Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Mais sexual, Timberlake dilui experiência em (longa) sequência de álbum

Resenha de CD
Título: The 20 / 20 experience 2 of 2
Artista: Justin Timberlake
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2

Ao dividir o extenso repertório de seu projeto The 20 / 20 experience em dois álbuns, Justin Timberlake diluiu o poder de seu cancioneiro inédito e perdeu a chance de lançar um dos grandes discos deste ano de 2013. Apresentado em março, o primeiro (bom) volume mirou o passado da música negra norte-americana com sensual tom vintage. Nas lojas dos Estados Unidos desde 30 de setembro e já disponível no mercado brasileiro, via Sony Music, o segundo volume tem bons momentos, mas resulta mais irregular, talvez por ser CD ainda mais longo do que seu antecessor, totalizando quase 75 minutos em 12 faixas - se contabilizada a acústica e adocicada balada Pair of wings escondida após a última faixa oficial, Not a bad thing, canção mid-tempo conduzida por violões e apta a figurar no repertório da boyband 'NSync, veículo nos anos 90 para a projeção de Timberlake no universo pop. Desigual, The 20 / 20 experience 2 of 2 é mais sexual - como pode ser percebido explicitamente em Gimme what I don't Know (I want) e em Murder, faixa em que Jay-Z adiciona rap que cita Yoko Ono de forma nada lisonjeira - e flerta mais com as batidas criadas por Timbaland para o segundo (grande) álbum de Timberlake, FutureSex / LoveSounds (2006), do que com o som vintage do primeiro volume. Com levada mais matadora do que a de Murder, TKO exemplifica o diálogo deste quarto álbum de Timberlake com o CD em que o cantor e compositor norte-americano mais explicitou a inflência de Prince em sua discografia. Mesmo assim, ecos de sua realeza Michael Jackson (1958 - 2009) ressoam mais fortes ao longo deste excessivo The 20 / 20 experience 2 of 2, especialmente em True blood - faixa de nove minutos e meio que injeta na veia o sangue quente que jorrava em Thriller - e no já conhecido single Take back the night, música que evoca a atmosfera da disco music. Evidência de que o álbum peca pelo excesso, Amnesia é r & b que soa arrastado. Já Only when I walk away restaura a pegada e a energia do disco, evidenciando todo o alcance da voz de Timberlake. É quase uma grande música, se impondo sobre temas menores como Cabaret (faixa à moda de Timbaland na qual figura Drake) e Drink you away. Enfim, Justin Timberlake é artista ambicioso - e ambição é sempre bem-vinda no universo pop. Pena que, desta vez, ele tenha tropeçado na própria ambição ao lançar dois álbuns gordurosos. Se tivesse juntado as melhores músicas dos dois volumes em um único álbum e limado as piores, teria feito um discaço sem diluir o impacto de sua experiência.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Ao dividir o repertório de seu projeto The 20 / 20 experience em dois álbuns, Justin Timberlake diluiu o poder de seu cancioneiro inédito e perdeu a chance de lançar um dos grandes discos deste ano de 2013. Apresentado em março, o primeiro (bom) volume mirou o passado da música negra norte-americana com sensual tom vintage. Nas lojas dos Estados Unidos desde 30 de setembro e já disponível no mercado brasileiro, via Sony Music, o segundo volume tem bons momentos, mas resulta mais irregular, talvez por ser CD ainda mais longo do que seu antecessor, totalizando quase 75 minutos em 12 faixas - se contabilizada a acústica e adocicada balada Pair of wings escondida após a última faixa oficial, Not a bad thing, canção mid-tempo conduzida por violões e apta a figurar no repertório da boyband 'NSync, veículo nos anos 90 para a projeção de Timberlake no universo pop. Desigual, The 20 / 20 experience 2 of 2 é mais sexual - como pode ser percebido explicitamente em Gimme what I don't Know (I want) e em Murder, faixa em que Jay-Z adiciona rap que cita Yoko Ono de forma nada lisonjeira - e flerta mais com as batidas criadas por Timbaland para o segundo (grande) álbum de Timberlake, FutureSex / LoveSounds (2006), do que com o som vintage do primeiro volume. Com levada mais matadora do que a de Murder, TKO exemplifica o diálogo deste quarto álbum de Timberlake com o CD em que o cantor e compositor norte-americano mais explicitou a inflência de Prince em sua discografia. Mesmo assim, ecos de sua realeza Michael Jackson (1958 - 2009) ressoam mais fortes ao longo deste excessivo The 20 / 20 experience 2 of 2, especialmente em True blood - faixa de nove minutos e meio que injeta na veia o sangue quente que jorrava em Thriller - e no já conhecido single Take back the night, música que evoca a atmosfera da disco music. Evidência de que o álbum peca pelo excesso, Amnesia é r & b que soa arrastado. Já Only when I walk away restaura a pegada e a energia do disco, evidenciando todo o alcance da voz de Timberlake. É quase uma grande música, se impondo sobre temas menores como Cabaret (faixa à moda de Timbaland na qual figura Drake) e Drink you away. Enfim, Justin Timberlake é artista ambicioso - e ambição é sempre bem-vinda no universo pop. Pena que, desta vez, ele tenha tropeçado na própria ambição ao lançar dois álbuns gordurosos. Se tivesse juntado as melhores músicas dos dois volumes em um único álbum e limado as piores, teria feito um discaço sem diluir o impacto de sua experiência.