela gravação da discografia avulsa de Whitney, One Moment in Time, grandiosa canção gravada para ser tema de uma Olimpíada. E o fato é que, talvez influenciada pela crítica, Whitney mudou a fórmula de seu som no terceiro álbum, I'm Your Baby, Tonight (1990), pontuado por grooves e incursões pelo universo da dance music, com direito a um dueto com Stevie Wonder no r & b We Didn't Know. O sucesso foi grande, mas o impacto nas paradas não foi tão forte quanto o dos dois álbuns anteriores. Só que o jogo virou novamente em 1992, ano em que Whitney fez a sua mais perfeita gravação - I Will Always Love You, cover da música lançada pela cantora norte-americana Dolly Parton em 1974  - para a trilha sonora do filme O Guarda-Costas, estrelado pela cantora tornada atriz com Kevin Costner. O mundo pop se deslumbrou com o registro iniciado a cappella e encerrado com a demonstração da rara extensão vocal da intérprete. A trilha, a rigor, era quase um novo disco de Whitney - e faixas como I Have Nothing, I'm Every Woman (cover do repertório de Chaka Khan) e Run to You fizeram a trilha sonora disparar nas paradas e lhe renderam em 1994 um Grammy de Álbum do Ano. Não por acaso, os dois títulos seguintes da discografia de Whitney foram as trilhas sonoras de outros dois filmes estrelados por ela, Waiting to Exhale (1995) e The Preacher's Wife (1996), ambas com repercussão menor e restrita aos Estados Unidos. Talvez por já enfrentar a batalha contra as drogas na época, Whitney Houston viu sua carreira fonográfica declinar progressivamente a partir da segunda metade da década de 90. Álbuns como My Love Is Your Love (1998), Just Whitney (2002) e One Wish - The Holyday Album (2003) obtiveram vendas, repertório e repercussão aquém do alto padrão de Whitney, embora haja belas faixas em todos eles. A decadência provocada pelo uso abusivo de drogas e álcool se tornou tão pública e ostensiva  nos anos 2000 que quase ninguém acreditava num retorno, esboçado em 2009 com o derradeiro álbum de estúdio da diva, I Look to You. Corroída pelas drogas, a voz já não era a mesma. Mas o canto de Whitney Houston já era imortal naquela época e é por isso que o universo pop chora a saída de cena da cantora, aos breves 48 anos, em 11 de fevereiro de 2012. I will always love you...

26 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Como tantas outras cantoras negras norte-americanas, Whitney Elizabeth Houston (9 de agosto de 1963 - 11 de fevereiro de 2012) foi diplomada no coro das igrejas. Como tantas outras cantoras brancas e negras do Universo pop, Whitney Elizabeth Houston começou a carreira profissional fazendo backing-vocal - no caso, a partir de 1977, quando contabilizava apenas 14 anos. Mas Whitney Elizabeth Houston não se tornou mais uma cantora norte-americana ao ser descoberta por Clive Davis, executivo da Arista Records. Ao lançar em 1985 seu primeiro álbum, Whitney Houston (1985), a filha de Cissy Houston - e sobrinha de Dionne Warwick, além de afilhada de Aretha Franklin - se tornou única pela potência e extensão da voz de mezzo-soprano que deslumbrou o mundo a reboque de megahits como Saving All My Love For You, The Greatest Love of All e How Will I Know. A vendagem astronômica do disco e a consagração no Grammy de 1986 referenderam a estreia de Whitney Houston no mercado fonográfico. Sucesso bisado no segundo crucial álbum, Whitney, lançado em 1987 com mais sucessos arrasa-quarteirão como Didn't We Almost Have It All (a balada do disco), I Wanna Dance With Somebody (Who Loves Me), Where Do Broken Hearts Go? e So Emotional. O fato de Whitney ter sido um disco produzido com tino comercial para estourar nas paradas - o que de fato aconteceu - fez com que a cantora começasse a ser alvo de grande parte da crítica musical. Contudo, àquela altura, o canto de Whitney Houston já se fazia ouvir com tal potência que se tornou referência e padrão de qualidade técnica no universo pop, abrindo caminho para a explosão, nos anos 90, de cantoras como Celine Dion e Mariah Carey. Canto que também se fez ouvir em 1988 através da mais bela gravação da discografia avulsa de Whitney, One Moment in Time, grandiosa canção gravada para ser tema de uma Olimpíada. E o fato é que, talvez influenciada pela crítica, Whitney mudou a fórmula de seu som no terceiro álbum, I'm Your Baby, Tonight (1990), pontuado por grooves e incursões pelo universo da dance music, com direito a um dueto com Stevie Wonder no r & b We Didn't Know. O sucesso foi grande, mas o impacto nas paradas não foi tão forte quanto o dos dois álbuns anteriores. Só que o jogo virou novamente em 1992, ano em que Whitney fez a sua mais perfeita gravação - I Will Always Love You, cover da música lançada pela cantora norte-americana Dolly Parton em 1974 - para a trilha sonora do filme O Guarda-Costas, estrelado pela cantora tornada atriz com Kevin Costner. O mundo pop se deslumbrou com o registro iniciado a cappella e encerrado com a demonstração da rara extensão vocal da intérprete. A trilha, a rigor, era quase um novo disco de Whitney - e faixas como I Have Nothing, I'm Every Woman (cover do repertório de Chaka Kan) e Run to You fizeram a trilha sonora disparar nas paradas e lhe renderam em 1994 um Grammy de Álbum do Ano. Não por acaso, os dois títulos seguintes da discografia de Whitney foram as trilhas sonoras de outros dois filmes estrelados por ela, Waiting to Exhale (1995) e The Preacher's Wife (1996), ambas com repercussão menor e restrita aos Estados Unidos. Talvez por já enfrentar a batalha contra as drogas na época, Whitney Houston viu sua carreira fonográfica declinar progressivamente a partir da segunda metade da década de 90. Álbuns como My Love Is Your Love (1998), Just Whitney (2002) e One Wish - The Holyday Album (2003) obtiveram vendas, repertório e repercussão aquém do alto padrão de Whitney, embora haja belas faixas em todos eles. A decadência provocada pelo uso abusivo de drogas e álcool se tornou tão pública e ostensiva nos anos 2000 que quase ninguém acreditava num retorno, esboçado em 2009 com o derradeiro álbum de estúdio da diva, I Look to You. Corroída pelas drogas, a voz já não era a mesma. Mas o canto de Whitney Houston já era imortal naquela época e é por isso que o universo pop chora a saída de cena da cantora, aos breves 48 anos, em 11 de fevereiro de 2012. I will always love you.

