Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Leo Russo toma partido do bom samba carioca no promissor primeiro álbum

Resenha de CD
Título: Leo Russo
Artista: Leo Russo
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * *

 Ao tomar partido do melhor samba produzido no Rio de Janeiro em seu primeiro álbum, Leo Russo fez o disco que Diogo Nogueira poderia ter feito se não tivesse cedido às pressões do mercado fonográfico e aderido ao pagode romântico. Diogo, a propósito, é convidado de uma das melhores faixas do CD Leo Russo, posto no mercado de forma independente neste mês de outubro de 2013. Diogo e Russo dividem a interpretação de Maria Rita (Luiz Grande), samba cheio de ginga lançado por João Nogueira (1941 - 2000) no álbum Vida boêmia (1978). Do repertório de João, aliás, vem também outro destaque do disco, Quando parei no sinal (Arlindo Cruz e Franco), partido alto lançado no CD João de todos os sambas (1998). Hábil partideiro, Dudu Nobre - convidado da faixa - logo se ambienta no clima descontraído da gravação. Leo Russo está em boa companhia. Revelação da cena carioca de samba em 2011, Russo estreia em disco fiéis aos cânones do gênero que abraçou. O fato de ter confiado a produção do CD a Rildo Hora - que divide com maestro Ivan Paulo a criação dos competentes arranjos - é indício de que o jovem cantor e compositor carioca preferiu se escorar em porto seguro. Abrir o disco com Mutirão de amor (Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Sombrinha, 1983) - belo samba lançado por Alcione no álbum Almas & corações (1983) - já funciona como uma carta das (boas) intenções do artista no mundo do samba. A ideia de alocar Mutirão de amor na abertura do CD foi de Beth Carvalho, que também amadrinha Russo ao participar de Tudo isso e muito mais (Edu Tardin e Pablo Amaral), samba que relaciona feitos de vários bambas na letra de tom saudosista. O repertório do álbum se equilibra bem entre o passado e o presente. Embora seja compositor, Russo resistiu à tentação de se lançar com disco essencialmente autoral. Sua produção própria está bem representada por sambas como o sincopado Acordei diferente (Leo Russo) e o irreverente partido alto Meu defeito (Leo Russo), ode ao vício da bebida. Contudo, a inclusão de (bons) sambas de outros compositores garantiu a coesão do repertório, formatado com diversas levadas. Amor eu tenho pra te dar (Dudu Nobre, Magarça e Claudemir) ganhou o toque rural da viola caipira de Zé Carlos. Já o samba Pão que alimenta (Edson Cortes, Binho Sá e Wantuir) foi recheado com o tempero arretado do forró enquanto O mar e a sereia (Leo Russo e Rildo Hora) se banha na cadência do samba da Bahia. De tom dolente, Quer saber (é o amor) (Fred Camalho) levanta a bandeira romântica em disco de alto astral. E a entrada em cena da nobre Velha Guarda da Portela, na regravação de Só pra chatear (Príncipe Pretinho, 1947), deixa (bem) claro de que lado do samba está Leo Russo neste seu promissor primeiro álbum.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Ao tomar partido do melhor samba produzido no Rio de Janeiro em seu primeiro álbum, Leo Russo fez o disco que Diogo Nogueira poderia ter feito se não tivesse cedido às pressões do mercado fonográfico e aderido ao pagode romântico. Diogo, a propósito, é convidado de uma das melhores faixas do CD Leo Russo, posto no mercado de forma independente neste mês de outubro de 2013. Diogo e Russo dividem a interpretação de Maria Rita (Luiz Grande), samba cheio de ginga lançado por João Nogueira (1941 - 2000) no álbum Vida boêmia (1978). Do repertório de João, aliás, vem também outro destaque do disco, Quando parei no sinal (Arlindo Cruz e Franco), partido alto lançado no CD João de todos os sambas (1998). Hábil partideiro, Dudu Nobre - convidado da faixa - logo se ambienta no clima descontraído da gravação. Leo Russo está em boa companhia. Revelação da cena carioca de samba em 2011, Russo estreia em disco fiéis aos cânones do gênero que abraçou. O fato de ter confiado a produção do CD a Rildo Hora - que divide com maestro Ivan Paulo a criação dos competentes arranjos - é indício de que o jovem cantor e compositor carioca preferiu se escorar em porto seguro. Abrir o disco com Mutirão de amor (Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Sombrinha) - belo samba lançado por Alcione no álbum Almas & corações (1983) - já funciona como uma carta das (boas) intenções do artista no mundo do samba. A ideia de alocar Mutirão de amor na abertura do CD foi de Beth Carvalho, que também amadrinha Russo ao participar de Tudo isso e muito mais (Edu Tardin e Pablo Amaral), samba que relaciona feitos de vários bambas na letra de tom saudosista. O repertório do álbum se equilibra bem entre o passado e o presente. Embora seja compositor, Russo resistiu à tentação de se lançar com disco essencialmente autoral. Sua produção própria está bem representada por sambas como o sincopado Acordei diferente (Leo Russo) e o irreverente partido alto Meu defeito (Leo Russo), ode ao vício da bebida. Contudo, a inclusão de sambas de outros compositores garantiu a coesão do repertório, formatado com diversas levadas. Amor eu tenho pra te dar (Dudu Nobre, Magarça e Claudemir) ganhou o toque rural da viola caipira de Zé Carlos. Já o samba Pão que alimenta (Edson Cortes, Binho Sá e Wantuir) foi recheado com o tempero arretado do forró enquanto O mar e a sereia (Leo Russo e Rildo Hora) se banha na cadência do samba da Bahia. De tom dolente, Quer saber (é o amor) (Fred Camalho) levanta a bandeira romântica em disco de alto astral. E a entrada em cena da nobre Velha Guarda da Portela, em Só pra chatear (Príncipe Pretinho), deixa bem claro de que lado do samba está Leo Russo neste promissor primeiro CD.

Fábio disse...

Que gato!

Marcelo Barbosa disse...

Gostaria de saber como faço para comprar o cd. TUDO que tem Elisabeth eu compro, até porque a mesma só avaliza os que têm qualidade. Porcarias sobram para as outras amadrinhar.
Alô, Leo Russo e assessoria! Respondam por favor em que loja (física ou virtual) eu encontro.
Abs e sucesso ao rapaz.