Mauro Ferreira no G1

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domingo, 4 de novembro de 2012

Sai de cena Carmélia Alves, a discípula de Carmen coroada 'rainha do baião'

♪ Como todas as cantoras que iniciaram carreira na primeira metade dos anos 1940, Carmélia Alves (14 de fevereiro de 1923 - 3 de novembro de 2012) começou seguindo a trilha aberta por Carmen Miranda (1909 - 1955), matriz do canto popular feminino do Brasil. Mas Carmélia Alves Curvello - carioca filha de pai cearense e mãe baiana, criada em Petropólis (RJ) - sai de cena para permanecer na história da música brasileira como a Rainha do baião. O epíteto lhe foi cunhado por ninguém menos do que Luiz Gonzaga (1912 - 1989), o rei do gênero que estilizou e que propagou no Brasil na segunda metade dos anos 1940. Gênero que foi abraçado por Carmélia, com enorme adesão popular, ao longo da década de 1950, quando o acordeom dava o tom da música brasileira até ser destronado em 1958 pelo violão e os sons urbanos da Bossa Nova. Antes de ser entronizada no auge da carreira como a Rainha do baião, Carmélia foi caloura nos anos 1930 e cantora de rádio (a Mayrink Veiga) já em 1941, ano em que também assumiu no Rio de Janeiro (RJ) o cobiçado posto de crooner do Copacabana Palace. A carreira fonográfica começa em 1943 - com o disco de  78 rotações que trazia Deixei de sofrer (Popeye do Pandeiro e Horondino Silva) e Quem dorme no ponto é chofer (Assis Valente), editado pela Victor - mas deslancha somente na extinta Continental, gravadora onde Carmélia fez, entre 1949 e 1954, as gravações do período áureo da discografia. Foi quando deu voz vivaz a músicas de compositores como Capiba (1904 - 1997), Hervê Cordovil (1914 - 1979), Humberto Teixeira (1915 - 1979) e, claro, Luiz Gonzaga - autores recorrentes nos créditos dos discos de 78 rotações lançados pela cantora na Continental e, a partir de 1955, na também já extinta Copacabana. Nos anos 1960, Carmélia se viu obrigada a aderir à onda trazida pela Bossa Nova - chegando a gravar pela Mocambo em 1964 álbum, Bossa Nova com Carmélia Alves, dedicado ao gênero - mas logo voltou aos ritmos nordestinos, pilares da obra fonográfica da artista. A partir dos anos 1970, a cantora gravou com regularidade cada vez menor. Esquecida na década de 1980, ressurge em cena - com algumas colegas de geração - no grupo As Eternas Cantoras do Rádio, com o qual fez turnês pelo Brasil e gravou discos saudosistas até se afastar por conta dos problemas de saúde que tirariam a vida e calariam a voz da cantora na noite do último sábado, 3 de novembro de 2012. Carmélia Alves sai de cena, mas permanece na história.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Como todas as cantoras que iniciaram carreira na primeira metade dos anos 40, Carmélia Alves (14 de fevereiro de 1923 - 3 de novembro de 2012) começou seguindo a trilha aberta por Carmen Miranda (1909 - 1955), matriz do canto popular feminino do Brasil. Mas Carmélia Alves Curvello - carioca filha de pai cearense e mãe baiana, criada em Petropólis (RJ) - sai de cena para permanecer na história da música brasileira como a Rainha do Baião. O epíteto lhe foi cunhado por ninguém menos do que Luiz Gonzaga (1912 - 1989), o rei do gênero que estilizou e propagou no Brasil na segunda metade dos anos 40 e que foi abraçado por Carmélia, com enorme adesão popular, ao longo da década de 50, quando o acordeom dava o tom da música brasileira até ser destronado em 1958 pelo violão e os sons urbanos da Bossa Nova. Antes de ser entronizada no auge da carreira como a Rainha do Baião, Carmélia foi caloura nos anos 30 e cantora de rádio (a Mayrink Veiga) já em 1941, ano em que também assumiu no Rio de Janeiro (RJ) o cobiçado posto de crooner do Copacabana Palace. A carreira fonográfica começa em 1943 - com o disco de 78 rotações que trazia Deixei de Sofrer (Popeye do Pandeiro e Horondino Silva) e Quem Dorme no Ponto é Chofer (Assis Valente), editado pela Victor - mas deslancha somente na extinta Continental, gravadora onde Carmélia fez, entre 1949 e 1954, as gravações do período áureo de sua carreira. Foi quando deu sua voz vivaz a músicas de compositores como Capiba (1904 - 1997), Hervê Cordovil (1914 - 1979), Humberto Teixeira (1915 - 1979) e, claro, Luiz Gonzaga - autores recorrentes nos créditos dos discos de 78 rotações lançados pela cantora na Continental e, a partir de 1955, na também já extinta Copacabana. Nos anos 60, Carmélia se viu obrigada a aderir à onda trazida pela Bossa Nova - chegando a gravar pela Mocambo em 1964 álbum, Bossa Nova com Carmélia Alves, dedicado ao gênero - mas logo voltou aos ritmos nordestinos, pilares de sua obra fonográfica. A partir dos anos 70, a cantora gravou com regularidade cada vez menor. Esquecida na década de 80, ressurge em cena - com colegas de sua geração - no grupo As Eternas Cantoras do Rádio, com o qual fez turnês pelo Brasil e gravou discos saudosistas até se retirar de cena pelos problemas de saúde que tirariam sua vida e calariam sua voz na noite de sábado, 3 de novembro de 2012.

Marcelo Barbosa disse...

Que Deus a tenha em bom lugar. Meus sentimentos à família desta grande dama da canção.

Rafael disse...

É uma pena que tão excelente cantora tenha morrido praticamente esquecida pela mídia e pelo público. Carmélia era uma das maiores e melhores cantoras desse país. Que possa descansar em paz.

Marcelo disse...

...e a cada dia que passa ficamos mais pobres... :(