Rafael disse...

Ela nunca fez curso de canto para cantora, cantava em corais de igreja, sempre de maneira autodidata, e sempre teve esse vozeirão. Lembro de uma entrevista dela emn que ela dizia na primeira vez que ela cantou, numa igreja, havia um enorme relógio à sua frente e que ela morria de vergonha de estar frente na milhares de pessoas e só não via a hora de sair dali, de tanta vergonha que sentia. Porém ao terminar de cantar ela disse que várioas pessoas estavam chorando, emocionadas com sua interpretação.

Rafael disse...

Com certeza o mundo não é mais o mesmo, sem grandes cantoras como Whitney, Amy Winehouse e tantas outras que marcaram momentos especiais em nossas vidas, fizeram parte das trilhas sonoras de vidas de milhares de gente, emocionando milhões com seu potente canto.

Rafael disse...

Mauro, uma correção: Whitney era prima de Dionne Warwick, e não sobrinha. Acabo de ler nos principais sites que ela teria ligado para a mãe dela, também cantora, chamada Cissy Houston, e para Dionne momentos antes de morrer.

Vladimir disse...

Parabéns Mauro, pelo post!!
Whitney Houston morreu mas será sempre lembrada por sua música e por sua voz!!

Que descanse em paz!!

Ednei Martins disse...

Não era fã dessa cantora, embora reconhecesse seu talento. Gritava muito.

Luca disse...

Concordo com Ednei: gritava muito. e discordo do Mauro: o melhor disco dela é aquele que tem It's not right but it's ok, música ótima de dançar. Acho que é do disco de 98, bem mais moderno e sem aquela gritaria dos discos que o Mauro considera os melhores dela.

Rafael disse...

Discordo de que ela gritava, ela apenas potencializava o seu canto num tom maior em certas músicas. Gritar e cantar num tom mais alto patra tornar essa ou aquela canção diferenciadas um pouco das demais são coisas totalmente distintas.

Felipe dos Santos disse...

Mauro, só para corrigir: é Chaka Khan, não "Kan".

Felipe dos Santos Souza

Jorge Reis disse...

Só grita quem pode, tem extensão e técnica e só podem gritar onde não existe uma ditadura cool como no Brasil.
It's not right but it's ok, não esta certo, mas está tudo bem, sua passagem pode ter sido curta, porem intensa, vai em paz, seu canto será eterno...

Mauro Ferreira disse...

Obrigado, Felipe, por seu olhar sempre tão atento. Abs, MauroF

Luan Reis disse...

Mauro, tu manda muito!!!

Tô pra dizer isso a muito tempo...
Verdadeiro crítico, ponderado, nunca agressivo em suas afirmações, sempre depreendendo o conteúdo artístico em suas notícias e avaliações.
Parabéns pela versatilidade e pelo blog super antenado! Sei que não grande personalidade, mas fica registrada a minha admiração enquanto fã!

Eduardo Cáffaro disse...

