Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

'Tim Maia Racional 3' vai do funk à 'disco music' com letras doutrinárias

Resenha de CD - Coleção Tim Maia
Título: Tim Maia Racional Vol. 3
Artista: Tim Maia
Gravadora: Seroma / Editora Abril
Cotação: * * * 1/2

Em 1976, Tim Maia (1942 - 1998) chegou a gravar algumas músicas para o que seria o terceiro volume do álbum Tim Maia Racional. Os dois primeiros tinha sido editados em 1975, ano em que o cantor estava imerso na Cultura Racional, base da seita Universo em Desencanto, criada pelo pseudoguru Manoel Jacinto Coelho. Só que Tim se desencantou com a seita, renegou os dois discos e abandonou o projeto do terceiro volume. Decorridos 35 anos, Tim Maia Racional 3 está sendo enfim lançado oficialmente dentro da incompleta Coleção Tim Maia, que pôs 15 títulos da discografia do Síndico à venda em bancas de jornais. Tim Maia Racional 3 é o 15º título da coleção - espécie de prêmio para quem comprou os 14 discos anteriores. Bem, o CD totaliza apenas seis músicas, sendo que cinco já circulavam na internet de forma ilegal e inacabada. As gravações ouvidas na edição oficial de Tim Maia Racional 3 foram finalizadas por músicos como Paulinho Guitarra sob a supervisão do produtor Kassin, recrutado pelos herdeiros de Tim para dar polimento aos registros originais. Racional 3 é o mais fraco dos três volumes. Ainda assim, descontadas as letras puramente doutrinárias, o disco tem valor documental e artístico. Ignorados os versos, a música é quase sempre contagiante. I Am Rational, por exemplo, é funkaço ardido em metais em brasa. Lendo o Livro é a faixa mais inusitada para a época por ser sustentada por base de disco music que daria o tom, dois anos mais tarde, do álbum Tim Maia Disco Club (1978), o do sucesso Sossego. Nação Cósmica tem suingue poderoso - e guitarras endiabradas - mas soa às vezes enfadonha porque, na música, Tim chega ao cúmulo de narrar trechos do livro da seita Universo em Desencanto. Que Legal reprocessa a música do Racional 2 com os metais que abundam em Racional 3. Já O Supermundo Racional - a rigor, o único fonograma totalmente inédito deste terceiro volume - é balada que não chega a seduzir tanto quanto a melodiosa É Preciso Ler e Reler, canção embebida em soul. Pena que Tim Maia desperdiçe seu vozeirão - então em ótima forma pelo fato de o cantor ter adotado saudável estilo de vida em sua fase mística, longe do álcool e das drogas - com letras que cansam o ouvinte com tanta pregação delirante. Racional foi tudo o que Tim não foi nos anos - esses, sim, loucos - em que se converteu à seita. Mas, pela música, vale muito correr atrás do Racional 3 se você for fã incondicional de Sebastião Rodrigues Maia.

7 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em 1976, Tim Maia (1942 - 1998) chegou a gravar algumas músicas para o que seria o terceiro volume do álbum Tim Maia Racional. Os dois primeiros tinha sido editados em 1975, ano em que o cantor estava imerso na Cultura Racional, base da seita Universo em Desencanto, criada pelo pseudoguru Manoel Jacinto Coelho. Só que Tim se desencantou com a seita, renegou os dois discos e abandonou o projeto do terceiro volume. Decorridos 35 anos, Tim Maia Racional 3 está sendo enfim lançado oficialmente dentro da incompleta Coleção Tim Maia, que pôs 15 títulos da discografia do Síndico à venda em bancas de jornais. Tim Maia Racional 3 é o 15º título da coleção - espécie de prêmio para quem comprou os 14 discos anteriores. Bem, o CD totaliza apenas seis músicas, sendo que cinco já circulavam na internet de forma ilegal e inacabada. As gravações ouvidas na edição oficial de Tim Maia Racional 3 foram finalizadas por músicos como Paulinho Guitarra sob a supervisão do produtor Kassin, recrutado pelos herdeiros de Tim para dar polimento aos registros originais. Racional 3 é o mais fraco dos três volumes. Ainda assim, descontadas as letras puramente doutrinárias, o disco tem valor documental e artístico. Ignorados os versos, a música é quase sempre contagiante. I Am Rational, por exemplo, é funkaço ardido em metais em brasa. Lendo o Livro é a faixa mais inusitada para a época por ser sustentada por base de disco music que daria o tom, dois anos mais tarde, do álbum Tim Maia Disco Club (1978), o do sucesso Sossego. Nação Cósmica tem suingue poderoso - e guitarras endiabradas - mas soa às vezes enfadonha porque, na música, Tim chega ao cúmulo de narrar trechos do livro da seita Universo em Desencanto. Que Legal reprocessa a música do Racional 2 com os metais que abundam em Racional 3. Já O Supermundo Racional - a rigor, o único fonograma totalmente inédito deste terceiro volume - é balada que não chega a seduzir tanto quanto a melodiosa É Preciso Ler e Reler, canção embebida em soul. Pena que Tim Maia desperdiçe seu vozeirão - então em ótima forma pelo fato de o cantor ter adotado saudável estilo de vida em sua fase mística, longe do álcool e das drogas - com letras que cansam o ouvinte com tanta pregação delirante. Racional foi tudo o que Tim não foi nos anos - esses, sim, loucos - em que se converteu à seita. Mas, pela música, vale muito correr atrás do Racional 3 se você for fã incondicional de Sebastião Rodrigues Maia.

André Queiroz disse...

Sinceramente acho essa fase da carreira de Tim Maia superestimada demais. Tem até bons momentos mas não chega nem perto da excelência dos 4 primeiros albuns (estes sim verdadeiras obras primas) e muito menos de vários albuns posteriores a essa fase como o excelente album de 1976 (que tem Rodésia), Disco Club (78), Reencontro(79 - infelizmente inédito em Cd) e Nuvens(82). Infelizmente no Brasil tem essa terrivel mania de mitificar determinados discos só pelo simples fato de serem rarissimos e vários não são lá essas coisas.

Abs
André Queiroz

Rudá Lemos disse...

Não entendi a referência deste 3º volume ser pior necessariamente porque é doutrinário. Os dois primeiros também eram!

Torço o nariz também para a análise de músicas por suas letras.

Mauro Ferreira disse...

Concordo com você, André. Embora haja grandes momentos na série 'Racional'.

Rudá, letras como as de 'Que Beleza' e 'Bom Senso' conseguem ser mais interessantes mesmo inseridas em contexto doutrinário.

abs, mauroF

Márcio disse...

Meu Racional II, dessa mesma coleção, veio com um defeito de fábrica que impossibilita a audição de uma das faixas. Será que a edição do Racional III também é desleixada?

Anônimo disse...

Já eu acho essa fase do mesmo nível dos 4 primeiros mais o de 76.
Pra mim o filé do Tim reside, Racionais incluído, aí.
Esse Racional III tá com toda cara de picaretecion(como diria o próprio),vou ficar com as músicas dele que já tinha baixado mesmo.
Uma a mais ou a menos não faz subir o dólar.

PS : Putzz, Baiano, tem que comprar(ou baixar) outro. O II é o melhor!

Roberto Correa disse...

As bases instrumentais usadas pelo Tim para gravar esses disco da fase Racional são ótimas. Sobre as letras. Falar o que no momento que vivemos de quero tchu, quero tcha, le le les da vida.