Foi para mim a melhor cantora dos 80 e 90. Incomparável. fez uma carreira fantástica até o album do filme The preacher´s wife. Aliando emoção e improviso, pois ela mesmo sempre disse que não era chegada a técnica, e sim regida pela emoção de cada palco. Seus hits sempre ganhavam variações em suas performances ao vivo, é só ver no youtube. Isso para mim é ser grande. E se reinventar cada vez que cantava uma canção. Embora a causa possa ter sido afogamento, ou mistura de bebidas com remédios. O mais importante para mim é ressaltar que mais uma grande cantora se vai, devido ao consumo de DROGAS, que debilitou sua saúde física, mental e detonou sua voz, como tb é possivel ver em videos na net de 2009, 2010 e 2011.
O maio BARATO da vida, jovens, é viver. As DROGAS, sempre acabam em tragédia e sofrimento. Que ela tenha finalmente uma recuperação, onde quer que esteja agora. Bjos Whitney. vc realmente cantava com a alma.
Como milhares : I will always love you too !

Luan Reis disse...

Louvada seja Whitney e sua voz eterna!

EDELWEISS1948 disse...

CONCORDO COM O EDUARDO. AS DROGAS SEMPRE ACABAM EM TRAGEDIA. NA MINHA OPINIÃO TEM MUITAS CANTORAS MELHORES QUE ELA. POTENCIA E GRITAR NÃO QUER DIZER SER MELHOR. ARETHA FRANKLIN E DIONNE WARWICK SÃO AS MELHORES NO TIME DAS CANTORAS NEGRAS, ISSO SEM FALAR EM DINAH WASHINGTON, BILLIE HOLIDAY E MUITAS OUTRAS.

Rafael disse...

Há uma linda canção dela, da trilha sonora do filme "Falando de Amor" (Waiting To Exhale, 1995), chamada "Why Does It Hurt So Bad)", traduzindo o título da mesma seria algo como: "por quê o que machuca faz tão mal?" em que uma frase que diz o seguinte: "why do i feel so sad"? que é: "por quê que eu me sinto tão triste?" E isso, agora eu pergunto: por quê nós nos sentimos tão tristes com a sua prematura morte? Por quê você foi única, incomparável. Você agora canta para subir, para estar mais perto de Deus. Descanse em paz com seu canto único.

Fabiana disse...

Lamento mto, mas mto mesmo! Achei q a morte tinha "pulado" a "THE VOICE"!!!

Uma pena!!!


I will always love you too

Rafael disse...

Já foi confirmado que Jennifer Hudson, a cantora que venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo filme "Dreamgirls", fará uma homenagem hoje no Grammy para Whitney. Vários artistas como Lady Gaga, Jennifer Lopez, Christina Aguilera, Aretha Franklin (sua madrinha de batismo), Mariah Carey, Ivete Sangalo deram declarações de que estão consternados pela morte precoce de Whitney.

Rafael disse...

Para quem quiser conferir, há no You Tube um dueto de Whitney com Jermaine Jackson (irmão de Michael Jackson) da bela canção "If You Say My Eyes Are Beautiful". É de cortar o coração de tão bela.

Rafael disse...

Artistas como o cantor e produtor Quincy Jones, Lenny Kravitz, Beyoncé, Rihanna e outros reagiram a morte da cantora e deixaram mensagens em suas páginas no Twitter.

Káyon disse...

Não curtia suas músicas mas, sem dúvida nenhuma, era uma grande cantora. Talvez não para os padrões da ditadura cool que reina hoje no Brasil. Lá ela é pop, aqui seria brega. No entanto, há cool divas por aqui que quando projetam a voz mais parecem um gato pisado pelo rabo.

Jorge Reis disse...

A Pergunta que não quer calar o que tem haver Ivete com Whitney? Nada !
O que ela pode falar ?
Apenas que era fã como eu...
Pois sei que com a voz que possuo só posso cantar no banheiro, conselho que estendo a Diva Baiana...

Rafael disse...

Jorge, com certeza Ivete nada tem a ver com Whitney, e muito menos entende dela. Mas é bom ressaltar que mesmo independente de raça, cor, credo, ou estilo musical todos comentaram a triste morte de Whitney. E praticamente todos a adoravam.

ADEMAR AMANCIO disse...

Até que enfim alguém valoriza o canto impostado,volume vocal não é pra qualquer um,no Brasil a elis foi a única cantora moderna que tinha esses atributos e sofreu algumas críticas por isso,cantar baixinho não é cool,é deficiência vocal mesmo.

Unknown disse...

Com certeza ela sabia emitir as notas altíssimas que voz dela alcançava raríssimo para uma mezzo-soprano, com uma técnica invejável sem perder a ressonância em fim a qualidade vocal!

Unknown disse...

Sou cantor ela não gritava CANTAVA MUUUUUUITO emitia as notas acůtissimas sem perder a ressonância vocal num técnica invejável para quem tem BOM OUVIDO e entende ONE MOMENT IN TIME ela alcança um agudo F5 bem metálico impressionante! O Mauro está certíssimo no começo ela tinha mais voz é fato!!!!